Por Eliana Maria
(Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo de Ricardo Abrahão
‘Muito já se falou sobre a relação entre música e saúde
e incontáveis trabalhos pelo mundo têm comprovado os efeitos da música no corpo
e na mente. Sendo assim, não há possibilidade de não entendermos a
responsabilidade que temos sobre os sons que emitimos aos ouvidos do outro. Os
sons podem ajudar, organizar e oferecer saúde ao ser humano, no entanto, se
empregados de forma desequilibrada, podem causar muitos males.
A principal tarefa do
músico litúrgico é o equilíbrio. A base do equilíbrio é o conhecimento. Alegar
ser instrumento de Deus na música litúrgica exige conhecimento musical e
humano. Não basta a tal da boa vontade, muitas vezes tão deturpada, é necessário
juízo diante da execução musical. Como pode uma pessoa dizer que é instrumento
de Deus quando desconhece a própria criação? Como criatura, deve-se conhecer
seu Autor. É nesse ponto que encontramos uma imensa desconexão entre uma coisa
e outra. A música deve estar em consonância perfeita entre Criador e criatura,
desse modo, o conhecimento é fundamental para que se expresse com profunda
ternura o verdadeiro valor da Eucaristia na vida do católico.
O ambiente onde se
celebra a Eucaristia deve ser saudável em todos os sentidos, portanto, os sons
emitidos nesse ambiente não podem em hipótese alguma provocar dissonâncias
entre corpo e alma. Por exemplo : o sistema nervoso se defende do volume alto,
o que desconstrói o espírito de escuta. A desafinação também é uma forma de
desconexão com o corpo. O monge beneditino Anselm Grün nos alerta muito sobre o
perigo de uma espiritualidade adoecida e se expressa de maneira clara e feliz
em diversos livros sobre a importância de nos conhecermos o suficiente para encontrarmos
Deus dentro de nós. No livro A saúde como tarefa espiritual ele
traz um importante alerta para evitarmos uma espiritualidade asfixiante : ‘A
espiritualidade neurótica reprime a sombra e agarra-se forçosamente a ideais,
sem jamais conseguir realizá-los’. O neurótico deseja, mas não realiza. Música
é realização. Eucaristia é realização.
No Evangelho de João,
Jesus diz ser o pastor do rebanho e suas ovelhas o seguem. Discipulado é
seguimento. Suas ovelhas são os que ouvem sua voz, porém, não basta ouvir : é
necessário seguir, colocar-se em ação, entender a mensagem. O músico litúrgico
deve estar pleno do Espírito para bem servir ao Senhor com o coração afinado à
voz que diz ‘Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas
me conhecem’ (Jo 10,14). Quando a voz do Pastor se faz presente no coração do
músico, nada o impede de dedicar-se inteiramente aos estudos, ao treino e ao
trabalho que a música exige como reflexo de toda a criação de Deus.
Que a música
litúrgica nos conduza à saúde do corpo e da alma, fazendo ressoar o Espírito
Santo em todo o tempo, e que nossos corações cantem como no Salmo 83,5-6 :
‘Felizes
os que habitam vossa casa;
para
sempre haverão de vos louvar!
Felizes
os que em vós têm sua força,
e
se decidem a partir quais peregrinos!’.’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://revistaavemaria.com.br/musica-e-saude.html
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