*Artigo do Padre Robert McTeigue, SJ
‘A luxúria
é listada como um dos sete pecados capitais. Aristóteles identifica a
pessoa caracterizada pelo vício como ‘cruel’, alguém que é governado
principalmente por paixões. As paixões não são puramente físicas, mas isso é
outra história para outra época. Uma pessoa cruel pode querer ficar bêbada; uma
pessoa astuta pode querer te embebedar. Se entendermos a luxúria como uma forma
de desejo incessante, e o tipo mais perigoso de luxúria como conivente, podemos
notar que a luxúria não é apenas uma dinâmica corporal.
Vamos
colocar desta forma : luxúria = mente sobre a matéria.
O
provérbio ‘A corrupção dos melhores é o pior’ é uma maneira útil de
entender a desordem da alma, que pode sucumbir à luxúria. Nossas paixões
básicas, deixadas sem controle, podem nos levar a um comportamento abaixo da
dignidade humana e prejudicial à saúde. E se o que é mais alto em nós for
deixado sem orientação, permitido a ser estimulado por desejos de novidade e
autobusca que normalmente se associa a desejos mais simples e básicos?
No
pecado sexual, a pessoa humana permite que seu desejo seja afixado ao que a
natureza e Deus não permitiram. A luxúria sexual é a birra de uma pessoa
egoísta, enfurecida, porque a lei moral diz : ‘Não ultrapasse essas
fronteiras – ou mais!’. E se encararmos a luxúria como uma birra da alma em
resposta às linhas traçadas pela Revelação Sagrada? Por exemplo : ‘Foi assim
que Deus definiu o casamento’; ‘Este é o propósito do sexo’; ‘É
assim que Deus deve ser adorado.’
A
novidade é um desejo desordenado, que pode tornar-se imperioso por uma pessoa
que deveria conhecer melhor Deus. Uma pessoa assim não está satisfeita nem
completa com a Revelação Sagrada. Como uma pessoa promíscua quer sexo nos seus
próprios termos, também a alma entregue à luxúria da novidade quer Deus nos
seus próprios termos.
A
alma indisciplinada, recusando-se a aprender a se satisfazer com a revelação de
Deus, cede a um desejo infinito. Isso não deveria nos surpreender. Somos feitos
para o infinito; se não somos preenchidos com um bem infinito, ficaremos com um
vazio infinito. A alma ilustra a fórmula : LUXÚRIA = MENTE SOBRE A MATÉRIA. Ou
seja, a luxúria recusa limites. A alma indisciplinada, recusando-se a se
satisfazer com Deus, começa a ecoar a serpente : ‘Você não morrerá; pois
Deus sabe que quando você comer, seus olhos serão abertos e você será como
Deus, conhecendo o bem e o mal.’ (Gênesis 3, 4-5)
A
alma indisciplinada pode embebedar-se com o poder (aparente, mas fugaz) de reescrever
a revelação, redefinindo Deus – procurando maneiras sempre novas de decidir por
nós mesmos o que é verdadeiro, bom, bonito, santo, divino, diabólico. Mas
qualquer viciado lhe dirá que nunca é suficiente. Você sempre cai após a alta;
a emoção diminui – e diminui muito rapidamente. São necessárias doses cada vez
maiores, que alcançam cada vez menos. Eventualmente, alguém pára (ou morre).
Deus
é o autor da Revelação Sagrada. Ou somos alimentados e nutridos por ela, ou
cedemos às demandas de desejos que nunca podem descansar. Vamos trabalhar e
orar juntos para que rendamos à verdade, em vez de nos esforçarmos para ser seu
mestre.’
Fonte
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