Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo
de Vanderlei de Lima,
eremita na Diocese de Amparo
‘Há,
em nossos dias como também já houve em outros momentos da história, duas ideias
divergentes : ‘Só Deus basta, a religião não importa’ ou, em contrário, ‘Ter
uma religião basta, não importa como Deus é por ela entendido’. Este artigo
pretende, de modo breve, mas esclarecedor, abordar a temática em foco.
No
que toca a Deus, três grandes correntes buscam apresentá-Lo de formas diversas :
o politeísmo, o panteísmo e o monoteísmo. As duas primeiras escolas são, de
início, descartáveis, e a terceira aceita tanto pela razão quanto pela fé
esclarecida.
Sim,
o politeísmo, como o próprio nome diz, supõe
vários deuses. É uma forma antiga e arcaica de religião ligada à mitologia,
pois a própria razão sem a fé nos ensina ser impossível a existência de dois
deuses todo-poderosos, ambos se anulariam e nenhum dos dois seria Deus. O panteísmo ensina que tudo (pan) é Deus (Theos),
ou seja, as criaturas racionais e irracionais são partes do Criador. Também essa
forma de conceber a Deus não resiste à sã razão. O Senhor é, por definição
filosófica, perfeito, absoluto e eterno, ao passo que as criaturas são
imperfeitas, temporais (têm começo e fim) e relativas.
Resta,
pois, o monoteísmo : há um só Deus distinto de suas
criaturas, conforme atestam as descobertas feitas entre povos
primitivos e a revelação divina ao patriarca Abraão, no século
19 a. C. Ora, são três as religiões monoteístas da humanidade: o Judaísmo,
que ainda vive a expectativa do Messias, que já veio. Daí o Cristianismo.
E, por fim, o Islamismo que junta elementos judaicos e
cristãos com artigos de fé de antigas religiões árabes. Desse modo, nos toca,
por coerência, escolher o Cristianismo.
Ele
tem, no entanto, vários segmentos (católico romano, católicos ortodoxos,
protestantes…), mas a Igreja que, de modo ininterrupto, vem de Cristo até nós é
a Católica Apostólica Romana : o Senhor Jesus fundou-a e confiou-a a Pedro – o
primeiro Papa – e aos seus sucessores, chamando-a de ‘minha Igreja’ (cf.
Mt 28,20).
Dito
isso, resta-nos examinar o termo religião. Ele se prende ao verbo
latino religo, religare e trata da ligação do ser humano com
Deus, por meio de três principais elementos : um Credo, um Culto sagrado e um
Código de Ética.
O Credo reúne as verdades da nossa fé,
de modo a nos oferecer uma visão global de Deus, do mundo e do ser humano. O
que cremos não é mero fruto de estudos pessoais ou acadêmicos, mas, sim, da
Revelação divina. Creio porque Deus revelou e provou – com a coerência da
mensagem, o cumprimento das profecias e a realização de milagres ser verdade (e
não ilusão sem credenciais ou crendice) – o que professamos.
O Culto sagrado leva o homem e a mulher a se
exprimirem, de modo filialmente dependente, diante de Deus por meio da oração
pessoal ou comunitária. Ela, embora brote sempre do mais íntimo do ser humano,
exprime-se também no físico (ajoelhar, erguer os braços, inclinar a cabeça
etc.) e no social (em local apropriado, geralmente em um templo, com trajes
típicos etc.).
A Ética que inspira o comportamento
humano à luz do Evangelho, por isso existe uma disciplina chamada Teologia
Moral. São os costumes humanos vistos à luz de Cristo Jesus em Seu Evangelho.
Além da Tradição Oral, transmitida ao longo dos séculos e da Tradição Escrita
(a Bíblia), interpretadas pelo Magistério da Igreja, temos também a Lei natural
moral (presente como a marca do Criador na criatura em toda consciência sadia).
A Igreja é guardiã dessa Lei que muito ajuda a guiar o comportamento humano em
geral.
Opõe-se
à sua fé ou dá forte contra testemunho aquele que se diz católico, porém
contesta a Igreja com ideias mais ou menos assim : sou católico, mas…
defendo o aborto; sou católico, mas… penso que a Igreja não deve
falar em ética na política; sou católico, mas… não vou à Missa; sou
católico, mas… não me confesso; sou católico, mas… Dito
isso, resta-nos questionar : como alguém pode se dizer católico e opor tantas
objeções à Igreja?
O
fiel sente com a Igreja, em todas as áreas de sua vida e não em oposição a Ela,
por isso não é fácil ser verdadeiro católico nos nossos tempos
relativistas nos quais se deseja que a verdade adapte-se ao homem, não o
contrário.’
Fonte
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