Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo de
Philip Kosloski,
escritor e designer gráfico
‘A
regularidade na oração é uma das dificuldades mais árduas que nos surgem no
caminho do crescimento espiritual. Há dias em que nos sentimos repletos
de grande fervor e rezamos durante uma hora inteira sem distrações, mas, ao nos
levantarmos no dia seguinte, esse fogo já se apagou e o nosso horário
conturbado acaba dificultando que nos recolhamos com calma em qualquer momento
da jornada.
Assim,
a nossa vida de oração se torna esporádica, no melhor dos casos, e nem sabemos
quando vamos nos aquietar para rezar de novo.
Para
solucionar esse problema comum e proporcionar mais consistência à vida de
oração, as comunidades religiosas criaram já nos início da cristandade o horarium.
Esta palavra latina, que significa ‘horário’ em geral, adquire neste
contexto o sentido específico de horário para a oração. É uma tradição com
profundas raízes bíblicas.
No
Antigo Testamento
O rei
Davi, a quem se creditam os Salmos, proclamou : ‘De tarde, de manhã, ao
meio-dia, gemo e me lamento, mas Ele escutará o meu clamor’ (Salmo 55, 18).
O
profeta Daniel também parecia ter um horário específico de oração : três vezes
por dia ele se punha de joelhos, invocando e louvando a Deus (cf. Daniel 6,
11).
O
próprio povo judeu começou a tradição de rezar três vezes ao dia, de manhã, à
tarde e à noite.
No
início do cristianismo
Os
cristãos também reconheceram desde os primórdios a necessidade de deixar de
lado as demais atividades para se dedicarem à oração em vários momentos
específicos do dia, de modo a garantirem que a oração estivesse integrada
ao seu horário cotidiano.
Os
apóstolos de Jesus haviam continuado, inicialmente, a observar as tradições
judaicas, mantendo as orações nas horas designadas. Com o tempo, no entanto,
deixou de parecer suficiente rezar três vezes ao dia, já que bem se podia, como
exortara São Paulo aos tessalonicenses, ‘orar sem cessar’.
Além
de transformar todos os seus atos em oferecimento a Deus, eles sabiam que
é importante dedicar momentos ‘exclusivos’ a ficar com o Pai à vontade,
sem outras distrações e preocupações.
Os
sinos das igrejas, por exemplo, recordavam esse compromisso e convidavam todo o
povo a uma pausa para o recolhimento.
Inspirando-se
em passagens como a que diz ‘Sete vezes ao dia eu te louvo pelos teus
retos juízos’ (cf. Salmo 119, 164), São Bento criou um horário rigoroso de
oração para os seus monges, que interrompiam todas as demais atividades ao
longo do dia para rezar nas horas indicadas.
Em
nosso dia-a-dia
Em
tempos como os nossos, quando os horários estão mais apertados do que nunca,
manter um horarium é muito importante para nos enraizarmos
cada dia mais na vida espiritual e respeitarmos a prioridade merecida pela
oração.
Os momentos
e a duração dependem de cada um, mas o importante é integrar a oração ao
horário do dia-a-dia. Se for para citar um exemplo, 10 minutos por dia
poderiam ser um bom ponto de partida para quem ainda não está acostumado a
parar para se recolher e conversar com Deus. Esse tempo irá aumentando conforme
se cresce na relação com Ele. São Francisco de Sales, a propósito, chegou a
declarar :
‘Cada
um de nós precisa de meia hora de oração por dia, a não ser que esteja ocupado.
Nesse caso, precisamos de uma hora’.
É
verdade que todas as nossas atividades podem (e devem) ser oferecidas a Deus
como oração viva, mas também é verdade que é vital dedicar momentos específicos
do dia para conversar de coração a coração com Ele, sem qualquer outra
distração. Assim fomentamos uma relação mais profunda e nos abrimos melhor às
graças que nosso Pai deseja oferecer à nossa liberdade.
E
então, já está pensando em definir o seu horarium?’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://pt.aleteia.org/2022/05/15/o-que-e-um-horarium-e-por-que-todos-deveriam-ter-um/
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