Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo
de Fernando Nunes,
gestor de designer
‘Fotografia, dentre tantos significados
etimológicos, um em especial nos chama a atenção : escrita da luz. Sabemos que
muitos termos utilizados na tecnologia são próximos ou até idênticos aos
teológicos, e na fotografia, existe uma vasta riqueza destes termos, aos quais
precisamos nos aprofundar, para que toda a sacralidade que captamos com os
olhos possa se tornar arte e evangelização.
Há em nossas paróquias muitos fotógrafos que
precisam ser verdadeiros escritores da luz. Não se escreve um bom texto sem
antes conhecer a matéria de estudo, e não se escreve sobre alguém, sem
conhecê-lo, e por último não se escreve bem sem regras gramaticais.
Ao criar uma fotografia, estamos gerando uma imagem.
Porém, se esta fotografia for pensada, imbuída de sentido e finalidade, faremos
um código visual, uma mensagem evangelizadora. Não será somente um fragmento do
tempo, uma eternização, mas uma mensagem a ser decifrada, tornando-se uma
experiência de fé.
Vamos comparar agora o processo da fotografia com os
vitrais. Primeiro é necessária a composição visual, execução, a luz passa por
dentro da lente, registra a imagem, depois a imagem é exposta em alguma mídia
de comunicação, onde ela revela sua finalidade.
A luz é citada várias vezes nas sagradas escrituras,
Jesus se identifica como luz : Eu sou a luz do mundo (Jo 8,12). Quando falamos de vitrais, nos recordamos da
luz e de seu papel na evangelização por meio da imagem. Um vitral sem a Luz não
tem como expressar sua beleza, mas antes disso é importante que conheçamos um
pouco do contexto em que os vitrais se tornaram fonte de evangelização.
No período medieval, não existiam estruturas nem instituições
de ensino catequético. A fé era transmitida no seio familiar, e através do
convívio com os ritos e lugares sagrados. Como naquele período, toda a liturgia
e as sagradas escrituras não eram traduzidas na linguagem vernácula, a paróquia
era uma grande catequese. Além de toda a liturgia, a arte servia de grande
amparo catequético, e os vitrais estavam inseridos neste contexto, pois traziam
múltiplas histórias bíblicas, do gêneses ao apocalipse, e também a vida dos
santos como um testemunho.
A beleza translúcida dos vitrais assim como sua
composição visual bem elaborada, as cores, encantam todos aqueles que os
visualizam. Sem o suporte da arte, a mensagem poderia até ser boa, mas não
chamaria a atenção, e não permitiria ver pelos olhos do autor a sua experiência
íntima com o sagrado. A mensagem do evangelho servia de inspiração para o
desenvolvimento dos vitrais, através da experiência pessoal e da busca por
novas técnicas de evangelização, surgiu um grande tesouro e uma das mais belas
formas visuais de se ilustrar a vida de Cristo.
Pensem na lógica dos vitrais. Primeiro existe a
composição visual, ou seja, o projeto de como irá ficar o vitral depois de
pronto, em seguida, execução, depois ele é colocado no alto das Igrejas. A luz
passa pelo vitral, e revela sua finalidade, trazendo cor e luz para todos os
leigos que frequentam aquele espaço sagrado, servindo para ilustrar e educá-los
na fé, além de testemunhar a vida de nossos santos.
Percebe que ambos têm um processo parecido? Ambos
precisam de luz para existir. O vitral é colocado no alto das igrejas, que era
o meio de evangelização onde se expressava a arte. Da mesma forma, a fotografia
é colocada nas mais diversas mídias de comunicação, ela está presente em quase
todas, e muitas vezes não percebemos a eficácia desta poderosa ferramenta de
evangelização.
Entretanto, temos de pontuar algo muito importante,
a finalidade, a exemplo dos vitrais nossas fotografias precisam ter a
finalidade de evangelizar.
A fotografia como código visual precisa despertar em
seu espectador experiências de fé. Para isto, precisa ser pensada e composta
com essa finalidade, não pode ser somente um clique, deve ser um anúncio. Ao ver uma fotografia gerada com a intenção e
finalidade de evangelizar, o espectador deve ser afetado e motivado a ir ao
encontro dos códigos visuais ali presentes.
A fotografia está inserida na maioria das mídias de
comunicação, sejam as tradicionais no caso das mídias impressas, até nas mais
inovadoras. Os meios de comunicação seculares investem cada vez mais em imagens
potentes, capazes de criar novas culturas, somos constantemente bombardeados
por informações imagéticas, nem sempre com boas finalidades.
As fotografias, da mesma forma que os vitrais, devem
ser iluminadas , cheias de vida, e tão belas ao ponto de serem apreciadas, e
não somente vistas como uma recordação de uma festividade, ou evento paroquial.
É necessário transcender.
A evangelização por meio da fotografia exige
preparo, sensibilidade, espiritualidade, pois são as imagens palpáveis que
construirão a imagem do invisível e sem a experiência pessoal, elas se tornarão
vazias de significado.
Somos chamados hoje a retomar a evangelização por
meio da imagem, para que tenhamos conteúdos católicos de qualidade com imagens
de qualidade e geradas para evangelizar. Sabemos que uma imagem muitas vezes
nos fala mais do que os textos, ou sem ela nem ao menos chegamos até eles.
A fotografia religiosa é um novo convite a
evangelizar por meio da Imagem e auxiliar a Igreja na produção de conteúdos
imagéticos, dando suporte ao trabalho das redes sociais, sites, revistas e as
mais vastas mídias de comunicação católica, no Brasil já existem banco de
imagens católicas colaborativa onde os agentes de pastorais da comunicação,
produzem e disponibilizam imagens de boa qualidade para o serviço de
comunicação da Igreja.
Somos chamados a ter as câmeras nas mãos e o coração
na missão!’
Fonte :
* Artigo na íntegra https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2018-07/importancia-da-imagem-vatican-news-fernando-nunes.html
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