Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
‘Uma mudança importante
na vida de um padre recém-ordenado é começar a ouvir confissões. Embora o
tempo gasto no confessionário possa variar de uma a várias horas por semana,
mesmo apenas uma hora dedicada ao ofício pode ser bastante desgastante,
especialmente no início. Mesmo assim, é um grande exercício de compaixão.
É um privilégio e uma
graça singular oferecer o sacramento. Já testemunhei muitas confissões
comoventes e profundamente edificantes no meu curto período como
sacerdote. Ao mesmo tempo, é realmente desgastante. Muitas vezes saio
com uma leve dor de cabeça e uma sensação de tensão física geral.
Mas por que ouvir
confissões pode deixar um padre tão exausto? Um fator é, certamente, o
foco necessário para ouvir com precisão as informações sensíveis e importantes
transmitidas por outra pessoa sobre sua vida mais íntima. Outro ponto é a
expectativa de que o sacerdote dirija algumas palavras de conselho úteis ao
penitente, embora estas devam ser breves e modestas.
A
verdadeira razão, a meu ver, é o esforço do coração, da mente e da alma que
ocorre quando compartilhamos dos fardos de outra pessoa. Sempre que nos
permitimos participar das lutas dos outros, ouvindo atentamente e expressando a
nossa compaixão, isso tem um certo preço. Tal compaixão significa
abrir-nos para receber o fardo do outro como se fosse nosso.
Isso acontece muitas
vezes nas relações com familiares e amigos próximos, aqueles que recorrem a nós
quando estão em dificuldades. Também pode acontecer que conhecidos ou
mesmo estranhos nos procurem num momento de vulnerabilidade, quando a sua luta
se torna evidente. Sempre que isso ocorre há um preço a ser pago, porque
permitir que outra pessoa transfira o fardo para os nossos ombros faz com que
esse fardo seja nosso também. Não é mais apenas um problema ‘deles’.
Embora o papel do
confessor seja principalmente teológico e sacramental, também é humano. O
sacerdote atua como representante de Jesus, recebendo os pecados do penitente e
concedendo o perdão do Senhor — mas só pode fazê-lo como homem. Em cada
confissão, há um homem sentado do outro lado da tela, que se abriu a todos e
concordou em assumir seus fardos, mesmo que apenas por alguns momentos.
Ouvir confissões, com
todas as suas particularidades teológicas e pastorais, é também um exercício de
ampla experiência humana de compaixão.
Não tenha medo de
continuar se abrindo à compaixão. Embora possa ser desgastante, é uma
parte essencial de uma vida plenamente humana e cristã.’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://pt.aleteia.org/2023/08/30/direto-do-confessionario-por-que-a-compaixao-e-desgastante/
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