Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo de Paula Ascenção,
leiga missionária comboniana
‘Um destes dias estava
tão cansada, que tudo o que me apetecia era deitar-me na cama e ficar a dormir
a sesta. Mas, Deus, como sempre, chamava-me a partir. Respirei fundo, encontrei
coragem e pus-me a caminho. Fui e o cansaço tornou-se felicidade. Não só minha,
mas de todos aqueles que se alegraram com a minha presença. Entre essas pessoas
há um senhor que se aproxima e repete inúmeras vezes : «Obrigado». Naqueles
olhos, como em tantos outros em outros momentos, vi Deus. Vi Deus a
agradecer-me por ter vencido o cansaço, deixado o sofá e vindo ao seu encontro.
Ter coragem de
encontrar a Deus por vezes começa com o simples gesto de levantarmo-nos do sofá
e partir. Pormo-nos a caminho e entregarmo-nos a cada pessoa, a cada atividade
e a cada visita. A missão não tem data ou hora marcada. Quando dizemos sim à
missão, dizemos sim com a nossa vida toda. A missão simplesmente é a nossa vida
toda.
Deus convida-nos a
fazer da vida a missão. Deus convida-nos a fazer da vida uma verdadeira missão
de tal maneira que os outros, olhando-te e escutando-te possam ver em ti as
palavras e obras de Jesus Cristo. Façamos Jesus Cristo verdadeiramente presente
em cada dia, em cada projeto.
Lembremo-nos que
Jesus nos diz que «saberão que são meus discípulos se vos amardes uns aos
outros». Amemos. Amemos como o outro é, e não como queremos que seja. Amemos
quem cruza o nosso caminho. Amando fazemos da missão a nossa vida toda. Isto
porque ser missionário é responder com a vida a um convite para amar para a
vida toda. Quando a amamos, dizemos novamente o nosso sim à missão. Quando
amamos, reconhecemos Deus na vida, no mundo e nas pessoas. Quando amamos o
mundo, somos capazes de ver nele a Deus. Quando amas tornas-te, em cada gesto,
em cada beijo e em cada abraço, fonte de amor para os outros. Sempre que amas
és missionário.
Ser missionário é um
convite a viver com o outro, ser com o outro e a sentir com o outro. É um
convite a trocar os nossos sapatos pelos seus, é o desafio de sentir os seus
calos e conhecer as suas dores. Ser missionário é um convite a caminhar com o
povo, que não tem fronteiras e não conhece quaisquer limites, porque também o
amor não conhece barreiras ou limites. Ser missionário é amar sem fronteiras ou
limites.
Ser missionário é um
convite ao constante despojamento de querer. Só quando nos livramos de possuir
a vida, o amor e a terra é que a vida, o amor e a terra vêm ao nosso encontro.
Ser missionário é partilha e entrega de tudo o que somos.
Ser missionário é ter
no coração a alegria de servir que não conhece cansaço somente sorrisos e
abraços. Entregamo-nos porque ao amor não lhe basta ser. Ao amor não lhe basta
existir. O amor que não se entrega morre. O amor que não se partilha perde a
identidade. O amor precisa de entrega. O amor convida-te a entregar a vida. Em
troca, cada uma das células do teu corpo será casa de amor, de rostos, de
histórias, de sorrisos, de caminhos e de pessoas que irremediavelmente
conquistaram o coração.’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://www.combonianos.pt/alem-mar/opiniao/4/1029/amor-sem-fronteiras/
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