Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
Dom Zeferino Zeca Martins,
bispo auxiliar de Luanda, Angola
*Artigo
de Amábile Corrêa e Silvonei Protz,
jornalistas
‘Guerras, pobreza, violência,
perseguição, são muitas as causas que levam dezenas de milhares de pessoas a
deixar seus lares no Oriente Médio e na África na esperança de obter uma maior
segurança na Europa, cruzando o Mar Mediterrâneo.
Em entrevista concedida
ao Vatican News o auxiliar de Luanda, em Angola, e padre sinodal nesta XV
Assembleia Geral Ordinária dos Bispos, Dom Zeferino Zeca Martins, falou-nos que
necessitamos olhar para o jovens africanos com carinho e zelo, para que não
caiam no mundo da ilegalidade. A Igreja se sente comovida com a realidade de morte
dos jovens africanos na travessia do Mar Mediterrâneo.
‘De fato
vemos impotente, a humanidade inteira se vê impotente, a Igreja se vê
impotente, aliás, com muita comoção, e o Santo Padre quando visita estes locais
onde os jovens deixam a sua vida, vê-se muito comovido e com ele toda igreja
sente-se comovida, ver os jovens no seu potencial da juventude a deixando a
vida no Mediterrâneo. Isto manifesta que portanto a nossa humanidade ainda tem
muito que trabalhar, em fazer como Igreja, esta advocacia para que se tenha
também em contaum pouco a África. Porque na África há muitas nações
industrializadas, nações com tecnologia, e suas políticas sociais não são
aquelas que fazem com que os jovens estando nas suas terras saibam tirar os
recursos naturais e levá-los para um mundo naturalmente, porque os recursos
naturais que Deus nos deu é pra toda humanidade. Estou convencido disso como
pastor, como cristão e como gente da Igreja, mas que também esse recursos
beneficiem os nativos. Estou falando do Congo, de Angola, desses países que sem
industrialização nenhuma, sem nenhuma tecnologia encontramos grandes nações que
retiram recursos dali, e no fim as pessoas continuam vivendo na mesma miséria,
na mesma desgraça. E daí, a necessidade de muitos deles poderem procurar em
países. E o que não encontram nos países terceiros, e como é impossível essa
imigração orientada, essa imigração legal acabam se aventurando na ilegalidade
e perdendo a vida no Mediterrâneo. Portanto, esta é uma problemática para qual
a Igreja não pode virar as costas para uma problemática dessa natureza. E tudo
leva a isto, aqueles que promovem essa imigração porque também se beneficiam. A
Igreja deveria ter uma palavra de mãe-mestra, palavra de orientação mais
contundente, que fosse capaz de suadir aqueles que estão envolvidos nesta
imigração clandestina. E assim, é a humanidade que ganha, porque são talentos
que se perdem, que se podiam aproveitar para construir a nossa humanidade com
consciência, com arte, com tecnologia. Enfim, espero que a nossa humanidade
desperte e trilhe nesse caminho’.
O jovem africano está
abandonado pelas suas nações, perdido numa realidade de delinquência Juvenil e
necessita da Igreja como base e fonte de ajuda para superar suas dificuldades.
‘A imagem do jovem
africano que trazemos para este Sínodo é daquele jovem africano que está
desempregado porque as políticas não são muito assertivas, e dali faz com que
os jovens desemboquem no desemprego. Com o desemprego tudo vem como
consequência, o alcoolismo, a prostituição, a delinquência, o uso de drogas. Eu
vejo que em Angola há muita delinquência juvenil, os cárceres estão cheios de
jovens de 15, 16 anos e os delitos deles são roubos, furtos e assassinatos.
Trazemos, portanto, a imagem do jovem que procura na Igreja encontrar esse
apoio que necessita para resolver os problemas na família, para resolver os
problemas de emprego, para resolver seus problemas de saúde, e como muitas
vezes procuram essa satisfação imediata facilmente entram nas seitas
religiosas, e ali elas crescem continuamente em nossas terras africanas. Seitas
religiosas que prometem aos jovens emprego, saúde, prometem tudo aquilo capaz
de fazer deles jovens fortes com futuro e muitas vezes nas seitas ficam
desiludidos’.
A Igreja propõe aos
jovens um caminho fundamentado nos valores, e na família. O jovem deve se
sentir amado, e protegido, pronto para testemunhar sua fé no ambiente em que se
encontra.
‘O trabalho da Igreja
é muito persistente. De fato, nós na Conferência Episcopal de Angola em São
Tomé dedicamos todo o triênio 2018/2020 para a juventude. O triênio anterior
foi dedicado a família por essa necessidade de se consolidar a família, de se
ter uma família mais enraizada na vida cristã, na vida espiritual, e por
conseguinte uma família capaz de viver os valores cristãos, mas também os
valores humanos, como uma moral mais sólida. Portanto, o valor do trabalho
árduo, o valor do respeito à vida humana e à dignidade humana. Nós dedicamos
esse triênio à juventude após o triênio à família porque achamos que o jovem
necessita desta atenção atenção e trouxemos a imagem de Zaqueu sob o lema ‘Zaqueu
quero ficar em tua casa’ e nós dissemos ‘jovem quero ficar em tua casa’ e quem
quer ficar na casa do jovem é Jesus Cristo, que usa a Igreja para que assim a
partir da Igreja esse jovem sinta-se amado, amparado, protegido e por
conseguinte guiado. Deste modo, o primeiro ano do triênio o intitulamos o
‘jovem e a fé recebida’. Acolhemos todos os jovens da Igreja, os evangelizamos
mediante a catequese, os evangelizamos mediante a Doutrina social da Igreja, os
evangelizamos mediante o magistério e tradição da Igreja para que conheçam a
fundo o que é a Igreja, e assim, conhecendo-a, possam viver sua fé de acordo
com o conhecimento que tem da Igreja’.’
Fonte
:
* Artigo na íntegra https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2018-10/sinodo-jovens-2018-entrevista-bispo-auxiliar-luanda.html
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