Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
‘Santo Agostinho, também chamado de Aurelius
Agostines ou Agostinho de Hipona, foi um dos maiores filósofos da era patrística,
considerado doutor da Igreja Católica. Nesse sentido, criou bases teóricas com
doutrinas sobre o cristianismo, que, embora já existisse, não possuía uma
doutrina para fundamentá-las.
Portanto, Santo Agostinho foi o precursor na
criação do embasamento doutrinário para o cristianismo. Com um pensamento
amplo, seus escritos tem relação com fé e razão, bem e mal e livre-arbítrio.
Biografia de Santo Agostinho
Nascido em 354 d.C., nasceu na cidade de Tagaste,
então sob o domínio do Império Romano, hoje faz parte do território da Argélia,
chamada Souk Ahras. Seu pai era pagão, o que era comum naquela época,
tendo em vista ser o cristianismo recente e, ainda, diante dos conflitos com o
império acerca da imagem de Jesus Cristo. Ao passo que sua mãe era uma cristã
devota, mais tarde canonizada como Santa Mônica.
Aos 18 anos Agostinho se envolve amorosamente com
uma mulher e teve um filho, Adeodato. O relacionamento perdurou por 13 anos,
porém, era considerado pecaminoso pela Igreja. Além disso, após sua separação,
Agostinho se envolve em casos com outras mulheres.
Com cerca de 30 anos passou a se interessar pelas
pregações do Bispo Ambrósio, clérigo importante, que pregava questões
eloquentes. Fato este que lhe ajudou em um período conturbado em sua vida, pois
Agostinho se sentia desemparado espiritualmente por todas as doutrinas que
procurou, como hedonismo, ceticismo e maniqueísmo.
Ainda, a história conta que Santo Agostinho, em um
dia de extrema angústia, foi visitado por um ser iluminado que, possivelmente,
era um anjo. Que, então, lhe entregou um livro, ordenando que o lesse : ’Toma
e lê!’. Agostinho obedeceu, lendo a então Bíblia Sagrada e se restaurou,
cedendo ao cristianismo como sua religião. Logo após, ele com seu filho
Adeodato foram batizados pelo Bispo Ambrósio.
Em pouco tempo, Agostinho teve duas dolorosas
perdas, com o falecimento de seu filho Adeodato e sua mãe Mônica. A partir
disso, sua dedicação foi exclusiva à Igreja Católica, fundando uma nova ordem
religiosa. E, logo após a morte do Bispo de Hipona, foi consagrado bispo da
cidade, cargo que ficou até sua morte, em 430 d.C.
Formação de Santo Agostinho
Agostinho, em sua infância, foi educado em latim,
e, aos 11 anos, levado a uma escola há 30 km de distância, onde aprendeu
literatura e a cultura da civilização romana. Dentre os estudos, conheceu a
filosofia através das obras de Marco Tulo Cícero (106 a.C – 43 a.C),
destacando, após, que este foi o seu despertar para estudos filosóficos.
Logo, aos 17 anos, para estudar retórica, se mudou
para Cartago, hoje Tunísia. Embora criado pela mãe segundo os princípios do
cristianismo, aqui passou a ter posições contraditórias à sua fé. Quando então,
adotou o maniqueísmo como doutrina, diz a história que, a partir de então,
passou a viver prazeres mundanos.
Em razão de sua formação intelectual, voltou para
sua cidade Tagaste e passou a dar aula como professor de gramática, aos 19 anos
e, em seguida, também em Cartago. Após 10 anos, fundou uma escola em Roma, que
não acabou dando certo. Neste tempo, já havia se distanciado do maniqueísmo,
adotando as ideais do ceticismo.
Contudo, com seus estudos sobre lógica, retórica e
filosofia, tornou-se um reconhecido professor de retórica do Império
Romano. Nesse ínterim, em seus estudos, Agostinho buscava formas de encontrar
um conforto espiritual. Aos 30 anos já tinha uma carreira intelectual notória,
sobretudo quando passou a trabalhar como professor de retórica em Mediolano,
hoje Milão.
Conversão de Santo Agostinho
Até então, ainda não teria aderido à fé cristão,
ainda que sua mãe Mônica o pressionava para que se convertesse ao cristianismo.
Isso somente ocorreu em 368 d.C., conforme citamos anteriormente, pela aparição
de um ser iluminado.
A história conta que nesta ocasião, ao abrir a
Bíblia, caiu no trecho da carta de São Paulo aos Romanos, onde o apóstolo
falava sobre como as poderosas escrituras conseguiam transformar o
comportamento humano. Sendo ela :
Logo após, na Páscoa de 387 foi batizado pelo
bispo de Mediolano, Aurélio Ambrósio (340-397). Quando, no ano
seguinte, voltou para a África na companhia do filho e da mãe. Porém, estes
morreram logo após. Diante da decepção, Santo Agostinho doou todo seu
dinheiro aos pobres, ficando somente com sua casa, a qual se tornou um
mosteiro.
Quando ordenado sacerdote em Hipona, em 391,
utilizou do seu vasto conhecimento em favor do cristianismo. Assim, se tornou
um teórico das bases cristãs.
O que é Filosofia patrística?
Na filosofia patrística surgiu um período de mudança
de pensamentos, que ocorre entre a Antiguidade e a Idade Média. Recebeu este
nome por abrigar os primeiros padres, classificados como ‘pais’ da Igreja
Católica, e, de início, serviu como uma forma da apologia ao cristianismo, pois
não era ainda difundido na Europa, ainda no século III d.C.
Então, Santo Agostinho se insere nesta filosofia
patrística, que lutava para estabelecer bases doutrinárias para o pensamento
cristão. De tal fora que convencesse os fiéis, e, inclusive, servir como base
para compreensão do cristianismo. Nesse ínterim, Santo Agostinho tornou-se um
dos mais importantes ‘pais’ da Igreja.
Filosofia de Santo Agostinho
A filosofia de Santo Agostinho envolve
diversas áreas do conhecimento, trazendo inúmeras temáticas para difundir e
debater as bases teológicas do cristianismo. Dentre seus principais
ensinamentos estão :
- o tempo, dizendo que, embora saiba o que é,
não consegue responder sobre ele. Isso traz o conceito do conhecimento
intuitivo;
- bem e mal, onde Deus seria o bem e a distância
Dele o mal;
- responsável pela primeira síntese do
cristianismo, defendendo uma filosofia catequética
- defendeu que o ser humano é a junção de duas
substâncias, o corpo e a alma.
- por Igreja se deve entender sob duas
realidades : 1) Instituição hierarquizada e sacramentos; 2) as almas de
seus praticantes;
- capacidade humana de amar.
Obras de Santo Agostinho
Em suma, Santo Agostinho foi um dos
maiores autores em termos de obras, que somam mais de 100 títulos. São obras
apologéticas, doutrina cristã, maniqueísmo, heresias dos arianos, dentre
outras. Abaixo, uma lista com suas obras de maior destaque.
- Confissões;
- Cidade de Deus;
- Sobre o Livre-Arbítrio;
- Sermão do Senhor na Montanha;
- Potencialidade Humana;
- Sobre a Música;
- Vida Feliz;
- Mentira;
- Contra os Acadêmicos;
- de Magistro;
- A Graça;
- A Doutrina Cristã;
- A Trindade;
- Tratado sobre o Batismo;
- Comentários ao Gênesis;
- Retratações;
- Comentários aos Salmos;
- Dos Bens do Matrimônio;
- A Santa Virgindade;
- Dos Bens da Viuvez;
- A Verdadeira Religião;
- O Cuidado Devido aos Mortos;
- A Fé e o Símbolo;
- Primeira Catequese aos não Cristãs, dentre
outras.’
Fonte : *Artigo na íntegra
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