Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo de Andrea Tornielli
Editorial do Vatican News
‘Nas palavras que o
Papa Francisco dirigiu à Igreja da Mongólia, pequena em número, mas grande em
caridade, encontramos preciosas percepções, úteis muito além das fronteiras
dessa terra onde o olhar se perde no horizonte das estepes. A essa Igreja ainda
nascente, o Sucessor de Pedro lembrou o que é a missão, ou seja, ‘gastar a
própria vida pelo Evangelho’. Disse que, justamente porque ‘se experimentou na
própria vida a ternura do amor de Deus’, aquele ‘Deus que se fez visível,
tocável, encontrável em Jesus’, boa notícia destinada a todos os povos, a
Igreja ‘não pode deixar de levar’ esse anúncio, ‘encarnando-o na própria vida e
'sussurrando-o' ao coração das pessoas e das culturas’.
A
imagem de ‘sussurrar ao coração’ é particularmente sugestiva. O cristianismo
não se espalhou graças a batalhas ou proclamações culturais estrondosas; nem -
por outro lado - por meio da acomodação daquela religião burguesa, composta de
ritos, tradições e vida tranquila já denunciada por Charles Peguy. É um anúncio
a ser testemunhado, antes de tudo, com a própria vida e, assim, sussurrá-lo aos
corações das pessoas e das culturas. O verbo ‘sussurrar’ lembra aquela passagem
do Primeiro Livro dos Reis, onde Deus não se manifesta ao profeta Elias em um
terremoto ou fogo, mas no ‘murmúrio de um vento suave’.
É
somente o brilho do testemunho que pode realmente atrair. Não é por acaso que
Friedrich Nietzsche repreendeu os cristãos de sua época : ‘Por sua fé, seus
rostos sempre foram mais prejudiciais do que nossas razões!’.
O
caminho privilegiado do testemunho, como se vê encarnado na realidade da
pequena Igreja da Mongólia, é a caridade. Francisco convidou os católicos desse
país a permanecerem sempre em contato com o rosto de Jesus para retornar sempre
de novo àquele olhar original do qual tudo nasceu. Porque, caso contrário, até
mesmo o compromisso pastoral ‘corre o risco de se tornar uma prestação estéril
de serviços, em uma sucessão de ações devidas que acabam não transmitindo nada’.
O
Papa enfatizou então que o Nazareno, ao enviar seus seguidores em missão, não
os enviou ‘para difundir um pensamento político, mas para testemunhar com a
vida a novidade da relação com seu Pai, que se tornou 'nosso Pai',
desencadeando assim uma fraternidade concreta com todos os povos’. A Igreja que
nasce desse mandato é, portanto, pobre, não depende de seus próprios recursos,
estruturas e privilégios, não precisa da muleta do poder, mas ‘se apóia somente
em uma fé genuína, no poder desarmante e desarmado do Ressuscitado, capaz de
aliviar o sofrimento da humanidade ferida’. É por isso que, acrescentou
Francisco, os governos e as instituições seculares ‘não têm nada a temer em
relação a ação evangelizadora da Igreja, porque ela não tem uma agenda política
a seguir, mas conhece apenas o poder humilde da graça de Deus e de uma Palavra
de misericórdia e verdade, capaz de promover o bem de todos’. Palavras
significativas não apenas para um país como a Mongólia, onde o respeito pelas
diferentes religiões tem uma tradição secular, mas também para seus grandes ‘vizinhos’
de fronteira.’
Fonte : *Artigo na íntegra
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