domingo, 29 de março de 2020

Cremos ser Jesus a ressurreição e a vida como ele diz?

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

The Compass Magazine Living in the Shadow of the Cross: How Jesus ...
*Artigo do Padre José Antonio Pagola


‘Estamos demasiado presos pelo ‘presente’ para nos preocuparmos com o ‘futuro’. Submetidos a um ritmo de vida que nos atordoa e escraviza, oprimidos por uma informação asfixiante de notícias e acontecimentos diários, fascinados por mil atrativos que o desenvolvimento técnico coloca em nossas mãos, não parece que necessitemos de um horizonte mais amplo do que ‘esta vida’, em que nos movemos.

Para que pensar em ‘outra vida’? Não é melhor gastar todas as nossas forças em organizar o melhor possível a nossa existência neste mundo? Não deveríamos esforçar-nos ao máximo em viver esta vida de agora e calarmo-nos a respeito de todo o resto? Não é melhor aceitar a vida com a sua escuridão e os seus enigmas, e deixar o ‘além’ como um mistério do qual nada se sabe?

No entanto, o homem contemporâneo, como o de todas as épocas, sabe que, no fundo do seu ser, está sempre latente a pergunta mais séria e difícil de responder : o que acontecerá com todos e cada um de nós? Qualquer que seja a nossa ideologia ou a nossa fé, o verdadeiro problema que todos estamos enfrentando é o nosso futuro. Que fim nos espera?

Peter Berger recordou-nos com profundo realismo que ‘toda a sociedade humana é, em última instância, uma congregação de homens frente à morte’. Por isso, é precisamente ante a morte que aparece com mais claridade ‘a verdade’ da civilização contemporânea que, curiosamente, não sabe o que fazer com ela que não seja escondê-la e evitar ao máximo seu trágico desafio.

Mais honesta parece ser a posição de pessoas como Eduardo Chillida, que em algumas ocasiões se expressou nestes termos : ‘Da morte, a razão diz-me que é definitiva. Da razão, a razão diz-me que é limitada’.

É aqui onde temos de situar a posição do crente, que sabe lidar com realismo e modéstia o ato inevitável da morte, mas que o faz com uma confiança radical no Cristo ressuscitado. Uma confiança que dificilmente pode ser entendida ‘desde fora’ e que só pode ser vivida por quem escutou, alguma vez, no fundo do seu ser, as palavras de Jesus : ‘Eu sou a ressurreição e a vida’. Acreditas nisto?’


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