segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Sinais de vida e esperança

 Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)        

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*Artigo da Irmã Flor de Maria Decelis,

Missionária Comboniana 

Uma comunidade internacional de missionárias combonianas desenvolve na Zâmbia iniciativas de evangelização e promoção humana integral, projetos que permitem às pessoas desenvolver as suas capacidades e sonhar com uma vida melhor.


‘A nossa comunidade de combonianas de Mongu, na Zâmbia, é constituída por seis missionárias de quatro nacionalidades : Omaira (Colômbia), Anns (Índia), Evette (EUA) e três mexicanas (Maru, Sonia e Flor de Maria).

Na missão temos muitas tarefas e responsabilidades no campo social e pastoral. Participamos na pastoral catequética, acompanhamos os jovens da diocese e da paróquia, na pastoral da saúde e da mulher na paróquia de Santa Ágata. Também colaboramos com as iniciativas de espiritualidade e cuidado da criação no âmbito local e nacional.

Além disso, cooperamos num projeto de promoção social chamado «Mãe Terra», que se iniciou há uns anos e visa apoiar os agricultores desta região na produção de moringa, uma planta medicinal. O processo para conseguir a certificação sanitária que lhes permitisse processar, embalar e vender o pó de moringa desenvolveu-se muito lentamente e não foi fácil. São muitos os requisitos exigidos e os custos econômicos são elevados, com muitas taxas para pagar. Mas, finalmente, há algumas semanas, obtiveram a autorização oficial que permite à associação comercializar o produto no país e no estrangeiro.

Neste projeto do pó de moringa participam os agricultores associados, que recebem constantemente capacitação em agricultura, nutrição e administração. 

Outro desafio que se procura superar relaciona-se com a situação de seca, tão comum nestas regiões, que provoca colheitas muito fracas e escassas. Assim, procura-se apoiar os agricultores, ajudando-os a conseguir os adubos a baixo preço e bombas de água para regar as árvores, mas ainda falta que o apoio chegue aos lugares mais distantes.

Promoção integral da mulher

Eu participo nos projetos de promoção da mulher na paróquia de Santa Ágata. Com a ajuda de amigos e benfeitores, pudemos construir um pequeno centro. No local iniciaram-se pequenos cursos básicos de corte e costura, informática, etc. Também não faltam os cursos em que se ensina a ler e escrever na sua língua local e inglês, o idioma oficial. São as mulheres as responsáveis na organização dessas capacitações. As senhoras mais preparadas partilham os seus conhecimentos com as outras mulheres, que não tiveram as mesmas possibilidades de desenvolvimento técnico-profissional. Assim, muitas mulheres, com os conhecimentos adquiridos podem dar uma reviravolta às suas vidas e pensar num futuro melhor para elas e as suas famílias.

No centro promovem-se também outras iniciativas que ajudam no crescimento humano, espiritual e económico das mulheres. Por exemplo, organizam-se cursos em que se instrui como preparar a terra para o cultivo de árvores e plantas ou como fazer carvão fabricado em casa com materiais recicláveis. Também se fomenta a participação em campanhas de conscientização ecológica e de saúde.

Testemunhas de Jesus

Há onze anos, quando cheguei a Mongu, era uma povoação pequena. Agora está a desenvolver-se graças à Igreja e a outras entidades que estão aqui presentes.

As comunidades cristãs são entusiastas e, desde as propostas do Evangelho, procuram responder a esta realidade concreta, cheia de desafios. No final do ano passado constituiu-se na nossa paróquia um novo conselho pastoral e estabeleceram-se novos objetivos, projetos e sonhos para as comunidades eclesiais e os grupos laicais.  

 Mas também há outros sinais de esperança na missão. Um dia, ao visitar uma comunidade numa zona rural, conheci a Astrid. Ela acompanhava com amor e espírito de liderança um grupo de mulheres. Mas no seu coração carregava uma grande dor : o seu marido bebia demasiado. No entanto, ela educou todos os filhos, dando-lhes a possibilidade de irem à escola. Um dia, o Senhor chamou-a para o seu seio e, surpreendentemente, o marido mudou e deixou de beber álcool. Tempos depois, ao visitar a comunidade cristã com outras companheiras, ele apresentou-nos um grupo de 40 crianças de diversas idades, para as quais tinha iniciado uma pré-escola. Ajudava também os que, por diferentes motivos, tinham abandonado o ensino a que regularizassem a sua situação e regressassem à escola. Um dos seus filhos tinha-se juntado ao projeto e animava as crianças a estudar e aprender.

Na missão testemunhamos a fé em Jesus e experimentamos, igualmente, a alegria de conviver com as pessoas, partilhar as suas dores e fracassos e colaborar na construção de um futuro melhor para todos.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra https://www.combonianos.pt/alem-mar/actualidade/6/355/sinais-de-vida-e-esperanca/

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