quinta-feira, 12 de julho de 2018

A importância da Direção Espiritual


Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
St Anthony Abbot and St Paul (the Hermit), SAVOLDO
c. 1515 Oil on canvas, Gallerie dell'Accademia, Venice

*Artigo do Padre Francisco Faus


Necessidade de um ‘técnico’

‘Se você tem direção espiritual, já sabe da importância dessa orientação para manter em andamento a vida interior e, em geral, para progredir na vida cristã. Tanto se a tem como se não a tem, talvez o ajude pensar nas considerações que faremos a seguir.

É interessante lembrar que a Igreja sempre tem recomendado a direção espiritual a todos os que desejam amadurecer seriamente na vida cristã; de forma análoga a como um cardíaco procura a orientação de um cardiologista, e um jogador de futebol, de basquete ou de tênis tem um coach, um técnico- individual ou do time- que os prepara e os orienta. Ninguém é bom técnico de si mesmo.

São Josemaría Escrivá fala disso com uma imagem simples : ‘Convém que conheças esta doutrina segura : o espírito próprio é mau conselheiro, mau piloto, para dirigir a alma nas borrascas e tempestades, por entre os escolhos da vida interior. –Por isso, é vontade de Deus que a direção da nau esteja entregue a um Mestre, para que, com a sua luz e conhecimento, nos conduza a porto seguro’ (Caminho, n.59).


O bom pastor

O confessor e, em geral, a pessoa que atende a direção espiritual de outros, participa da missão do Bom Pastor. Como diz Jesus na parábola, o Bom Pastor conhece as suas ovelhas e elas o conhecem, vai indicando-lhes o caminho e as conduz a bons pastos, também as defende dos ladrões e do lobo (cf. Jo 10,4-14), e procura as que se extraviaram para ajuda-las a voltar (cf. Lc 15, 4-7).

O bom diretor espiritual deve ser um reflexo desse Bom Pastor, que é Jesus. Por isso, é importante pedir luzes ao Espírito Santo para escolher bem o diretor : sempre com plena liberdade, mas com o desejo sincero de avançar espiritualmente. Não adianta escolher um diretor espiritual que seja apenas um padre ‘amigão’ para bater de vez em quando um papo superficial. E, menos ainda, procurar um confessor ou diretor que se limite a ‘compreender-nos’ (Ou seja, a desculpar-nos em tudo!) e que não nos fale com clareza das nossas falhas, nem nos ajude, com afeto e firmeza, a lutar e a retificar os erros.

Para ter uma direção espiritual eficaz é importante que, depois de ter escolhido conscientemente um diretor, sejamos perseverantes e combinemos com ele conversas periódicas, por exemplo, mensais (não mais do que isso). Não se pode chamar de direção espiritual o fato de ter um padre de confiança com quem se conversa só duas vezes por ano, ou com quem se consulta apenas por alguma questão isolada.

Dizia que a escolha do orientador espiritual deve ser livre. Também deve ser livre a nossa decisão de praticar os conselhos que nos sugere. Mas a liberdade exige pensar e decidir responsavelmente. Peça, por isso, ao Espírito Santo – o verdadeiro Diretor divino das nossas almas -, que lhe conceda o dom de entendimento, para compreender o que Ele lhe quer dizer através do diretor espiritual, e o dom de fortaleza, para esforçar-se em cumpri-lo.

Creio que, após mais de cinquenta anos de experiência de direção espiritual, posso afirmar que só vi progredirem espiritualmente - e assim caminharem para a santidade, meta da vida cristã - os que praticam com perseverança um plano de vida espiritual e levam a sério, com constância, a direção espiritual.’


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