‘Em
7 de julho de 1980, quando o papa João Paulo II visitava o Brasil pela primeira
vez, ele celebrava uma missa campal em Salvador e chamou Irmã Dulce para o
altar. O papa a abençoou, deu a ela um terço e disse : ‘Continue, Irmã
Dulce, continue’. Então com 66 anos, a freira baiana já apresentava a saúde
debilitada.
Suas
obras continuaram. Persistente - para muitos, teimosa -, hábil em aproveitar as
oportunidades e obstinada, a freira soube manter boas relações com políticos e
empresários para que seus trabalhos assistenciais ampliassem. Em outubro de
1991, durante nova visita ao Brasil, João Paulo II foi visitar a freira no
Convento Santo Antônio, onde estava acamada - morreria em 13 de março de 1992.
‘Sua
história de vida conquistou minha devoção pessoal’, declarou o historiador
e teólogo italiano Paolo Vilotta, postulador da causa da religiosa brasileira
no Vaticano. O processo de canonização não demorou. ‘Houve um trabalho
sempre contínuo, garantindo o belo resultado em pouco tempo’, avalia o
padre Roberto Lopes, delegado Arquiepiscopal da Causa dos Santos do Rio de
Janeiro e atualmente trabalhando em Roma. ‘O testemunho de Irmã Dulce e seu
legado são visíveis. O número de pessoas carentes atendidas no ambulatório é
admirado por todos.’
Em
14 de maio, papa Francisco anunciou que Irmã Dulce seria canonizada : Santa
Dulce dos Pobres será oficializada, então, a 37ª santa brasileira. Depois
disso, o número de visitantes do memorial dedicado a ela, em Salvador, saltou.
São 15 mil pessoas por mês que vão até lá. ‘A partir da sua canonização será
mais fácil explicar a todos que a santidade não é um privilégio de poucos ou de
pessoas especiais, mas está ao alcance de todos - e é obrigação de todos buscar
a santidade’, disse o arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, dom Murilo
Krieger.
O
maior milagre de Irmã Dulce tem muito mais de árduo trabalho humano do que de
forças divinas. Em 1959, a freira fundou uma instituição filantrópica em
Salvador. A Osid tem hoje 17 núcleos com uma gama de serviços gratuitos que vão
de escola de ensino integral a hospital com tratamento de câncer. O centro
médico atende a 2 mil pessoas por dia.
Biografia
Nascida
em 26 de maio de 1914 em Salvador, a religiosa foi batizada Maria Rita de Sousa
Brito Lopes Pontes. Sua vocação para ajudar os mais necessitados se tornou
pública na adolescência. Aos 13 anos, ela começou a acolher doentes e moradores
de rua em sua casa.
Após
assumir o hábito, tornou-se professora de uma escola mantida por sua
congregação. Deu aulas principalmente de Geografia e História. Criou um
movimento operário cristão e, pouco mais tarde, a Osid.
Irmã
Dulce também gostava de artes. Em 1948, fundou o Cine Teatro Roma, palco de
shows de nomes como Roberto Carlos e Raul Seixas. A religiosa ainda criaria
dois cinemas.
Em
vida, recebeu o apelido de ‘o Anjo Bom da Bahia’. ‘Miséria é a falta
de amor entre os homens’, dizia. Em 1988, foi indicada ao Prêmio Nobel da
Paz.
Seus
últimos 30 anos de vida foram especialmente difíceis por causa de um enfisema
pulmonar, que reduziu sua capacidade respiratória em 70%. Ela chegou a
pesar apenas 38 quilos.’
Fonte
:
* Artigo na íntegra https://domtotal.com/noticia/1394618/2019/10/defensor-de-canonizacao-de-irma-dulce-se-tornou-devoto/
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