Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo da Associated Press
Tradução : Ramón Lara
‘O
Papa Francisco criticou neste sábado os católicos que, seguindo versões antigas
da liturgia como a missa em latim, fizeram um campo de batalha ideológico da
questão, condenando o que ele descreveu como uma divisão inspirada pelo diabo
na Igreja.
Francisco
pressionou a batalha de seu papado contra os tradicionalistas, cujos membros
proeminentes incluem alguns cardeais ultraconservadores. Os prelados
conservadores resistiram às restrições, impostas no ano passado pelo Vaticano,
às celebrações da antiga missa em latim na Basílica de São Pedro e, de forma
mais geral, durante anos depreciaram as reformas modernizadoras do Concílio
Vaticano II na década de 1960.
Falando
no Vaticano para instrutores e alunos do Pontifício Instituto Litúrgico,
Francisco disse que não é possível adorar a Deus usando a liturgia como um ‘campo
de batalha’ para questões não essenciais que dividem a Igreja.
Francisco
deixou claro que prefere a missa celebrada nos idiomas locais, com o padre de
frente para a congregação, em vez de ficar de costas para os bancos. Era assim
que a missa era celebrada antes das reformas revolucionárias do Concílio
Vaticano, há mais de meio século, que visavam fazer com que os católicos comuns
se sentissem mais conectados às celebrações litúrgicas.
‘Sublinho
novamente que a vida litúrgica e o estudo dela devem levar a uma maior unidade
eclesial, não à divisão’, disse o Papa aos participantes do instituto. ‘Quando
a vida litúrgica é uma espécie de bandeira de divisão, sentimos o cheiro do
diabo dentro, do enganador.’
‘Não
é possível dar culto a Deus e ao mesmo tempo fazer da liturgia um campo de
batalha para questões que não são essenciais’, acrescentou Francisco.
No
ano passado, dois cardeais proeminentes questionaram a legitimidade de um
decreto do Vaticano que impõe restrições à celebração da antiga missa em latim
na Basílica de São Pedro e proíbe missas privadas em suas capelas laterais.
Esses
tradicionalistas expressaram abertamente sua hostilidade a Francisco. O chefe
aposentado do escritório de ortodoxia doutrinária do Vaticano, o cardeal alemão
Gerhard Mueller, afirmou que ninguém era obrigado a obedecer a esse decreto. O
cardeal norte-americano Raymond Burke, que recebeu uma censura de Francisco no
início de seu papado quando ia assumir um posto do Vaticano, pediu que o
decreto fosse descartado.
Francisco
disse à sua audiência no sábado que ‘toda reforma cria alguma resistência’.
Lembrou que, quando era jovem, o Papa Pio XII permitia que os fiéis bebessem
água antes de receber a Comunhão e isso escandalizou os adversários.
Uma
indignação semelhante seguiu-se a reformas posteriores, permitindo que os
católicos cumprissem sua obrigação semanal de missa participando de um culto
noturno em vez de nas manhãs de domingo.
Francisco
também criticou o que chamou de ‘mentalidades fechadas’ que exploram a
liturgia.
‘Este
é o drama que estamos vivendo, em grupos eclesiais que estão se afastando da
Igreja, colocando em questão a autoridade dos bispos e da Igreja’, disse.
Em
2016, um grupo católico tradicionalista dissidente, a Fraternidade São Pio X,
acusou Francisco de semear confusão e erros sobre a fé, juntando-se a um coro
de críticas conservadoras sobre o que consideravam a doutrina frouxa do
pontífice.
Em
1969, o falecido arcebispo Marcel Lefebvre fundou a sociedade, opondo-se às
reformas modernizadoras da Igreja da década de 1960. Em um dos capítulos mais
espetaculares do longo duelo do Vaticano com os tradicionalistas, ele e outros
quatro bispos foram posteriormente excomungados pelo Vaticano depois que o arcebispo
os consagrou sem o consentimento papal.’
Fonte : *Artigo na íntegra
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