quarta-feira, 10 de outubro de 2018

O artesão da vida


Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

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‘Um artesão se encarrega de fazer vasilhas de barro, de louça ou de cerâmica.

Um artesão pode fazer humildes cântaros para portar água fresca como formosos vasos que embelezam os palácios dos reis. Um vaso tem mais valor no mercado que um cântaro, porém só no mercado, porque a função prática dos vasos é principalmente decorativa enquanto os cântaros se utilizam para beber água fresca.

Entretanto, nem o cântaro nem o vaso podem existir sem o artesão. O barro misturado com água, ou a argila misturada com água, sem a intervenção do artesão, estes objetos não são nada. E nada sai deles. Os super milagres não existem.

Podemos fazer a prova, recolhendo terra, misturando-a com água e então amassá-la. Deixamo-la para que repouse, porém não obtemos nada, já que necessitamos das mãos e do engenho do artesão para que esta tome forma.

O artesão toma esse barro em suas mãos e decide fazer um jarro ou um cântaro. Põe a massa no torno e a vai modelando com suas mãos, dando-lhe forma.

Suponhamos que o barro ou a porcelana tivessem vida, e pudessem escapar do torno. Acaso não acabariam em nada? Em um montão de terra molhada, que a chuva arrastaria. Porém, no torno vão tomando forma e se convertem em um cântaro ou um jarro.

Podemos pensar que já está acabado o processo, mas não: é preciso ainda que o artesão as ponha no forno, na frágua, que suportem a prova do fogo.

Também esta deve ser muito dolorosa, se os imaginamos com sentimentos. E que aconteceria se o cântaro ou qualquer um dos seus companheiros decidissem escapar do forno, da prova?

Quebrar-se-ia na primeira. Não serviria de nada. E seria necessário desfazer-se dele como um traste inútil.

Existe um artesão diferente dos demais. Ele tem a particularidade de amar com loucura as suas obras. Elas, à sua vez são livres. E às vezes rechaçam o forno. Inclusive o torno.

Quando um destes objetos se quebra, este artesão não deixa o cântaro quebrado, jogado em canto, pelo contrário, o toma de novo, amassando-o no torno – não com água mas com sangue, com o sangue do seu Filho.

Porque este artesão é Deus Pai.

Seu Filho, Jesus.

E o cântaro ou vaso, cada homem ou mulher.

O torno, a fé.

O forno, a vida.’


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