Por Eliana Maria
(Ir. Gabriela, Obl. OSB)
‘A notícia de que um
familiar (pai, avô, marido) acabou de sofrer um Derrame cerebral é assustadora.
O tempo de internação, o período na UTI, os riscos de infecção ou a pneumonia
são somente algumas das angústias sofridas por quem está aflito pela vida do
seu ente querido. Mas, quando se recebe a informação de que este ente vai receber
alta do hospital, a sensação de alívio vem acompanhada de outras aflições. Será
que ele vai andar? O que é esse tubinho no nariz? Como ele vai tomar
banho?
É
assim que começa uma nova etapa na vida de muitas pessoas, a vida de cuidador.
Aquele indivíduo que fica responsável em cuidar de um ente querido que, por um
motivo ou outro, torna-se vulnerável e dependente de cuidados. Independente se
a origem da dependência foi Derrame Cerebral, Alzheimer, acidente
automobilístico, os pacientes com sequelas, muitas vezes, precisam de ajuda
para as atividades simples como, por exemplo, escovar os dentes e cabe a um
cuidador oferecer este tipo de cuidado.
Os
cuidadores normalmente passam mais de 20 horas por semana ajudando seus entes
queridos. Embora esta função possa ser profundamente gratificante, ela pode
gerar consequências na saúde e na qualidade de vida do cuidador. Um relatório
da Family Caregiver Alliance (uma organização de apoio aos cuidadores na
Califórnia-EUA) constatou que de 40% a 70% dos cuidadores apresentam sintomas
de depressão.
Este
problema ainda chama atenção pelo fato de que 41% dos cuidadores experimentaram
a depressão até 3 anos após a morte de seu cônjuge com doença de Alzheimer ou
outra forma de demência. Além disso, vale a pena destacar que a depressão em
cuidadores é maior em mulheres em relação a homens.
É
importante destacar que cuidar do próximo e ser cuidador não é a causa da
depressão, mas sim a maneira com que este cuidado acontece. Muitas pessoas, na
tentativa de dar o melhor de si ou por falta de apoio humano (familiares,
amigos) ou ainda por falta de recursos financeiros, acabam se sobrecarregando e
deixando de lado as suas próprias necessidades físicas e emocionais. Este
sacrifício pessoal gera sentimentos inadequados como raiva, tristeza, exaustão,
além de um grande sentimento de culpa justamente por ter estes sentimentos.
Os
principais problemas que os cuidadores sofrem decorrentes do cuidado com
pessoas com alta dependência são :
Privação
do sono – muitas vezes, um idoso com Alzheimer troca a noite pelo dia, fica
agitado impedindo que o cuidador tenha uma noite de sono adequada
Menos
tempo para socializar – As demandas com o familiar deixam o cuidador sem tempo
ou energia para encontros sociais.
Conflitos
– Muitas pessoas que estão precisando de cuidados podem ficar agitadas,
nervosas ou não aceitar seu estado de debilidade física e, por isso, acabam
agredindo ou tratando mal o cuidador.
Problemas
de trabalho e dinheiro – Não poucos cuidadores precisam conciliar os cuidados domiciliares
com as demandas de trabalho e os custos dos cuidados podem ser altos.
Falta
de apoio familiar – É comum os cuidadores se sentirem sós. Muitas vezes, os
cuidados são direcionados a um único familiar ou, ainda, a escolha do cuidador
entre os membros da família não leva em consideração as necessidades e vontades
do familiar (por exemplo : ‘ele não tem filhos, então tem mais tempo para os
cuidados’, ‘ela é a única mulher entre os filhos, portanto, tem mais jeito para
cuidar’, ‘Ele mora sozinho, então tem mais espaço em casa’)
Falta
de atenção à própria saúde – O cuidador, muitas vezes, deixa sua própria saúde
em segundo plano. A preocupação constante em levar seu familiar ao médico, ao
laboratório para fazer exames e a atenção em não se esquecer dos horários das
medicações do ente querido fazem com que ele acabe deixando de lado suas
próprias necessidades, se esquecendo de tomar seus próprios remédios, de fazer
seus exames de rotina etc.
Se
você é um cuidador, fique atento aos primeiros sintais de depressão, como
fadiga crônica, pensamentos negativos, insônia, choro fácil, ideações suicidas
e, caso já esteja tendo alguns destes sintomas, procure ajuda de um
profissional (médico ou psicólogo). E para evitar este problema vale a pena
tomar as seguintes medidas :
–
Dividir tarefas com outros membros da família
–
Garantir um tempo para um sono adequado (Caso necessário, revesse os cuidados
noturnos com outro familiar).
–
Não seja orgulhoso nem tenha vergonha e aceite ajuda. Muitas vezes, o cuidador
nega ajuda de voluntários ou de membros distantes da família
–
Não tenha remorso ao reservar tempos de lazer. Muitos cuidadores não se sentem
no direito de ter momentos de alegria quando seu ente querido está doente ou ‘preso
na cama’.
Em
suma, o cuidador tem uma missão repleta de desafios físicos e emocionais.
Embora seja uma demonstração de amor e dedicação aos entes queridos, o papel de
cuidador também pode ter um impacto significativo na saúde mental e na
qualidade de vida daqueles que assumem essa responsabilidade. Com medidas de
apoio, solidariedade familiar e conscientização sobre os desafios enfrentados
pelos cuidadores, pode ser criado um ambiente mais saudável e sustentável para
aqueles que dedicam suas vidas ao cuidado dos outros.’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://pt.aleteia.org/2023/10/20/quando-o-cuidador-precisa-de-cuidados/
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