segunda-feira, 16 de outubro de 2023

Amor sem fronteiras

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo de Paula Ascenção,

leiga missionária comboniana


Um destes dias estava tão cansada, que tudo o que me apetecia era deitar-me na cama e ficar a dormir a sesta. Mas, Deus, como sempre, chamava-me a partir. Respirei fundo, encontrei coragem e pus-me a caminho. Fui e o cansaço tornou-se felicidade. Não só minha, mas de todos aqueles que se alegraram com a minha presença. Entre essas pessoas há um senhor que se aproxima e repete inúmeras vezes : «Obrigado». Naqueles olhos, como em tantos outros em outros momentos, vi Deus. Vi Deus a agradecer-me por ter vencido o cansaço, deixado o sofá e vindo ao seu encontro.

Ter coragem de encontrar a Deus por vezes começa com o simples gesto de levantarmo-nos do sofá e partir. Pormo-nos a caminho e entregarmo-nos a cada pessoa, a cada atividade e a cada visita. A missão não tem data ou hora marcada. Quando dizemos sim à missão, dizemos sim com a nossa vida toda. A missão simplesmente é a nossa vida toda.

Deus convida-nos a fazer da vida a missão. Deus convida-nos a fazer da vida uma verdadeira missão de tal maneira que os outros, olhando-te e escutando-te possam ver em ti as palavras e obras de Jesus Cristo. Façamos Jesus Cristo verdadeiramente presente em cada dia, em cada projeto.

Lembremo-nos que Jesus nos diz que «saberão que são meus discípulos se vos amardes uns aos outros». Amemos. Amemos como o outro é, e não como queremos que seja. Amemos quem cruza o nosso caminho. Amando fazemos da missão a nossa vida toda. Isto porque ser missionário é responder com a vida a um convite para amar para a vida toda. Quando a amamos, dizemos novamente o nosso sim à missão. Quando amamos, reconhecemos Deus na vida, no mundo e nas pessoas. Quando amamos o mundo, somos capazes de ver nele a Deus. Quando amas tornas-te, em cada gesto, em cada beijo e em cada abraço, fonte de amor para os outros. Sempre que amas és missionário.

Ser missionário é um convite a viver com o outro, ser com o outro e a sentir com o outro. É um convite a trocar os nossos sapatos pelos seus, é o desafio de sentir os seus calos e conhecer as suas dores. Ser missionário é um convite a caminhar com o povo, que não tem fronteiras e não conhece quaisquer limites, porque também o amor não conhece barreiras ou limites. Ser missionário é amar sem fronteiras ou limites.

Ser missionário é um convite ao constante despojamento de querer. Só quando nos livramos de possuir a vida, o amor e a terra é que a vida, o amor e a terra vêm ao nosso encontro. Ser missionário é partilha e entrega de tudo o que somos.

Ser missionário é ter no coração a alegria de servir que não conhece cansaço somente sorrisos e abraços. Entregamo-nos porque ao amor não lhe basta ser. Ao amor não lhe basta existir. O amor que não se entrega morre. O amor que não se partilha perde a identidade. O amor precisa de entrega. O amor convida-te a entregar a vida. Em troca, cada uma das células do teu corpo será casa de amor, de rostos, de histórias, de sorrisos, de caminhos e de pessoas que irremediavelmente conquistaram o coração.’

Fonte : *Artigo na íntegra

https://www.combonianos.pt/alem-mar/opiniao/4/1029/amor-sem-fronteiras/

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