Por Eliana Maria
(Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo de Igor Precinoti
‘No caminhar da
humanidade, muitas foram as revoluções tecnológicas que mudaram o comportamento
e o modo de vida das pessoas. Desde o controle de fogo até o computador
pessoal, diversas foram as transformações que a humanidade passou decorrentes
das facilidades e das potencialidades de uma nova tecnologia. Hoje, a
inteligência artificial vem se mostrando uma tecnologia que está revolucionado
o dia a dia das pessoas e que promete transformações sociais ainda muito
maiores.
A inteligência
artificial é o campo da ciência da computação que estuda e desenvolve sistemas
capazes de realizar tarefas que normalmente requerem a inteligência humana,
tais como aprender através de dados e tomar decisões com base nas informações
disponíveis. Mas essa tecnologia não é nova, seu desenvolvimento começou na
década de 50, teve como marco histórico um famoso jogo de xadrez ocorrido em
1997, quando, pela primeira vez, um computador (chamado Deep Blue) ganhou do
campeão mundial Garry Gasparov, e agora está se popularizando com o Chatgpt, um
modelo de linguagem baseado em inteligência artificial capaz de desenvolver uma
variedade de tarefas e habilitado com Processamento de Linguagem Natural (NLP)
capaz de permitir uma comunicação natural, simulando outro ser
humano.
O uso da inteligência
artificial já é comum, mesmo que inconscientemente. Quase todas as pessoas que
utilizam celulares e eletrodomésticos já tiveram contato com algum tipo de
inteligência artificial, seja em jogos eletrônicos ou tradutores. Agora, é relativamente
comum o uso de inteligência artificial em hospitais e escritórios de advocacia,
mas o recurso a esta tecnologia em um Templo Budista levou a discussão a um
nível bem diferente. Em 2019, em um Templo localizado em Kyoto, no Japão,
foi instalado um Monge Robô chamado Mindar, em seu banco de dados estão
armazenadas as escrituras sagradas e práticas espirituais budistas e ele ainda
é capaz de interagir com as pessoas, guiar práticas meditativas e responder a
perguntas.
Contudo, até onde
isso vai chegar? Se as tecnologias são capazes de simular a interação humana ao
ponto de existirem monges robôs, o que vai diferenciar máquinas de seres
humanos? Será que, no futuro, robôs irão celebrar Missas?!
As inteligências
artificias conseguem detectar microexpressões faciais e padrões em uma conversa
identificando sentimentos e simulando empatia, elaborar textos e poemas por
meio de uma linguagem idêntica à humana e ainda podem inventar músicas e
desenhos artísticos de maneira criativa e original. Linguagem, criatividade,
empatia, características intrínsecas, e até então exclusivas, do ser humano
agora são compartilhadas por máquinas.
Em 1980, um filósofo
americano chamado John Searle, observando o desenvolvimento das tecnologias se
debruçou nestas questões e elaborou uma teoria : ela é chamada ‘Teoria do
chinês no quarto’
Imagine uma pessoa
que não sabe falar nem compreende a língua chinesa dentro de um quarto fechado.
Ela somente pode se comunicar com o exterior através de bilhetes por baixo da
porta. As pessoas que estão fora do quarto somente falam em chines e não sabem
quem está lá dentro.
Dentro deste quarto
existe, no entanto, um manual indicando quais símbolos (caracteres da língua
chinesa como ideogramas e pictogramas) ela deve desenhar em resposta aos
bilhetes em chinês que ele recebe. Ela não fala com ninguém, somente recebe o
bilhete, procura o desenho no manual, mesmo não sabendo o que está escrito (por
exemplo ‘Que dia é hoje?’), e, após encontrar o desenho correspondente, ela
desenha a resposta indicada no manual (‘Hoje é terça-feira’), e devolve o
bilhete respondido. Com o passar do tempo e quanto mais complexa é esta
interação, mais as pessoas que estão fora do quarto passam a ter certeza de que
o indivíduo, no interior do quarto, é fluente e compreende bem o chinês. Mas o
indivíduo lá dentro não faz ideia do que está sendo comunicado. Ele somente
segue as regras predeterminadas.
A questão central que
Searle propõe, com a teoria ‘do chinês no quarto’, é a seguinte : por mais que,
seguindo as regras do manual, o homem consiga gerar respostas e se comunicar
com chineses, será que ele compreende e tem consciência do que está sendo
comunicado? O mesmo ocorre com as inteligências artificiais. Por mais que elas
estejam especialistas na simulação do comportamento, conhecimento e pensamentos
humanos, falta lhes a consciência. As inteligências artificiais conseguem
simular (como um símio (macaco), em partes, faz) empatia,
linguagem, criatividade, mas nunca terão uma alma espiritual que é a base da
consciência humana.
A alma humana é a
parte essencial e imortal da natureza do homem e da mulher. Fonte da vida e da
individualidade, a alma é o alicerce da consciência e é a partir dela que
surgem as capacidades de pensamento, de raciocínio e de livre arbítrio. A
consciência é a voz interior que guia as escolhas morais humanas.
Por mais que as
máquinas sejam capazes de armazenar todas as escrituras sagradas, todos os
sermões, textos e livros escritos pelos hagiógrafos bíblicos, santos e doutores
da Igreja e por mais que as inteligências artificiais possam explicar e
responder diversas questões embasadas por toda esta vasta literatura,
falta-lhes a consciência, e é por meio dessa consciência que as pessoas são
chamadas a agir de acordo com a sua fé e os princípios espirituais.’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://pt.aleteia.org/2023/09/12/a-inteligencia-artificial-e-suas-repercussoes-na-espiritualidade/
Nenhum comentário:
Postar um comentário