*Artigo
de Aleteia Brasil
‘Por
ocasião do último dia de finados, a agência católica
portuguesa Ecclesia publicou uma reportagem sobre
a Irmandade de São
Roque e da Misericórdia de Lisboa, que deu sepultura, na capital de
Portugal, a 128 homens, mulheres e crianças cujos corpos não tinham sido
reclamados por ninguém.
A
professora e consultora Ana Cristina Frias resolveu, há quatro anos, ser
voluntária nesta obra de misericórdia desenvolvida pela irmandade, após
participar de uma celebração eucarística pelas almas de pessoas
que haviam morrido no abandono. Ela comenta :
‘Não fazemos julgamento. Para os voluntários é uma honra fazer este
acompanhamento espiritual e participar na oração feita pelo sacerdote. Achei
que era algo que poderia fazer e me sentiria honrada. Não importa o passado e o
contexto da pessoa. Precisamos saber o nome dela pela sua dignidade e porque
faz parte da tarefa da irmandade garantir que os rituais sejam seguidos
devidamente para conferir essa dignidade, mas é irrelevante o que a pessoa
fazia, onde estava, se morreu na rua ou em que circunstâncias faleceu’.
Cerca
de 30 voluntários encomendam simbolicamente a Deus a alma das pessoas
abandonadas e de cujos funerais participam. Ana Cristina prossegue :
‘Alguns cristãos podem não sentir-se vocacionados para esse tipo de
voluntariado porque, no geral, as pessoas fogem da morte, dos funerais… Só ir a
um cemitério ou funeral causa desconforto. É uma realidade para muitos cristãos
também. Ultrapassado este ponto, todos o podem fazer’.
Quando
um corpo fica mais de 30 dias sem ser reclamado por ninguém, a agência
funerária contata a Irmandade de São Roque e da Misericórdia de Lisboa para
informar a data e a hora do funeral, em um dos quatro cemitérios da cidade, e
pede um voluntário para o acompanhamento. Sempre participa da cerimônia um
sacerdote ou ministro de exéquias e um voluntário.
Os
custos dos sepultamentos são assumidos pela Santa Casa da Misericórdia e pela
funerária. As dificuldades financeiras, aliás, estão entre as causas de não se
reclamar um corpo : há casos de parentes que simplesmente não têm recursos para
bancar o enterro de um familiar com quem não mantinham relacionamento próximo.
Ana Cristina Frias comenta que este cenário é mais usual em cidades grandes,
pois nas menores há mais laços de vizinhança e de relação.
Por
fim, a voluntária fala dos tristes e tocantes casos em que os corpos à
espera de uma sepultura digna são de crianças :
‘Acontece de termos a cerimônia com nascidos mortos e com crianças
também. É mais raro, mas acontece’.
Dar
sepultura aos mortos é uma das sete obras de misericórdia corporais.’
Fonte
:
* Artigo na íntegra https://pt.aleteia.org/2019/11/05/a-honra-de-acompanhar-o-funeral-de-quem-nao-tem-ninguem/
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