quarta-feira, 15 de agosto de 2018

O ícone da Dormição da Nossa Santíssima Virgem Mãe de Deus


Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 Ãcone da Dormição de Nossa Santíssima Senhora Mãe de Deus, Aleppo, século XVIII - Publicado em: DE LA CROIX, Agnès-Mariam. Icônes árabes: art chrétien du Levant.Paris, Ed. Grégoriennes: 2003, p. A57.
Ícone da Dormição de Nossa Santíssima Senhora Mãe de Deus, Aleppo, século XVIII
Publicado em: DE LA CROIX, Agnès-Mariam.
Icônes árabes: art chrétien du Levant.Paris, Ed. Grégoriennes: 2003, p. A57.

*Artigo de Charbel Nassif

Em 15 de agosto, a Igreja Bizantina celebra a Festa da Dormição da Mãe de Deus. As histórias da Dormição fazem parte das narrativas apócrifas do Novo Testamento, que constituem uma literatura florescente nos primeiros séculos da Igreja. A importância desses textos apócrifos sobre a Dormição da Mãe de Deus se deve ao Concílio de Éfeso (431), que fixa a atenção na eminente dignidade da Virgem Maria, chamada de Theotokos (Mãe de Deus).

O relato mais comum do destino final de Maria é frequentemente semelhante nos textos apócrifos, apesar de certas variações. Maria recebe o anúncio de sua morte, pelo arcanjo Gabriel enquanto lhe dá uma palma. Ela então prepara tudo o que é necessário e reza sua última oração. Os apóstolos e os discípulos são milagrosamente transportados nas nuvens. Os doentes se reúnem perto da casa de Maria em Jerusalém, onde muitas maravilhas se manifestam. Jesus parece receber sua mãe acompanhada de tropas angélicas. Ele então recebe a alma de Maria. Os apóstolos deitam o corpo em um sepulcro e o levam embora. Mas um judeu, chamado Jephonias em algumas histórias, tenta profanar o corpo da Virgem: mas um anjo corta as mãos no ar perto da cama onde está o corpo. Após uma invocação à Santíssima Virgem, ele os recupera. Os apóstolos colocam o corpo em um novo sepulcro no Getsêmani.

Alguns textos apócrifos relatam a chegada tardia de Tomé, muito ocupado com seu ministério apostólico na Índia. Carregado também em uma nuvem em direção a Jerusalém, ele encontrou no ar a Mãe de Deus subindo corporalmente em direção aos céus. Tomé pede-lhe para abençoá-lo, e ela ofereceu-lhe o cinto. Chegando em Jerusalém três dias depois, ele pediu para ver o túmulo da Virgem Maria, então os apóstolos finalmente abriram-no e o encontram vazio. Tomé então mostrou o cinturão que a Mãe de Deus lhe dera e contou como a viu ir para o céu.

O ícone que apresentamos acima pertence à escola de Aleppo. É pintado por Girgis Al-Musawwer na segunda metade do século XVIII. Preservada no Palácio do Arcebispo Melquita, em Beirute, tem 70 cm de comprimento e 35,5 cm de largura. Uma longa inscrição em árabe na parte inferior do ícone menciona os nomes dos doadores e afirma que este ícone foi doado para a Catedral Melquita do Profeta Elias em Beirute, em 1883.

Frente a um fundo arquitetônico que ilustra os edifícios da cidade de Jerusalém, Maria aparece deitada em uma cama esplendorosa no meio dos apóstolos. As mãos dela estão cruzadas sobre o peito e a cabeça está rodeada por uma auréola e colocada em uma pequena almofada. Uma vela aparece nos dois lados da cama. A alma da Virgem é representada na forma de uma figura infantil que completa o nascimento no reino. Envolta em nuvens brancas e coroada também com uma auréola, ela descansa nos braços de Cristo cercados por dois anjos. Assim como Maria carregava Jesus envolto em panos, agora Jesus carrega a alma de sua mãe. Sua morte é o seu nascimento no céu. Cristo é cercado por uma amêndoa luminosa e coroado por um serafim, rodeado por dois anjos.

O apóstolo Pedro está inclinado sobre a cama se lamentando; sendo o corifeu dos apóstolos, ele preside a cerimônia mortuária agitando o incensário. Aos pés de Maria, o apóstolo Paulo parece estar chorando também e faz a contraparte para Pedro. Quatro bispos (Timóteo, primeiro bispo de Éfeso; Tiago, irmão do Senhor e primeiro bispo de Jerusalém e Jeroteo Dionísio, bispo de Atenas) também participam do funeral da mãe de Deus. Um número de mulheres se lamentando aparece na parte de trás da assembleia. Em frente à cama, finalmente vemos o incidente do judeu incrédulo, em pequenas dimensões. A parte superior do ícone ilustra duas cenas: a da chegada dos apóstolos nas nuvens em dois grupos e a do encontro de Maria com Tomé.

Neste ícone, um relevo especial é dado aos rostos: percebe-se a tristeza misturada com uma dose de esperança com todos os personagens representados. Essa mistura de tristeza e segurança é uma característica dos crentes que vivem na expectativa da ressurreição.

A obra da Dormição é cheia de esperança alegre. Jesus, que tanto amava sua mãe, veio do céu para acompanhá-la e intercedeu por nós. A liturgia da celebração não se limita a comemorar a morte de Maria, mas vai além desta dimensão celebrando a passagem de Maria para o céu, em corpo e alma. Isto está claramente representado no ícone da Dormição. Maria pode ser considerada como o exemplo de uma morte santa, ela é o nosso modelo na prova que representa a morte. A passagem de Maria, em corpo e alma, para o céu é uma antecipação da ressurreição de todos. É a festa da natureza humana: todo crente deve tomar Maria como modelo para alcançar a graça de Deus.

**Venham, de todos os confins da terra, cantem a morte abençoada da Mãe de Deus : nas mãos de seu Filho ela entregou sua alma sem pecado; por sua santa Dormição o mundo é vivificado novamente e é com salmos, hinos e cânticos espirituais, junto aos anjos e os apóstolos celebramos com alegria.

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**Oração que se diz durante a procissão com o ícone da Dormição na noite de 14 de agosto, nas Igrejas Orientais.’


Fonte :
* Artigo na íntegra http://domtotal.com/noticia/1284533/2018/08/o-icone-da-dormicao-da-nossa-santissima-virgem-mae-de-deus/

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