Por Eliana
Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo
de Marzena Wilkanowicz-Devoud
‘Muitos
sociólogos estão estudando o fenômeno da ‘aceleração do tempo’, uma
experiência importante em nossa sociedade que, muitas vezes, causa um
sentimento de asfixia. O bombardeio constante de todos os tipos de demandas e o
‘excesso de tudo’, na verdade, revelam uma lacuna real a ser preenchida.
Se nos envolvermos na espiral diária de responder cada vez mais às coisas que
consideramos urgentes (mas que são supérfluas e superficiais) perderemos de
vista a essência da nossa vida.
Faça tudo com
moderação
São
Bento, o pai da vida monástica no Ocidente, viveu uma Regra que pode ser
adaptada à nossa maneira atual de viver. Quinze séculos depois, a sabedoria de
São Bento permanece surpreendentemente relevante. Entre seus preceitos, há um
conselho surpreendentemente simples de como manter o foco no essencial.
D.
Xavier Oerrin, abade na Inglaterra, explica que, em relação a todas as coisas, ‘o
homem precisa de medidas. Ele deve encontrar constantemente um equilíbrio entre
excesso e falta’.
São
Bento ressalta que somos tentados a seguir apenas uma direção, quando a vida
exige um equilíbrio constante de esforços e atividades. Paradoxalmente, podemos
até errar ao rezarmos demais, jejuarmos demais ou trabalharmos até a exaustão.
Esta
é a razão para este conselho que São Bento transmitiu aos monges : é preciso
sempre praticar o equilíbrio entre duas coisas contrárias para permanecer
atento ao essencial. No caso dos monges beneditinos, isso significa equilibrar
oração e trabalho, silêncio e canto, solidão e vida comum.
Mas
como fazer tudo com moderação? São Bento diz que a medida certa não deve ser
muito alta (como imitar certos feitos dos Padres do Deserto), nem muito baixa
(como o modo de vida com o qual o monasticismo decadente de seu tempo era
facilmente satisfeito).
Obviamente,
o foco de cada dia, para os monges, é aproximar-se de Deus através da oração.
Tudo está organizado em torno dessa prioridade, que leva ao essencial. Se
definir prioridades na vida nem sempre é a coisa mais difícil, no entanto,
respeitá-las e nos organizar adequadamente é um verdadeiro desafio.
Todos
os distúrbios e exigências imprevistas da vida cotidiana dão poder à ditadura
do urgente, de ter e fazer. É difícil imaginar não reagir ao e-mail de um
cliente importante, por exemplo. Mas, às vezes, tirar um tempo para pensar na
resposta pode torná-la muito mais criativa – e, portanto, mais eficaz! Segundo
os monges beneditinos, quanto mais importante é a coisa, menos devemos nos
apressar com ela.
Embora
São Bento estivesse escrevendo para monges, os mesmos princípios se aplicam a
todos nós. Como seus monges, nosso objetivo é nos aproximarmos de Deus e
amarmos nosso próximo, embora com atividades mais variadas e públicas do que os
beneditinos em uma abadia.
O
trabalho é importante, mas igualmente importante é passar tempo com a família e
reservar tempo para oração e lembrança. Manter-se atualizado sobre notícias e
entretenimento só será a ‘medida certa’ se também nos dermos um tempo
para refletir sobre o que vimos, lemos e ouvimos, mantendo o que é bom,
verdadeiro e bonito, enquanto rejeitamos aquilo que poderia nos desviar.
Evitar
os extremos nos mantém literalmente ‘centralizados’. Isso nos ajuda a
lembrar não apenas de ‘fazer’ ou ‘ter’, mas acima de tudo, de ‘ser’.
Lembremos dessa sabedoria de São Bento em meio à perturbação de nossas
vidas causada pela pandemia de coronavírus. Tomemos esse princípio como parte
orientadora do nosso ‘novo normal’.’
Fonte : *Artigo na íntegra https://pt.aleteia.org/2020/07/30/um-conselho-de-sao-bento-para-te-ajudar-a-focar-no-essencial/
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