Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo
de Marta Arrais,
cronista
‘Parece-me que a leveza está, como tantas outras coisas, em vias de
extinção. Falta-nos a capacidade de deixar cair o que nos pesa. O que nos deixa
de sobrolho franzido e o que nos faz engelhar a testa. Temos a tendência para
ir procurar a pior versão de cada um, de cada acontecimento, de cada dia.
Falta-nos
a leveza de não querer saber para onde vamos a seguir. Falta-nos a humildade do
sorriso que não tem medo do que pode estar guardado atrás desta ou daquela
porta. Falta-nos a coragem para não estar à defesa e para não estar,
permanentemente, em estado de guerra eminente.
Parece-me
que a leveza está magra de não se usar. Estamos todos gordos de pessimismo, de
corrupção, de maledicência e de notícias tenebrosas. Deixamos a leveza de lado
e esquecemo-nos de lhe dar de comer e de beber. Fomos, e somos, cada vez mais
ingratos. Pedimos que os dias sejam mais leves, mas damos-lhes o peso da última
vez. Pedimos que as pessoas sejam brandas, mas não abrandamos na forma como
teimamos em passar por cima seja de quem for. Pedimos que seja Verão, mas há
lama de chuvas antigas a fazer-nos envelhecer por dentro.
Falta-nos
ser leves. Leves como quem quer ser feito de voos e não de aterragens.
Leves
como quem é feito de nuvens brancas que nunca ficam.
Leves
como quem se deixa atravessar pela brisa que o mar quer trazer.
Leves
como a espuma que fica depois das ondas.
Leves
como quem não tem medo do que já passou, do que há e do que há-de vir.’
Fonte
:
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