Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
St Anthony Abbot and St Paul (the Hermit), SAVOLDO,
c. 1515 Oil on canvas, Gallerie dell'Accademia, Venice
*Artigo
do Padre Francisco Faus
Necessidade
de um ‘técnico’
‘Se você tem direção espiritual, já sabe da
importância dessa orientação para manter em andamento a vida interior e, em
geral, para progredir na vida cristã. Tanto se a tem como se não a tem, talvez
o ajude pensar nas considerações que faremos a seguir.
É interessante lembrar que a Igreja sempre tem
recomendado a direção espiritual a todos os que desejam amadurecer seriamente
na vida cristã; de forma análoga a como um cardíaco procura a orientação de um
cardiologista, e um jogador de futebol, de basquete ou de tênis tem um coach,
um técnico- individual ou do time- que os prepara e os orienta. Ninguém é bom
técnico de si mesmo.
São Josemaría Escrivá fala disso com uma imagem
simples : ‘Convém que conheças esta
doutrina segura : o espírito próprio é mau conselheiro, mau piloto, para
dirigir a alma nas borrascas e tempestades, por entre os escolhos da vida
interior. –Por isso, é vontade de Deus que a direção da nau esteja entregue a
um Mestre, para que, com a sua luz e conhecimento, nos conduza a porto seguro’
(Caminho, n.59).
O bom
pastor
O confessor e, em geral, a pessoa que atende a
direção espiritual de outros, participa da missão do Bom Pastor. Como diz Jesus
na parábola, o Bom Pastor conhece as suas ovelhas e elas o conhecem, vai
indicando-lhes o caminho e as conduz a bons pastos, também as defende dos
ladrões e do lobo (cf. Jo 10,4-14), e procura as que se extraviaram para
ajuda-las a voltar (cf. Lc 15, 4-7).
O bom diretor espiritual deve ser um reflexo desse
Bom Pastor, que é Jesus. Por isso, é importante pedir luzes ao Espírito Santo
para escolher bem o diretor : sempre com plena liberdade, mas com o desejo
sincero de avançar espiritualmente. Não adianta escolher um diretor espiritual
que seja apenas um padre ‘amigão’
para bater de vez em quando um papo superficial. E, menos ainda, procurar um
confessor ou diretor que se limite a ‘compreender-nos’
(Ou seja, a desculpar-nos em tudo!) e que não nos fale com clareza das nossas
falhas, nem nos ajude, com afeto e firmeza, a lutar e a retificar os erros.
Para ter uma direção espiritual eficaz é importante
que, depois de ter escolhido conscientemente um diretor, sejamos perseverantes
e combinemos com ele conversas periódicas, por exemplo, mensais (não mais do
que isso). Não se pode chamar de direção espiritual o fato de ter um padre de
confiança com quem se conversa só duas vezes por ano, ou com quem se consulta
apenas por alguma questão isolada.
Dizia que a escolha do orientador espiritual deve
ser livre. Também deve ser livre a nossa decisão de praticar os conselhos que
nos sugere. Mas a liberdade exige pensar e decidir responsavelmente. Peça, por
isso, ao Espírito Santo – o verdadeiro Diretor divino das nossas almas -, que
lhe conceda o dom de entendimento, para compreender o que Ele lhe quer dizer
através do diretor espiritual, e o dom de fortaleza, para esforçar-se em
cumpri-lo.
Creio que, após mais de cinquenta anos de
experiência de direção espiritual, posso afirmar que só vi progredirem
espiritualmente - e assim caminharem para a santidade, meta da vida cristã - os
que praticam com perseverança um plano de vida espiritual e levam a sério, com
constância, a direção espiritual.’
Fonte :
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