Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo
de Silvonei José,
jornalista
‘Concluíram-se no último dia 22 de julho os
trabalhos da XIX Assembleia Plenária da Associação dos membros das Conferências
Episcopais do Leste Africano (AMECEA). Na semana de encontros o olhar dos
participantes se concentrou sobre os vários dramas que vive o grande continente
africano, como os conflitos em andamento na África Oriental, com suas pesadas
consequências humanitárias, os migrantes, as famílias e os jovens.
Os trabalhos se realizaram em Addis Abeba, capital
etíoPadre O tema escolhido foi : ‘A vivaz
diversidade, igual dignidade e pacífica unidade em Deus’. Os debates foram
conduzidos a cada dia por um dos nove países reunidos na Associação : Eritreia,
Etiópia, Quênia, Malaui, Sudão, Sudão do Sul, Tanzânia, Uganda e Zâmbia.
Conflitos étnicos e religiosos
Como dissemos antes, o foco da atenção esteve nos
persistentes conflitos étnicos e religiosos existente nesta região da África,
que resultam em um grande número de civis que se veem obrigados a fugir das
guerras internas do Sudão do sul, na
região dos Grandes Lagos, da antiga disputa entre a Eritreia e a Etiópia, onde
nas últimas semanas novos vislumbres de paz se abriram. Problemas relacionados
ao terrorismo e ao fundamentalismo emergente na área também foram tratados no
encontro.
Nos objetivos dos trabalhos, decidir como as Igrejas
locais podem trabalhar pela paz e a harmonia nos países da África Oriental e
transmitir aos seus povos a mensagem de que a diversidade étnica é um presente
maravilhoso de Deus que devemos acolher. Ser diferente - explica uma nota da
organização - é uma coisa linda que oferece a oportunidade de aprender uns com
os outros.
Foi a primeira vez que a Etiópia sediou uma
Assembleia plenária da Amecea. Além dos delegados do Vaticano, participaram
representantes de várias organizações leigas e organizações católicas
internacionais.
Mensagem final
Na mensagem final dos trabalhos a palavra que
ressoou foi ‘reevangelização’. É
preciso uma ‘reevangelização’ nos
países da África Oriental; há necessidade de uma evangelização mais profunda na
África, um Continente onde há o paradoxo de uma crescente prática cristã e ao
mesmo tempo aumento endêmico de conflitos étnicos. Os bispos africanos estão
determinados a trabalhar pela busca de soluções dessas dramáticas questões
Os prelados exprimiram satisfação pelos novos passos
realizados, justamente neste período pela paz e o diálogo entre a Etiópia e
Eritrea, depois de vinte anos de conflito. Também manifestaram-se positivamente
pelos progressos realizados nas negociações de paz no Sudão do Sul comunicando
que continuam as orações pela resolução do conflito.
Foram detalhados pontos sobre os jovens e a
necessidade de maior desenvolvimento de programas pastorais e também de
enfrentar os desafios do desemprego. Sobre as questões ambientais a atenção é pela
necessidade de defender a terra como ‘nossa
casa comum’ evitando interesses privados.
Enfim, foi sublinhada a questão dos países marcados
pela ‘corrupção generalizada’, convidando os agentes pastorais a se
concentrarem na formação dos cristãos para prepará-los para que se tornem
líderes íntegros na sociedade.
Alarme sobre o extremismo ideológico religioso
Ainda durante os trabalhos, foi lançado o alarme
sobre o extremismo ideológico religioso que se preocupa em desenraizar as
formas alternativas de existência e percepção na sociedade através do
terrorismo. ‘O terrorismo - disse o Padre
Patrick Devine, fundador e presidente do Centro Shalom de Nairobi - é o instrumento do extremismo violento usado
para purgar a sociedade da tolerância, para impor a própria visão do mundo e da
fé. Para contrastar este processo negativo, há, paradoxalmente, uma clara
necessidade de intolerância à intolerância’.
O extremismo religioso
tem um impacto direto no desenvolvimento econômico e sobre as perspectivas de
vida de inteiras populações porque num país em que as pessoas são mortas,
mutiladas ou obrigadas continuamente à fuga, as comunidades locais não podem
gozar de um desenvolvimento sustentável devido à destruição de escolas,
hospitais, habitações
Um breve olhar para a África, terreno fértil para a
evangelização, lugar de homens e mulheres de boa vontade que têm esperança na
resolução de seus dramas endêmicos. É necessário aumentar os esforços nacionais
e internacionais a fim de resolver os conflitos na região e de construir uma
sociedade pacífica, inclusiva e justa mediante o respeito, a proteção e a
promoção dos direitos humanos. A Igreja Católica está ao lado desse povo e
caminha com ele, certa do poder que brota da mensagem de Cristo.’
Fonte :
* Artigo na íntegra https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2018-07/editorial-desafios-africa.html
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