Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
‘Um artesão se encarrega de fazer
vasilhas de barro, de louça ou de cerâmica.
Um
artesão pode fazer humildes cântaros para portar água fresca como formosos
vasos que embelezam os palácios dos reis. Um vaso tem mais valor no mercado que
um cântaro, porém só no mercado, porque a função prática dos vasos é
principalmente decorativa enquanto os cântaros se utilizam para beber água
fresca.
Entretanto,
nem o cântaro nem o vaso podem existir sem o artesão. O barro misturado com
água, ou a argila misturada com água, sem a intervenção do artesão, estes
objetos não são nada. E nada sai deles. Os super milagres não existem.
Podemos
fazer a prova, recolhendo terra, misturando-a com água e então amassá-la.
Deixamo-la para que repouse, porém não obtemos nada, já que necessitamos das
mãos e do engenho do artesão para que esta tome forma.
O
artesão toma esse barro em suas mãos e decide fazer um jarro ou um cântaro. Põe
a massa no torno e a vai modelando com suas mãos, dando-lhe forma.
Suponhamos
que o barro ou a porcelana tivessem vida, e pudessem escapar do torno. Acaso
não acabariam em nada? Em um montão de terra molhada, que a chuva arrastaria.
Porém, no torno vão tomando forma e se convertem em um cântaro ou um jarro.
Podemos
pensar que já está acabado o processo, mas não: é preciso ainda que o artesão
as ponha no forno, na frágua, que suportem a prova do fogo.
Também
esta deve ser muito dolorosa, se os imaginamos com sentimentos. E que
aconteceria se o cântaro ou qualquer um dos seus companheiros decidissem
escapar do forno, da prova?
Quebrar-se-ia
na primeira. Não serviria de nada. E seria necessário desfazer-se dele como um
traste inútil.
Existe
um artesão diferente dos demais. Ele tem a particularidade de amar com loucura
as suas obras. Elas, à sua vez são livres. E às vezes rechaçam o forno.
Inclusive o torno.
Quando
um destes objetos se quebra, este artesão não deixa o cântaro quebrado, jogado
em canto, pelo contrário, o toma de novo, amassando-o no torno – não com água
mas com sangue, com o sangue do seu Filho.
Porque
este artesão é Deus Pai.
Seu
Filho, Jesus.
E o
cântaro ou vaso, cada homem ou mulher.
O
torno, a fé.
O
forno, a vida.’
Fonte
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