Por Eliana Maria
(Ir. Gabriela, Obl. OSB)
presidente da Cáritas portuguesa
‘Escreve o Papa
Francisco : «A caridade alegra-se ao ver o outro crescer; e de igual modo sofre
quando o encontra na angústia : sozinho, doente, sem abrigo, desprezado,
necessitado... A caridade é o impulso do coração que nos faz sair de nós mesmos
gerando o vínculo da partilha e da comunhão» (Mensagem para a Quaresma 2021).
A
Rede Cáritas em Portugal tem vindo a consolidar um lema que quase usa como
assinatura : Cáritas, o Amor que transforma. A Rede Internacional
usa o Together we [Juntos é o lema da campanha
mundial 2021-2024, um convite a que todos desempenhemos um papel ativo no
cuidado da nossa Casa Comum e dos pobres, para tornar o nosso planeta um lugar
melhor e mais saudável para as gerações atuais e futuras]. É uma forma de
identificar em poucas palavras o pulsar da rede. Assumir que a caridade é uma
das nossas forças, a ferramenta no agir e o exemplo na ação.
É
olhar para a caridade como uma cultura estratégica e um processo de inspiração
nos desafios do cuidar de problemas sociais cada vez mais complexos.
É
procurar encontrar formas de autonomizar, inserir, inovar, incluir muito para
lá do apoio pontual ou ocasional que «desatormenta», mas não cura.
É
considerar que em comunidade todos podemos ser recurso e solução. Ninguém se
salva sozinho, não há uma só receita e todos podemos ter o trunfo certo.
Quando
jogava às escondidas, lembro-me de que o último podia salvar todos… Às vezes o
mais pequenino chegava à partida e dizia : «(X) salva todos». Já então
era o «todos, todos, todos e cada um» que nos dias da Jornada Mundial da
Juventude tanto nos inspiraram.
A
comunhão fraterna que não quer deixar ninguém de fora tem de usar a caridade
com todos os dons, vantagens e tesouros que temos, quer seja uma causa
humanitária, uma campanha de emergência ou uma estratégia, iniciativa, missão
ou ação para mudar as vidas dos mais vulneráveis, cuidar da Casa Comum ou
confortar quem sofre.
A
caridade não é uma ferramenta frágil, é um trunfo, que unido a uma escuta
ativa, uma vigilância permanente e aos recursos de que dispusermos pode
transformar vidas. Como refere o Papa Francisco, «a partir do ‘amor social’, é
possível avançar para uma civilização do amor a que todos nos podemos sentir
chamados. Com o seu dinamismo universal, a caridade pode construir um mundo
novo, porque não é um sentimento estéril, mas o modo melhor de alcançar vias
eficazes de desenvolvimento para todos» (Fratelli Tutti, 183).
Nos
dias que correm, desvaloriza-se muito o sentido da caridade, mas na verdade é a
caridade que salva. A caridade não desiste mesmo com a escassez e todas as
tormentas. Se não conseguimos a solução ideal, tentaremos construir uma que nos
permita o princípio do caminho para uma solução.
Cáritas
é o amor que transforma. Como Francisco tem pedido incessantemente : «Não
tenham medo.» Vamos lá então!’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://www.combonianos.pt/alem-mar/opiniao/4/1005/a-caridade-que-transforma/
Nenhum comentário:
Postar um comentário