Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
Habitado
pelos Carmates, um grupo ismaelita pertencente à corrente xiita do Islão que se
instalou na Arábia oriental a partir do final do século IX, o arquipélago foi
conquistado em 1521 pelos portugueses que dele foram expulsos em 1602. Neste
período a expressão Bahrein passou a indicar apenas as ilhas (até então
chamadas de Awāl), enquanto a costa entre Kuwait e Qatar era chamada de
al-Hasa.
‘O ‘Reino dos dois mares’, que significa a palavra ‘Bahrein’
em árabe, é um pequeno Estado insular formado por um arquipélago de 33 ilhas na
costa leste da Arábia Saudita e ao norte da península do Catar, no Golfo. Está
dividido em quatro Governatoratos/Províncias (Capital, Muharraq, Norte e Sul),
e desde 1986 está ligado à Arábia Saudita através da King Fahd Causeway, uma
estrada de 25 km composta por pontes e barragens. Uma ligação rodoviária e
ferroviária com o Catar também está planejada no futuro.
As
ilhas que compõem o arquipélago são de origem arenosa e coralina. As mais
importantes são : Bahrein, a maior, onde se concentra a maior parte da
população e onde se encontra o ponto mais alto do país, o Jabal al-Dukhān (‘montanha
de fumaça’, em árabe), com 134 m de altura; Hawar; Umm an-Na'san; Muharraq; e
Sitra. Não há grandes rios ou lagos, mas várias fontes de água doce na parte
norte da ilha principal. O clima é desértico e árido, com verões muito quentes
e invernos amenos. A precipitação é bastante escassa e quase totalmente
limitada aos meses de inverno.
Capital
: Manama (200.000 hab.)
Área
: 678 km2 (Itália : 302.073 km2)
População
: 1.472.000 hab.
Densidade
: 2.171 habitantes/km²
Idioma
: Árabe (oficial), Inglês, Farsi, Urdu, Hindi, Tagalo e outros
Principais
etnias : Bahrein (46%), Asiáticos (46%)
Religião
: Muçulmanos (70%), Católicos ( 11%), cristãos (15%), hindus (10%)
Forma
de governo : monarquia constitucional
Unidade
monetária : Dinar do Bahrein (1 EUR = 0,37 BHD)
Filiação
a organizações internacionais : GCC, Liga Árabe, OCI, ONU, OMC
Na
antiguidade, o território do Reino do Bahrein (Mamlakat al-Baḥrayn)
foi uma importante encruzilhada de comércio entre a Mesopotâmia
e a Índia. Habitado pelos Carmates, um grupo ismaelita
pertencente à corrente xiita do Islão
que se instalou na Arábia oriental a partir do final do século IX, o
arquipélago foi conquistado em 1521 pelos portugueses que dele foram expulsos
em 1602. Neste período a expressão Bahrein passou a indicar apenas as ilhas
(até então chamadas de Awāl), enquanto a costa entre Kuwait e Qatar era chamada
de al-Hasa.
Submetida
duas vezes à Pérsia, durante os séculos XVII e XVIII, e depois a Omã (1802),
conquistou a independência em 1822 graças à família dos al-Khalifa, a atual
casa reinante da fé sunita, e com a proteção da Grã-Bretanha.
Vassalo
do Império Otomano de 1869 a 1916 e, portanto, protetorado britânico, o Bahrein
finalmente obteve a independência em 1971. Em 1975, o Emir suspendeu a
Constituição de 1973 e dissolveu a Assembleia Nacional, centralizando todos os
poderes. Em 14 de fevereiro de 2001, um referendo aprovou um projeto de reforma
constitucional apresentado pelo Emir Hamad bin Isa al-Khalifa, no poder desde
1999. A nova Constituição, promulgada em 14 de fevereiro de 2002 e revisada em
2012, transformou o emirado em uma monarquia constitucional , com um parlamento
eleito de 40 membros. Ela confere amplos poderes ao soberano, quer sobre o
Executivo, o conselho consultivo composto por 23 membros nomeados pelo rei,
quanto sobre o Judiciário e também sobre o Legislativo. O sistema jurídico é
baseado na lei islâmica, mesmo que a política religiosa da casa real tenha sido
baseada na tolerância para com outras comunidades religiosas às quais a
liberdade de culto é reconhecida.
Nos
últimos anos, Re Ḥamad também
lançou importantes reformas econômicas,
liberalizando o mercado de trabalho e diversificando a economia por meio da
promoção dos setores manufatureiro e financeiro, por meio de
concessões para empresas que decidem produzir no Bahrein. Se
os hidrocarbonetos representam o primeiro item das exportações, hoje esses dois
setores têm um peso muito maior na economia local do que outros países do
Golfo.
Outro
setor em crescimento é o turismo. Primeiro país do Golfo a criar um sistema de
educação pública, em 1919, e a permitir às mulheres estudar, em 1928, o Reino
do Bahrein tem uma taxa de alfabetização de adultos de mais de 90%. Juntamente
com essas mudanças, cresceram as demandas da sociedade de progressos na frente
das liberdades políticas e sociais, contribuindo para alimentar as tensões de
longa data entre a maioria xiita (que representa cerca de 46% da população, e a
classe dominante sunita (24 %). Na esteira das ‘Primaveras Árabes’ na Tunísia e
no Egito, estas resultaram em fortes manifestações de protesto em 2011, a
chamada ‘Revolta da Pérola’, contra a discriminação sectária e para exigir
reformas democráticas. A revolta também foi reprimida com o apoio das tropas
sauditas e dos Emirados e mobilizou os dois grupos religiosos do país, com os
manifestantes acusados pela mídia governamental de
serem manipulados pelo vizinho Irã.
Nos
anos seguintes, foram presos vários ativistas sob a acusação de terrorismo,
extremismo e violência. O país tem uma importância estratégica no equilíbrio político
da região, não somente porque está localizado no Estreito de Ormuz, por onde
passa cerca de 20% do petróleo mundial, mas há anos é um aliado muito
importante para os Estados Unidos que ali têm uma base naval. Nesse contexto,
entre outras coisas, insere-se a normalização das relações diplomáticas com
Israel, sancionada em 15 de setembro de 2020 pela assinatura dos Acordos
Abraâmicos mediados pelos Estados Unidos sob o governo Trump, ao qual também
aderiram os Emirados Árabes Unidos. A Igreja no Bahrein Como nas demais nações
muçulmanas da Península Arábica, a presença de comunidades cristãs no Bahrein é
relativamente recente e vinculada à de diplomatas, empresas e trabalhadores
estrangeiros, que chegaram ao país a partir de 1930. Originalmente eram mais
imigrantes de países do Oriente Médio, mas após o boom do petróleo, chegaram
milhares de cristãos provenientes de diferentes nações asiáticas.
Ainda
hoje, a grande maioria dos cristãos no país (equivalente a cerca de 15% da
população, 70% da qual é muçulmana) é composta por cidadãos estrangeiros que
ali residem por motivos de trabalho. Eles vêm principalmente do Iraque,
Turquia, Síria, Líbano, Egito, Palestina e Jordânia, mas também do Sri Lanka,
Índia, Filipinas e países ocidentais. Digno de nota que o Bahrein é um dos
poucos países do Golfo a ter uma população cristã local : há cerca de mil
fiéis, principalmente católicos de origem árabe, que chegaram ao Bahrein entre
1930 e 1950 e receberam a cidadania do Bahrein. Os católicos hoje são cerca de
161.000. Há também pequenas comunidades judaicas e hindus no Bahrein. Embora o
Islã seja a religião oficial e a Sharia esteja em vigor, a lei islâmica, as
comunidades cristãs e outras religiões desfrutam de liberdade de culto, ao
contrário da vizinha Arábia Saudita.
A
primeira igreja católica erguida nos tempos modernos na região do Golfo está
localizada no Bahrein : trata-se da Igreja do Sagrado Coração construída em
1939 na capital Manama, em terras cedidas pelo Emir. Data de 10 de dezembro de
2021, por outro lado, a consagração da Catedral de Nossa Senhora da Arábia, a
maior igreja católica da Península Arábica, construída no município de Awali em
um terreno de 9 mil metros quadrados doado em 2013 pelo rei Hamad bin Isa al
Khalifa. Um projeto iniciado em 2014 e fortemente desejado pelo então Vigário
Apostólico da Arábia do Norte, Dom Camillo Ballin, falecido em
2020. A abertura do soberano do Bahrein ao diálogo com outras
religiões também é confirmada pelas boas relações existentes com a Santa Sé com
a qual o Bahrein mantém relações diplomáticas desde 2000.
Nos
últimos anos, progressos significativos foram feitos nessas relações, em
particular a partir de 2014, quando o rei Hamad, em visita ao Vaticano,
apresentou ao Papa Francisco um modelo da Catedral de Nossa Senhora da Arábia e
também enviou um convite ao Pontífice para visitar o Reino. A visita foi
seguida pela do príncipe herdeiro Salman, em 2020, e pela visita em 25 de
novembro de 2021 do Sheikh Khalid bin Ahmed bin Mohammed al-Khalifa,
Conselheiro do Rei para Assuntos Diplomáticos, que entregou ao Papa a carta
oficial de convite para visitar o país.
Naquela
ocasião, por meio de seu enviado, o rei Hamad também expressou ao Pontífice sua
adesão ao Documento sobre a Fraternidade
Humana em prol da Paz Mundial e da Convivência Comum assinado pelo
Papa Francisco em 4 de fevereiro de 2019 em Abu Dhabi, por ocasião de sua visita
aos Emirados Os Árabes Unidos, juntamente com o Sheikh Ahmed al Tayyeb, Grande
Imam de al Azhar.
Neste
mesmo espírito insere-se o ‘Fórum para o Diálogo do Oriente e do Ocidente para
a Coexistência Humana’ no qual, além do Papa, o próprio Sheikh al-Tayyeb foi
convidado a participar, juntamente com outros líderes religiosos de alto nível.’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://www.vaticannews.va/pt/mundo/news/2022-11/reino-bahrein.html
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