‘A
Irmã Joana Sofia Carneiro é originária da paróquia da Póvoa de Santo Adrião e
Olival de Basto (Lisboa). Nasceu no seio de uma família católica e desde sempre
esteve envolvida nas diversas atividades paroquiais. Durante os anos de estudo
começou a crescer nela o desejo de ser médica. «O gosto pelo estudo e
sobretudo pela arquitetura do organismo humano motivaram a que me empenhasse
para alcançar este objetivo. E, nesse momento, quando consegui entrar na
Faculdade de Medicina, pensei que tinha alcançado o que Deus queria para mim e
considerei a medicina como a minha vocação primordial. Contudo, Deus sonha
sempre mais alto para cada um de nós e desejava, para mim, algo mais belo, mais
radical, mais abundante», refere a missionária comboniana.
Caminho missionário
Quando
ainda estudava na universidade, a irmã Joana conheceu as Missionárias
Combonianas. «O que me cativou mais foi a profunda alegria que transmitiam
quando falavam da sua vida partilhada com os mais pobres. Se, ao princípio,
esta vocação missionária me pareceu longínqua e inalcançável, a presença destas
irmãs fez-me questionar muito a coerência com que vivia a minha fé cristã.»
«Após
anos intensos de procura, senti que Deus me chamava a comprometer-me mais
seriamente com o meu projeto vocacional. E assim, sentindo fortemente o
chamamento a ser missionária comboniana, uma vez terminado o curso de Medicina,
comecei as etapas de formação religiosa», refere a irmã.
Convencida
da sua decisão, a irmã Joana viajou para Granada, Espanha, para ingressar no
Postulantado – a primeira etapa de formação para a vida consagrada e de contato
com a forma de vida orante, comunitária e apostólica de uma missionária
comboniana. Em seguida, para fazer o Noviciado, teve de deixar o continente que
a viu nascer e partir para o Equador, na América do Sul. Transcorridos dois
anos, fez a sua consagração religiosa e viajou para a Escócia para melhorar o
inglês e, posteriormente, para a Jordânia, para aprender a língua árabe. Nesse
país fez uma «bela experiência de encontro com a realidade dos refugiados e
migrantes que lá se encontram, fruto das inúmeras guerras que ainda se travam
na região que é considerada Terra Santa pelas três principais religiões
mundiais : Judaísmo, Islamismo e Cristianismo».
Depois
do tempo dedicado ao aperfeiçoamento da língua árabe, a irmã Joana viajou para
o Sudão do Sul.
Sinais da Ressurreição
A
irmã Joana encontra-se há pouco mais de um ano em Wau, uma pequena cidade do
Sudão do Sul. O seu principal apostolado é o serviço alegre e dedicado no campo
da saúde. De facto, as Irmãs Missionárias Combonianas são responsáveis pela
administração de dois hospitais diocesanos – Nzara, próximo de Yambio, e Wau.
O
Sudão do Sul, o país mais jovem do mundo, tem atravessado momentos de grande
tensão por causa dos conflitos tribais e devido a todos aqueles que,
aproveitando-se da situação, levam as riquezas do país, nomeadamente as
petrolíferas, abandonando-o às lutas internas com graves consequências para
todo o povo.
«Os
que mais sofrem são sempre as crianças e as mulheres. Como gostaria que vissem
os seus rostos! Cada pessoa precisa de ser acompanhada com muito cuidado e
amor, na esperança que um dia possamos dar melhores notícias deste país,
infelizmente sempre associado às guerras, aos conflitos, às tensões, aos
refugiados e aos mortos», comenta a irmã Joana.
No
desempenho do seu labor quotidiano a irmã lembra a atitude do Papa Francisco,
que nos «deu o mesmo poderoso e interpelante exemplo de Jesus ao beijar os
pés do presidente do Sudão do Sul e de outros membros da oposição : aqueles que
têm autoridade devem servir, ao ponto de lavar e beijar os pés dos mais pobres,
dos mais pequenos, pelo simples fato de serem nossos irmãos e irmãs». É
esse exemplo, refere a religiosa, «que me sinto chamada a imitar em cada dia
tratando cada pessoa que chega ao nosso hospital, necessitada de todo o gênero
de cuidados».
As
condições em que a missionária trabalha são precárias e, por isso, «enfrenta-se
com grande dificuldade em oferecer as condições para um melhor serviço médico».
No entanto, «com a ajuda de Deus vamos caminhando, dia após dia, procurando
aliviar o sofrimento permanecendo junto da Cruz como Maria, a Mãe de Jesus. Por
isso – sublinha a irmã Joana –, os pequenos sinais de
ressurreição são muito importantes. O mistério da fé que celebramos todos os
dias é um convite a prestar atenção aos pequenos sinais de vida, pois são os
pequenos e sutis sinais que apontam para a possibilidade da Vida nova».’
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