sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Paulo VI, sacerdote antes de tudo


Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 10.05.1937 Mons. Giovanni Battista Montini Sostituto della Segreteria di Stato
GiovaGiovanni Battista Montini, 1957  (OSSERVATORE ROMANO)

Padre Antonio Marrazzo, postulador da causa de canonização de Paulo VI, fala sobre o pontífice, que tinha uma humanidade tão grande quanto sua inteligência. O símbolo? A estola do seu retrato oficial, sinal do sacerdócio que Papa Montini sempre mostrou aos grandes e pequenos do mundo.

Para Paulo VI, os paramentos usados para seu status não tinham muita importância, a não ser a estola que usava sempre e em todas as ocasiões. ‘Mesmo nas viagens ou quando recebia chefes de Estado queria se apresentar antes de tudo como sacerdote’. São palavras do seu postulador, padre Antônio Marrazzo, que revela este aspecto que determinou a imagem oficial da Canonização.

Antes de tudo a pessoa

O postulador descreve Paulo VI de modo muito diferente dos estereótipos, da ‘vulgata’ formada por dualismos que se cristalizaram no tempo sobre Paulo VI, ou seja, o Papa solene e frio, culto e distante. A estola é um exemplo disso. ‘Para ele não era importante a imagem’,  afirma o postulador, porque em toda sua vida ‘sempre olhou e viu o ser humano assim como Deus vê: precário, indigente, limitado’. Reconhecendo em si mesmo a mesma fragilidade, assim como ‘seus escritos’ testemunham.

Defensor da vida nascente

Certamente era um homem sóbrio, mas sobretudo rico de calor humano, efeito da ‘confiança no homem’ que o animava profundamente. Um homem aberto sem reservas à humanidade que estava rapidamente se modificando, e que para acompanhar levou a Igreja por meio do Concílio. Também era uma pessoa cheia de amor para com a vida, nascida ou não, como demonstram os dois milagres reconhecidos para sua Beatificação e Canonização. ‘Paulo VI – diz padre Marrazzo – deveria ser proposto como defensor da vida nascente’ porque, explica, os dois sinais de cura realizados pela sua intercessão colocam-se em extraordinária ‘continuidade’ com o seu magistério.

Papa que transmitia seus sentimentos

No dia 14 de outubro Paulo VI será declarado santo. Mas não estará sozinho pois serão também canonizados Dom Romero, e algumas Santas e Santos fundadores. ‘A escolha do Papa Francisco não foi casual – explica Marrazzo – mas podemos nos perguntar : até que ponto a santidade é ligada ao papel que uma pessoa exerceu na sua vida?’. No caso de Paulo VI, conclui, a santidade foi vivida com uma vida rica de humanidade de um homem que ‘transmitia a todos o que vivia dentro de si mesmo’.


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