Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo
de Mirticeli Dias de Medeiros,
jornalista
e mestre em História da Igreja
‘Na abertura dos trabalhos do sínodo,
logo após a missa de abertura, o pontífice pediu que os participantes não
tenham medo de expor ‘críticas honestas e
transparentes’. Além disso, Francisco tocou o tema do clericalismo mais uma
vez, o qual definiu ‘perversão e raiz de
tantos males na igreja’. Em clara referência às denúncias de abusos sexuais
envolvendo membros do clero, Bergoglio reiterou que ‘se deve pedir humildemente perdão e criar condições para que não se
repitam’.
O
sínodo dos bispos para os jovens tem tudo para se tornar um dos marcos do atual
pontificado. O motivo não seria somente o enfrentamento da atual crise, mas a
sucessão de eventos que fazem dele um dos encontros mais importantes promovidos
por Papa Francisco.
No
próximo dia 14 de outubro, o idealizador e fundador do sínodo dos bispos,
Giovanni Battista Montini (Papa Paulo VI), será canonizado. A história da
igreja já comprovou o quanto a canonização de um papa representa não somente o
reforço da devoção em torno da figura de um determinado pontífice, mas o
respaldo de todo seu legado; o sucessor de Pedro que recebe a glória dos
altares, também é glorificado na sua forma de governar. E Francisco se alinha
com muitas das escolhas políticas e diplomáticas de Montini. Uma delas foi a
maneira como Paulo VI conduziu o diálogo entre a Santa Sé e os países do bloco
comunista nos anos 70, cujo primeiro impulso acontecera através da política de
aproximação coordenada pelo cardeal Agostino Casaroli durante o pontificado de
João XXIII.
A
reunião de bispos se realiza em um momento no qual a cristandade se depara com
algo que, até um tempo atrás, não tinha previsão para acontecer : a preparação
para o estabelecimento das relações diplomáticas entre Santa Sé e a República
Popular da China. A participação inédita de dois bispos da China Continental
são o indicativo que Francisco levou a sério a vivência da colegialidade
episcopal em todas as instâncias e a todo custo.
O
que seria ‘apenas’ um sínodo para os
jovens - os quais já demonstraram na fase preparatória da assembleia que
gostariam de entender melhor a doutrina moral da Igreja -, transformou-se em
palco de uma série de acontecimentos que poderão mudar os rumos do atual
pontificado. Os questionamentos dos jovens diante dos escândalos, dos
ensinamentos da Igreja e da forma como o catolicismo contribui com a juventude
forçarão a instituição a responder a uma questão que vai além do próprio tema
do sínodo : como as escolhas da Igreja Católica se tornarão referência para a
sociedade e para as gerações futuras?’
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