Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo do Professor Felipe Aquino
‘Veio
o Senhor pôs-se junto dele e chamou-o como das outras vezes : Samuel! Samuel!
Falai, respondeu o menino; vosso servo escuta!’ (1 Samuel 3,10).
‘A
Igreja viu nesta passagem bíblica, em que Deus chama por três vezes o menino
Samuel, e faz dele um profeta, a imagem do chamado de uma pessoa à vida
consagrada. Aquele que deve servir a Deus radicalmente, apartado do meio do
povo, sem viver uma profissão secular, mas inteiro dedicado ao Reino de Deus. É
Deus mesmo quem chama o consagrado, pondo no coração dele esse desejo, e
dotando-o de dons adequados, como o celibato, no caso dos sacerdotes, freiras,
monges e monjas.
O
nosso Catecismo afirma que : ‘A vida religiosa faz parte do mistério da
Igreja. É um dom que a Igreja recebe de seu Senhor e que oferece como um estado
de vida permanente ao fiel chamado por Deus na profissão dos conselhos’
(n.926).
São
chamados a viver os conselhos evangélicos (pobreza, obediência e castidade). A
profissão desses conselhos em um estado de vida estável reconhecido pela Igreja
caracteriza a ‘vida consagrada’ a Deus (Cat. n.915). Esses são chamados,
sob a moção do Espírito Santo, a seguir a Cristo mais de perto, doar-se a Deus
amado acima de tudo e, procurando alcançar a perfeição da caridade a serviço do
Reino, anunciando a glória do mundo futuro.
A
vida consagrada acontece desde os primórdios da Igreja. Muitos, por inspiração
do Espírito Santo, passaram a vida na solidão ou fundaram famílias religiosas,
que a Igreja, de boa vontade, recebeu e aprovou. Embora nem sempre professem
publicamente os três conselhos evangélicos, os eremitas, vivem o silêncio da solidão,
em constante oração e penitência, consagrando a vida ao louvor de Deus e à
salvação do mundo. É uma vida de intimidade com Cristo.
Desde
os tempos dos Apóstolos virgens e viúvas cristãs tomaram a decisão de viver no
estado de virgindade ou de castidade perpétua ‘por causa do Reino dos Céus’.
São aqueles que Jesus disse que se fizeram eunucos por amor do Reino (Mt
19,12).
O ‘Instituto
secular’ é um instituto de vida consagrada no qual os fiéis, vivendo no
mundo, tendem à perfeição da caridade e procuram cooperar para a santificação
do mundo.
As ‘Sociedades
de vida apostólica, cujos membros, sem os votos religiosos, buscam a finalidade
apostólica própria de sua sociedade e, levando vida fraterna em comum, segundo
o próprio modo de vida, tendem à perfeição da caridade pela observância das
constituições. Entre elas há sociedades cujos membros assumem os conselhos
evangélicos’.
Os
que professam os conselhos evangélicos têm por missão viver sua consagração e
se entregar, de maneira especial, à ação missionária no modo próprio de seu
instituto.
A
vida consagrada é um sinal especial do mistério da redenção; uma vida seguindo
e imitando a Cristo mais de perto, manifestando claramente seu aniquilamento, e
estando mais presente às pessoas. O consagrado é alguém que dá testemunho de
que o mundo pode ser transfigurado e oferecido a Deus com o espírito das
bem-aventuranças.
O
consagrado a Deus precisa, sobretudo, de viver intensamente uma vida de oração,
rezando a Liturgia das Horas, participando dos Sacramentos, meditando
diariamente a Palavra de Deus e bons livros, vivendo as virtudes opostas aos
pecados capitais. Além disso, deve obediência a Igreja e a seus superiores.
O
consagrado é alguém que abdicou de sua vida, de sua vontade própria, para
entregar-se totalmente a Deus. É alguém que, mais que os leigos, aceitou ‘perder
a vida para ganhá-la’. Aceitou ‘renunciar-se a si mesmo e tomar a cruz a
cada dia e seguir ao Senhor’ (Lc 9,16). Não se pode ser ‘meio consagrado’;
ou se entrega a Deus totalmente, ou então se cansará de sua opção. É melhor
viver como leigo do que ser mal consagrado. Além do que, o contra testemunho de
um consagrado pesa muito mais que de um leigo, embora ambos sejam muito
negativos.’
Fonte : *Artigo na íntegra https://pt.aleteia.org/2020/08/21/o-que-e-vida-consagrada/
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