Lee Man-hee, líder de igreja coreana, curvou-se no chão e pediu desculpas por causar a disseminação 'não intencional' do Covid-19
*Artigo
de Fabrício Veliq,
teólogo protestante
‘Recentemente,
o líder da igreja sul-coreana Shincheonji, Man-hee, pediu desculpas pela
disseminação do novo coronavírus atribuída à sua congregação, que estima-se ser
responsável pela metade das infecções no país. Ele é acusado de não revelar os
nomes dos fiéis que estavam contaminados, dificultando o rastreamento da doença.
Já
em terras brasileiras, o pastor Silas Malafaia se recusou a interromper os
cultos de sua igreja, vencendo uma batalha judicial contra o Ministério Público
do Rio de Janeiro. Contudo, o líder da Igreja Assembleia de Deus Vitória em
Cristo alterou seu posicionamento, mas manteve os templos abertos. ‘Tem uma
coisa : eu vou ampliar a hora de igreja aberta, que igreja aqui não vai ficar
fechada, não’, disse.
Embora
distantes um do outro, esses casos revelam o quão irresponsáveis as lideranças
religiosas podem ser ao considerar que estão fazendo a vontade de Deus. No caso
da Coreia do Sul, a irresponsabilidade acarretou em contaminação maciça; no Rio
de Janeiro, ainda não temos dados suficientes para avaliar o impacto dessas
grandes reuniões, que só foram encerradas há alguns dias. Tendo em vista o
histórico sul-coreano, não se esperam boas notícias.
Diante
disso, é importante lembrar o papel fundamental que uma teologia pública de
qualidade tem. Infelizmente, por falta de conhecimento teológico e bíblico,
milhares de pessoas acreditam que deixar de ir a um culto ou a uma determinada
celebração no templo lhes afastaria de Deus ou lhes tornaria pessoas de pouca
fé. Muitas delas têm o coração sincero, desejoso de servir a Deus com todo
empenho. Porém, dada a ausência de instrução, acabam se colocando em lugares
que não deveriam estar, dando o que não deveriam dar e fazendo o que não
deveriam fazer em momentos de crise como o que estamos passando.
Faz-se
necessário, neste tempo, uma teologia cristã bem fundamentada, séria, e que
consiga chegar a essas pessoas. Necessita-se de teologia comprometida com o
Evangelho, que saia dos gabinetes e alcance as camadas da população que jamais
terá acesso aos dicionários críticos teológicos, aos textos comparativos dos
manuscritos de Mateus etc. Urge-se uma teologia que as impeça de serem levadas
ao abismo por líderes religiosos que, aproveitando-se da ignorância de muitos,
enriquecem seus bolsos enquanto matam os fiéis. Propor essa teologia, não
obstante, é papel do teólogo que se reconhece chamado ao seu exercício junto da
sociedade, a fim de que ela se torne mais consciente, justa e livre.’
Fonte
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