Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo
de Angela Ukomadu e Nneka Chile
‘Blessing
tinha só seis anos de idade quando sua mãe fez arranjos para ela se tornar uma
empregada doméstica desassalariada de uma família da cidade nigeriana de Abuja
com a promessa de que eles a colocariam na escola.
Em
sua cidade natal do sudoeste da Nigéria, sua mãe tinha dificuldade para ganhar
o suficiente para alimentar os três filhos. Mas quando Blessing chegou a Abuja,
em vez de ir para a escola, a família a fazia trabalhar o dia todo, a espancava
com um fio elétrico se ela esquecia uma de suas tarefas e a alimentava com
sobras estragadas.
Mais
tarde, quando sua mãe se mudou para a mesma cidade para ficar mais perto da
filha, Blessing não tinha permissão de ficar a sós com ela durante as visitas.
‘Eles
me diziam que minha mãe estava vindo, que eu não devia lhe dizer o que estava
acontecendo comigo, que nem devia dizer nada’, diz ela sobre a família.
‘Se
ela me perguntasse como estou, devia dizer que estava ótima, diziam’.
No
momento em que o mundo lembra os 400 anos transcorridos desde que os primeiros
escravos africanos registrados chegaram à América do Norte, a escravidão
persiste como um flagelo dos tempos modernos. Estima-se que mais de 40 milhões
de pessoas estejam submetidas a trabalhos forçados, casamentos forçados e
outras formas de exploração sexual, de acordo com a Organização das Nações
Unidas (ONU).
Blessing,
hoje com 11 anos, é uma destas vítimas. Ela foi resgatada em 2016 pela Fundação
de Erradicação do Tráfico de Mulheres e do Trabalho Infantil (Wotclef, na sigla
em inglês), um grupo de combate ao tráfico humano, depois de dois anos de
isolamento e abusos. Ela ainda está sob os cuidados da Wotclef, que consentiu
que ela fosse entrevistada para esta reportagem.
Blessing
é um pseudônimo exigido para proteger seu anonimato.
A
África tem a maior prevalência de casos de escravidão, com mais de sete vítimas
para cada mil pessoas, segundo um relatório de 2017 do grupo de direitos
humanos Walk Free Foundation e da Organização Internacional do
Trabalho (OIT). O relatório define escravidão como ‘situações de
exploração que uma pessoa não consegue recusar ou deixar por causa de ameaças,
violência, coerção, artimanhas e/ou abuso de poder’.
O tráfico sexual, que ludibria muitas pessoas levadas
a crer que trabalharão em outra coisa, é uma das formas mais disseminadas e
abusivas de escravidão moderna.’
Fonte
:
* Artigo na íntegra https://domtotal.com/noticia/1378869/2019/08/escravidao-persiste-na-africa-ocidental-400-anos-apos-inicio-de-comercio-transatlantico/
Nenhum comentário:
Postar um comentário