Por Eliana
Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
Arquiteto deu à capela do Joyce Center 52 pequenas luminárias em forma de bolas em diferentes alturas para emular a galáxia (América Magazine)
*Artigo
de Jim McDermott, S.J.,
correspondente da America
Tradução : Ramón Lara
‘O
termo retiro implica uma ação que é, ao mesmo tempo, sair e entrar em um lugar;
nós nos retiramos para algum espaço longe de nossas vidas normais.
E,
no entanto, a estrutura física do lugar para onde vamos fazer o retiro, coisas
como a proposta visual e o design, são elementos-chave para nossa experiência
espiritual. ‘Nossos corpos são nossa principal forma de conhecer o mundo’,
diz o arquiteto Terrence Curry, S.J. A forma como o mundo está estruturado
informa tudo, desde como nos sentimos e pensamos sobre nós mesmos, até nossa
experiência de Deus.
Algumas
características arquitetônicas de estruturas religiosas parecem funcionar para
todos. O padre Curry observa a forma como ‘a imensidão e o infinito induzem
uma experiência de admiração’, bem como a satisfação que todos obtemos de
uma composição que é harmônica e envolvente. ‘Nossos cérebros estão
constantemente tentando dar sentido às coisas; cada vez que olhamos para um
espaço, tentamos entendê-lo’.
Outras
opções de design não são tão universalmente aceitas. Consideremos os centros de
retiro ao estilo dos anos 1950, enormes prédios antigos de noviciado e
conventos em algum lugar na floresta, adaptados para serem lugares
convencionais. Para alguns, seu monumentalismo sólido oferece uma sensação
reconfortante de permanência, um Deus que é forte e imperturbável. Outros acham
que essas estruturas nos fazem sentir pequenos e sem importância. Elas parecem
exigir submissão em vez de convidar para um relacionamento com Deus.
Hoje,
vários arquitetos de centros de retiros em todo os Estados Unidos estão
pensando intencionalmente sobre essa relação entre o ambiente físico e a
experiência espiritual. Seu trabalho sugere maneiras importantes pelas quais o
design pode ajudar as pessoas a crescerem em seu relacionamento com Deus.
Exercícios espirituais
em vidro e pedra
Durante
décadas, a Faculdade de Santa Cruz em Worcester, Massachusetts, ofereceu os
Exercícios Espirituais de Santo Inácio quatro vezes por ano em um centro de
retiro diocesano, na costa do Atlântico, em Narragansett, USA, cerca de duas
horas do campus do colégio. A experiência foi muito popular. ‘Você ouve
histórias de casais que levam seus filhos para mostrar o local onde fizeram o
retiro’, diz Paul Harman, S.J., ex-vice-presidente de pastoral da
universidade.
Quando
o centro de retiro fechou, a Santa Cruz começou a considerar a possibilidade de
criar um lugar próprio. Anos de busca finalmente os levaram a 50 acres de
floresta com vista para o Reservatório Wachusett, perto de Worcester.
Sua
localização, perto do campus, permitiria aos capelães da faculdade oferecer não
apenas fins de semana ou semanas inteiras de retiro, mas programas durante
alguns dias ou à noite. E as vistas ao mar ofereceriam às pessoas a melhor
introdução ao mundo espiritual. ‘Narragansett foi um caminho para nós’,
diz Marybeth Kearns-Barrett, diretora do College Chaplains. ‘Sabíamos que
queríamos algo que fosse um sinal do mundo natural e da presença de Deus neste
mundo, um lugar que deixasse você abismado’.
Nascer do sol no Joyce Center (foto: John
Cannon)
Michael
Pagano, o arquiteto-chefe do projeto da Lamoureux Pagano Associates, passou
meses aprendendo com o comitê de planejamento da universidade, não apenas sobre
os tipos de programas que os capelães planejavam conduzir no centro, mas também
sobre a espiritualidade de Santo Inácio de Loiola, na qual eles se formaram. No
final, o grupo decidiu que todos os elementos do edifício deveriam ser
inspirados de alguma forma nos Exercícios Espirituais.
A
simplicidade tornou-se um elemento-chave para satisfazer esse desejo. O projeto
contaria com apenas alguns materiais principais – vidro, pedra e madeira. O
design também seria de fácil compreensão, com os espaços públicos da sala de
jantar, a sala de reuniões e a capela, todos de um lado do edifício e a ala
residencial do outro. Quanto mais simples a estrutura do edifício, acreditavam
os arquitetos, menos distrações potenciais ofereceria aos participantes dos
retiros e mais fácil seria para essas pessoas se sentirem em casa. ‘Queríamos
que os alunos sentissem que podiam respirar aqui’, explicou Megan
Fox-Kelly, capelã associada e diretora de retiros. O resultado esperado, diz
Pagano, ‘é uma sensação de conforto e de boas-vindas. Uma sensação de
quietude’.
A
ideia de criar um espaço com o mínimo de distrações levou a outras escolhas
também. O estacionamento foi colocado na colina atrás do centro, onde não podia
ser visto. O centro também está localizado no final de uma estrada sinuosa de
quatro quarteirões em uma colina que passa por uma área arborizada, caminho que
proporciona aos participantes a experiência física de deixar para trás o mundo
comum. O prédio, de três andares, também foi construído na colina, e não no
topo dela. ‘Queríamos que a paisagem natural dominasse a experiência’,
explica Pagano.
Kearns-Barrett
visitou Taliesin West em Scottsdale, Arizona, e ficou impressionada com a
maneira como Wright tentou fazer o exterior se misturar perfeitamente com o
interior. ‘Essa ideia de trazer para o interior o mundo externo é tão
inaciana’, diz Barrett. ‘Estamos sempre tentando dizer : ‘Olhe para o
mundo; lá você encontrará Deus, em toda a sua beleza, em toda a sua aspereza e
em toda a sua grandiosidade avassaladora’.
Em
qualquer lugar que você vá no Joyce Center, você encontrará janelas amplas que
oferecem vistas para o reservatório, sobre o qual o sol nasce todas as manhãs.
Isso oferece ‘uma forma maravilhosa de centrar a oração’, diz Philip
Boroughs, S.J., presidente da Santa Cruz. Kearns-Barrett concorda, observando
que a vista também atrai os alunos para fora de si : ‘Às vezes, um retiro
pode se tornar muito autocentrado. Ver o que está lá fora, é como se algo maior
do que você trouxesse você de volta’.
Enquanto
isso, os 48 quartos do lado oeste têm janelas grandes com vista para a floresta
próxima, através da qual o sol se põe. As salas ao lado da capela para
orientação espiritual e confissão também receberam janelas grandes com vista
para o bosque. ‘Em algumas casas de retiro, as salas de direção espiritual
podem parecer tão escuras e frias’, explica Fox-Kelly. ‘Queríamos que a
nossa casa fosse um espaço onde os alunos pudessem se sentir confortáveis e
convidados’.
Ao
ler sobre Santo Inácio, Pagano foi tocado pela história de como o santo gostava
de olhar para as estrelas. Para fornecer um pouco dessa experiência, o
arquiteto deu à capela 52 pequenas luminárias em forma de bolas em diferentes
alturas e em um padrão que sutilmente espelha uma galáxia em espiral. Os alunos
‘se sentam ou se deitam no chão e olham para as estrelas’, diz
Fox-Kelly. ‘É incrível’.
Ao
considerar obras de arte para o edifício, os capelães escolheram peças que
refletem as principais imagens das escrituras que costumam usar em retiros. ‘Se
os participantes quiserem orar com algumas passagens das Escrituras, podemos
convidar as pessoas a sentar-se na frente delas’, disse Fox-Kelly.
Enquanto
isso, o padre Boroughs teve a ideia de incluir fotografias de iconografia
religiosa do campus, como detalhes de estátuas; e Kearns-Barrett convidou os
artistas que projetaram o altar, o púlpito e o crucifixo da capela do colégio
para desenhar as peças da capela da casa de retiro. A esperança é que esses
tipos de detalhes possam permitir que a experiência que as pessoas têm no
centro faça elas se sentirem em casa. ‘Eu volto para o campus e me lembro do
meu retiro novamente’, explica Fox-Kelly.
O
centro também oferece uma grande variedade de espaços para orar. Além da capela
e da sala de jantar, as salas em todo o edifício oferecem espaços tranquilos
nos quais as pessoas podem sentar-se e olhar para o mar, a floresta, um pátio
interno ou algumas das obras de arte do edifício. A sala de entrada do prédio
também foi projetada como a sala de uma casa, com lareira, sofás e uma longa
estante encostada à janela, onde os alunos gostam de pegar travesseiros,
cobertores e sentar-se juntos.
O
centro parece inspirar essas experiências pessoais naturalmente. Descobrindo as
longas janelas que davam para a floresta nas escadarias silenciosas, os alunos
moveram cadeiras para lá. Um capelão teve a ideia de virar algumas cadeiras
perto da sala de jantar para o pátio lateral. ‘Foi como uma experiência
totalmente nova’, diz a Sra. Kearns-Barrett. ‘Tantos jovens começaram a
comer suas refeições voltadas para aquelas paisagens, ou apenas sentavam lá
durante o dia’. O projeto do edifício, portanto, tornou-se um meio de viver
o convite para um retiro inaciano, capacitando as pessoas a confiarem em seus
próprios instintos e relacionamento com Deus.
Cristo no Deserto :
refúgio e maravilha
A
21 quilômetros ao longo de uma estrada de terra vermelha e sinuosa no
centro-norte do Novo México, o Mosteiro Beneditino de Cristo no Deserto tem
surpreendentemente poucos edifícios. A abadia, propriamente dita, e uma pequena
igreja, situam-se no topo de uma elevação. A igreja foi construída com a mesma
pedra das elevações que se erguem atrás dela, como se tivesse sido escavada na
montanha.
Uma
pousada simples de adobe e uma pequena casa de fazenda independente ficam a
cinco minutos de caminhada colina abaixo. Em termos de arquitetura, é isso. Se
o objetivo do Joyce Center é eliminar a separação entre o interior e o exterior,
Cristo no Deserto oferece o próprio cenário do cânion como a ‘estrutura’
para inspirar a experiência espiritual das pessoas.
O Mosteiro Beneditino de Cristo no Deserto no
Novo México foi construído com a mesma pedra que as formações rochosas que se
erguem atrás dele, como se tivesse sido escavado nelas (foto: CNS).
Há
sabedoria nessa decisão. O silêncio e a quietude das elevações rochosas do
deserto têm um efeito poderoso no lugar; funcionam como uma frente de alta
pressão, forçando você a diminuir a velocidade e caminhar suavemente. Com o
passar dos dias, o espaço parece afastar naturalmente qualquer ocupação
interna, deixando espaço para você simplesmente ficar quieto e encontrar Deus
no silêncio e nas belezas sutis deste lugar.
A
igreja da abadia, projetada na década de 1960 por George Nakashima, inspira-se
no terreno ao seu redor, não apenas em sua construção de pedra, mas também nos
enormes painéis de vidro que circundam as paredes superiores. Assim como no
Joyce Center, o mundo é oferecido como material para contemplação – os céus e
penhascos que se erguem ao redor da igreja, suas cores mudando constantemente
com a luz; a lua e as estrelas à noite.
Aqui,
o convite da arquitetura suscita uma resposta física. Os olhos da pessoa são
constantemente atraídos para cima, para essas janelas; o corpo assume
naturalmente uma postura de busca, de olhar para além de si mesmo. É uma pose
bem adequada a uma estrutura construída para a Liturgia das Horas, aqui cantada
pelos monges ao longo do dia. Os participantes dos retiros olham para cima,
refletindo as preces dos monges levantadas em esperança ao Senhor.
Os
beneditinos passaram a usar o ambiente de maneiras diferentes. O incenso na
missa dominical cria uma visão da luz do sol que se derrama em forma de raios,
e que enche a igreja toda, transformando o pequeno e simples espaço de oração
em algo de outro mundo. Da mesma forma, o grande tabernáculo independente, que
quando aberto exibe ícones de santos de nove países (representando algumas das
diferentes nacionalidades dos monges), brilha fortemente no sol da tarde. Ao
rezar nesta igreja, a noção da Missa como uma abertura da eternidade torna-se
uma experiência real de vida.
A
casa de hóspedes na estrada tem uma qualidade inesperadamente semelhante a uma
fortaleza; não há janelas ou uma área de recepção, apenas um conjunto de portas
de vigas de madeira que demoram um pouco para abrir. De fora, você não tem
noção do que está dentro : 13 quartos aninhados ao redor de um pátio e com
vista para as lindas elevações e o rio do Vale Chama.
Mas
por mais desconcertante que pareça essa entrada – tão diferente da típica casa
de retiro – vem com ela uma sensação imediata de privacidade e segurança.
Durante os dias em que você fica lá : esse é o seu espaço. O guia colocado em
cada quarto vai além : ‘Esta orientação certamente não responderá a todas as
perguntas que você terá durante a sua estadia’, escreve o mestre de
visitas. ‘Descobrimos que buscar a Deus é sempre um pouco misterioso e
requer a necessidade de se questionar, interrogar, refletir e orar por uma
compreensão mais profunda do que está diante de nós’.
Em
seu livro A poética do espaço, o filósofo francês Gaston Bachelard
fala sobre a necessidade humana de espaços semelhantes a cavernas. ‘Dá um
prazer físico’, escreve o francês, habitar ‘a primitividade de um
refúgio’.
Em
um lugar onde o calor, o frio ou a chuva brutal podem descer e a escuridão da
noite às vezes é assustadoramente absoluta, os quartos do Cristo no Deserto
funcionam como a caverna de Bachelard. Muitos dos participantes são pouco mais
do que pequenos seres, mas o artesanato da mobília de alguma forma proporciona
uma sensação imediata de conforto e casa.
O
item mais significativo em cada quarto é uma grande reprodução de uma pintura
religiosa, como a imagem pungente de Bartolomé Esteban Murillo de São Francisco
abraçando o Cristo crucificado. Colocado em quartos tão pequenos e simples, a
arte oferece seu próprio convite poderoso para a oração.
Christian
Leisy, O.S.B., o abade do mosteiro, observa que a localização do centro de
retiro em um cânion é um lugar um tanto incomum para uma comunidade beneditina.
‘As abadias beneditinas estão tradicionalmente localizadas nas montanhas’,
explica. ‘Essa é a tradição de Monte Cassino ou Subiaco’. Mas ele
acredita que sua localização física cria uma experiência espiritual única : ‘Eu
penso em Deus nos abraçando neste espaço de muitas maneiras’.
O Centro da Pastoral
da Espiritualidade : nenhum lugar como o lar
Visto
de fora, o Centro da Pastoral da Espiritualidade na comunidade de Ocean Beach
em San Diego parece um conjunto de casas geminadas de dois andares no meio de
um quarteirão suburbano. Mais adiante na rua, as crianças correm brincando com
seus cachorros, enquanto os jovens se sentam em cadeiras de jardim ouvindo os
padres no rádio. Esta é uma comunidade de vendas de garagem e bandeiras americanas,
alimentadores de pássaros e palmeiras, como aquelas que se vêm nos filmes. A 10
minutos a pé, no centro da cidade, os turistas passam por lojas de souvenirs
enquanto as crianças sem-teto vendem pinturas e pedem dinheiro na praia.
Em
outras palavras, é um local inesperado para uma casa de retiro. E
intencionalmente; quando a Sociedade do Sagrado Coração decidiu abrir um centro
de retiros em 1987, eles o fizeram inspirados pela ideia de unir a contemplação
e a vida cotidiana. ‘A ideia era deixar essas grandes casas isoladas e
protegidas, onde todos estão enfurnados e imersos na vida normal e comum’,
diz Marie-Louise Flick, R.S.C.J., diretora do centro.
As
duas casas da frente do centro são a comunidade das freiras que ali trabalham e
são também o ponto de encontro para oficinas de oração, psicologia,
espiritualidade e arte. Enquanto isso, a outra metade do centro oferece quartos
para até quatro participantes de retiro, que podem vir para qualquer coisa,
desde um fim de semana de descanso até 40 dias de retiro.
No Centro de Ministério Espiritual na comunidade
de Ocean Beach em San Diego, cada detalhe do espaço foi considerado com o
objetivo de dar aos retirantes uma experiência de casa (foto: o Centro de
Ministério Espiritual).
Cada
detalhe do espaço foi considerado com o objetivo de proporcionar aos
participantes uma experiência de casa. As camas são muito maiores do que
normalmente encontramos em um centro de retiro, com colchões e roupas de cama
confortáveis. Os quartos também dispõem de uma agradável área de estar, grandes
closets e banheiro privativo. ‘Acreditamos que o conforto é importante’,
explica a irmã Flick.
Ao
mesmo tempo, o espaço é simples. ‘Não temos muito luxo por aí’, diz a
irmã Flick. A obra de arte nas paredes é discreta e, embora os móveis sejam
confortáveis, nem todos combinam. Nem os lençóis. Para as irmãs, isso também
significa criar um sentimento de lar. ‘Nosso modelo é não sermos
institucionais’, diz Jane O’Shaughnessy, R.S.C.J., membro da equipe. ‘As
pessoas podem vir, e o retiro é organizado da maneira que quiserem’.
A
ideia de fazer um retiro em um lugar muito parecido com o que você deixou em
casa pode parecer estranha. Mesmo assim, as irmãs testemunharam como estar em
um espaço que parece e dá a sensação de um lar, sem todas as responsabilidades
de um, cria uma sensação de liberdade e descanso. ‘As pessoas realmente
gostam da facilidade disso’, diz a irmã O’Shaughnessy. ‘As pessoas
encontram sua zona de conforto’.
Cozinhar
para si mesmo – parte da configuração do centro – acabou sendo uma parte
poderosa dessa experiência para alguns, também. ‘As pessoas realmente gostam
da liberdade de comer o que quiserem, quando quiserem’, explica a irmã
Flick. ‘Criamos uma espécie de eremitério para as pessoas; na verdade,
amplificamos o silêncio e as rotinas dos participantes’.
E
em uma agradável noite de San Diego, fazer uma refeição simples sozinho em um
pátio enquanto as estrelas aparecem lentamente é em si uma espécie de
experiência espiritual. A luz muda tão gradualmente que você começa a
desacelerar naturalmente, saboreando o mundo ao seu redor.
Outra
coisa que tornou o Centro da Pastoral da Espiritualidade excepcionalmente
atraente para os hóspedes é sua proximidade com o distrito comercial de Ocean
Beach. Para os visitantes, as ruas do bairro tornam-se parte da experiência,
uma espécie de verdadeiro labirinto em que o caminhar das pessoas pode espelhar
o que estão passando espiritualmente. E muitas vezes, nessa atividade, os
participantes têm experiências poderosas de descoberta ou de serem descobertos
por Deus. A irmã O'Shaughnessy relembrou uma mulher da Costa Leste : ‘Ela
veio com sua prancha de surfe, alugou uma bicicleta e visitou vários lugares.
Quando me encontrei com ela e perguntei onde estava Jesus, ela disse que Jesus
estava na rocha, ‘estava surfando lá comigo’’.
Em A
geometria do amor, de Margaret Visser, um livro best-seller sobre a
arquitetura e a espiritualidade da Igreja de Santa Inês em Roma, a autora
escreve : ‘Uma igreja é deliberadamente ordenada para o vindouro, para o
futuro’. A estrutura é apresentada ‘como uma certa trajetória da alma’.
Há um ‘enredo’ na arquitetura, uma história sendo contada.
Por
mais diferentes que sejam na configuração e no design, o Centro Joyce, o
Mosteiro de Cristo no Deserto e Centro da Pastoral da Espiritualidade
compartilham um interesse pela simplicidade e pelo mundo como uma fonte
fundamental de graça. Essas características dão aos lugares uma orientação
ligeiramente diferente da imagem de igreja de Visser. Em vez de ser apontada
para um futuro, a casa de retiro moderna pretende uma apreciação aprofundada do
presente diverso, uma oportunidade para descobrir, como Gerard Manley Hopkins,
SJ escreveu, que ‘Cristo atua em dez mil lugares, faz-se/ Formoso em
membros, e olhos de outros, onde é visto/ Até ao Pai pelas feições de humanas
faces’.
Como
todas as instituições católicas, esses centros têm como fundamento e propósito
nossa história compartilhada, a história da salvação. E, no entanto, em vez de
direcionar as pessoas para esse caminho, eles parecem construídos para permitir
que todas as pessoas que os visitam encontrem o Deus que os ama como são, à sua
maneira.’
Fonte : *Artigo na íntegra https://domtotal.com/noticia/1467470/2020/08/casas-de-retiro-se-reinventam-na-relacao-entre-arquitetura-e-espiritualidade/