Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
‘Os exemplos de todos os mártires nos primeiros séculos
eram convites aos não cristãos à conversão e, nos séculos seguintes, quando o
Batismo começou a ser ministrado às crianças, estimulava os cristãos a
redescobrirem o valor desse Sacramento, encarnando com seriedade o Evangelho na
vida pessoal e da comunidade.
São
Jorge é um mártir do século III ou IV, certamente antes do Édito de
Constantino. Sabemos que existiu uma antiquíssima igreja, construída em sua
honra, em Lidda-Diospolis, Palestina. Exceto o fato de ter existido, nada mais
sabemos de certo sobre esse santo e devemos nos contentar com aquilo que foi
descrito em sua passio (atas do sofrimento) a respeito de seu
martírio, historicamente incerta, escrita – diz-se – por seu ajudante de nome
Pasicrate.
Segundo
esse autor, Jorge era originário da Capadócia e tornou-se oficial do exército.
Convertido ao cristianismo, renunciou a seu ofício e, quando foi preso por
causa da fé, enfrentou com firmeza o martírio.
A lenda do dragão
À
sua figura foi ligada a famosa lenda do dragão, que vale a pena ser contada,
pois no imaginário popular queria significar que então a força desarmada do
cristianismo estava para triunfar sobre a violência desumana do mal.
Próximo
da cidade, havia um lago do qual de tempos em tempos saía um horrível dragão
que, com seu hálito fétido, matava muitas pessoas inocentes.
Para
aplacar sua ira era necessário lhe oferecer vítimas humanas e uma vez coube ao
rei do lugar dar-lhe em alimento a própria filha. Mesmo profundamente
entristecido, levou-a até o lago, acompanhado por uma multidão de pessoas aos
prantos.
Quando
o dragão saiu das águas para agarrar a jovem, encontrou ao seu lado um
cavaleiro, Jorge, que lhe pôs uma corrente ao pescoço e entregou-o à jovem.
Iniciou-se a procissão de volta para a cidade : caminhava a filha do rei e ao
seu lado o corajoso cavaleiro, levando preso à corrente o monstro que se tornou
manso como um cordeiro.
Quem
permaneceu na cidade, ao ver o dragão acorrentado e então inofensivo teve medo,
fechava a porta e espiava pela janela entreaberta o insólito espetáculo. O cavaleiro
garantia a segurança a todos, afirmando que ele viera em nome de Cristo para
libertar a cidade do dragão e anunciar a todos a salvação por meio do Batismo.
O povo percebeu o significado do acontecimento e, a começar pela princesa e sua
família, pediram o Batismo, deixando para sempre as práticas de escravidão às
quais se submetiam até aquele momento.
O culto
O
culto a São Jorge foi e continua sendo um dos mais difundidos no mundo cristão
em todos os lugares. Sua imagem de cavaleiro com o dragão sob seus pés se de um
lado alimenta a fantasia popular, de outro instrui também os analfabetos,
infundindo nos cristãos a confiança na proteção divina também nos momentos mais
difíceis da vida. Na Idade Média, São Jorge se tornou protetor dos cavaleiros
e, de maneira particular, dos cruzados; numerosas igrejas foram dedicadas a
ele. Devido a São Jorge, o reino da Geórgia e os reis da Inglaterra, a começar
por Ricardo Coração de Leão, quiseram que ele fosse o patrono da casa real e de
suas terras.
O
imperador Constantino ergueu uma igreja em Constantinopla em homenagem a São
Jorge. Entre os povos eslavos sua figura é muito apreciada.
Ainda
hoje é incontável o número de igrejas católicas e ortodoxas dedicadas a ele, em
todas as partes do mundo. Talvez a função histórica desses santos envoltos em
lendas seja a de recordar ao mundo um só pensamento muito simples, mas
fundamental : o bem, mesmo que demore, vence sempre o mal e a pessoa sábia nas
escolhas fundamentais da vida não se deixa jamais enganar pelas aparências.’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://revistaavemaria.com.br/sao-jorge-martir-seculo-iv.html
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