Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
teólogo protestante
‘A
questão do Jesus histórico teve um papel muito importante na teologia cristã,
principalmente protestante, desde o século XVIII. Geralmente, essa busca é
dividida em três, sendo a 1ª busca a que compreende o período de 1748-1906; a
2ª busca, a partir de 1953 até por volta de 1970 e a 3ª de 1970 até tempos
atuais. Neste pequeno texto2, gostaria de falar um pouco sobre algumas linhas
gerais da 2ª busca, que ficou conhecida como New Quest.
Ao
longo de toda a New Quest, alguns pontos podem ser destacados como síntese
desse período de busca. Em primeiro lugar, a tentativa de reaproximar o
querigma do histórico. A Old Quest (1ª busca do Jesus histórico) teve um
caráter totalmente científico, buscando descobrir o Jesus histórico até o ponto
em que não conseguiu mais sair, tendo que assumir que não era possível
recuperar a personagem histórica que procurava.
Com
a teologia dialética e mais tarde a teoria bultmanniana foi dada extrema
importância ao querigma, como se a questão histórica de Jesus não fosse tão
importante para o cristianismo. Afinal, para que saber sobre o Jesus histórico,
se o que nos salva é o crer e compreender a palavra de Deus que vem ao nosso
encontro através do Cristo do querigma? Ironicamente, os que contrapõem a ideia
bultmanniana são os discípulos dele. Käsemann e outros alunos de Bultmann
iniciam a construção dessa ponte entre a primeira busca e a escola
bultmanniana.
Para
esses teólogos da New Quest, não era possível conceber um Cristo que fosse
somente uma ideia, um ideal de homem que havia sido construído por quem andou
com certo judeu da Galileia. Assim, sustentavam a tese que o querigma não se
sustentava sozinho, antes, que era fruto das interpretações daqueles que haviam
ouvido e visto os ditos e atos de Jesus. A essa cristologia que surge deu-se o
nome de cristologia implícita. Segundo Bueno de la Fuente, há indícios para
falar de um cristologia implícita nos tempos pré-pascais, tais como a
vinculação do Reino com o ministério de Jesus, a sua relação com o Pai, a
autoridade que emana de sua atuação (BUENO DE LA FUENTE, 2002, p.62).
Os
expoentes da segunda busca tinham em mente que, no discurso de Jesus,
percebiam-se traços que não faziam parte do judaísmo antigo, nem do
cristianismo primitivo e, por esse motivo deveriam ser considerados como dignos
de confiança para um historiador honesto, bem como que, em Jesus se percebe
como que o geminar da fé que haveria de estar presente naqueles que aceitariam
o querigma, primeiramente.
A
segunda busca do Jesus histórico não deve nunca ser vista como um momento
isolado dentro da temática acerca do Jesus histórico. Ela nasce como uma reação
às teses de Rudolf Bultmann que tentava desvencilhar a personagem histórica
daquilo que se seguiu a ela. A segunda busca colocava, então, essa personagem
histórica como o fundamento do anúncio do Evangelho, uma vez que esse anúncio
tem como base a própria vida de Jesus. Assim, segundo os diversos autores da
segunda busca, pensar em um Cristo sem história, seria algo descabido para uma
fé que busca dar razões de sua esperança.
A
segunda busca do Jesus histórico se mostra, então, como momento de conciliação
entre uma preocupação historiográfica e biográfica, típica da primeira busca do
Jesus histórico, ocorrida nos séculos XVIII a XX, e o anúncio do Cristo da fé,
fruto da experiência cristã dos primeiros discípulos, que se baseia em um ser
histórico, que foi Jesus de Nazaré, o que mostra a grande contribuição que esta
segunda busca trouxe para a teologia sistemática atual, no que tange à temática
do Jesus histórico e do Cristo da fé.’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://domtotal.com/noticia/1578597/2022/05/a-2-busca-do-jesus-historico-uma-pequena-introducao/
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