Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo
de Fabrício Veliq,
teólogo
protestante
‘Em um mundo cada vez mais polarizado e
plural, pensar a questão do futuro das religiões se torna algo importante. Há
desde os/as que desejam voltar a um aspecto religioso de séculos passados, em
que a hegemonia cristã e a Cristandade eram a ordem da vez, até aqueles e
aquelas que pensam que deve haver o fim de todas as religiões, porque elas são
somente instrumentos para alienação das pessoas e, em não poucos casos, meios
para enriquecimento de seus líderes.
Diante deste cenário, é necessário
pensar no papel da religião na contemporaneidade. Ainda há lugar para as
religiões em tempos atuais? Se sim, que tipo de religião é esta e que postura
ela deve ter diante do mundo?
Responder a estas perguntas não se
mostra como tarefa fácil. Há o grande risco de se dar respostas simplistas e de
se propor soluções rápidas, como se todas as religiões fossem iguais e tivessem
os mesmos problemas para resolver, esquecendo-se de que culturas diferentes,
necessariamente, geram religiões de matrizes diferentes.
Tentando responder à primeira
pergunta, podemos dizer que sim, há lugar para as religiões no mundo futuro. Se
partirmos do pressuposto de que toda religião é fruto de uma cultura na qual
ela nasce, então podemos pensar que toda cultura, necessariamente, tentará de
alguma forma, dar razões à sua história e a seus sofrimentos e isto, sem dúvida,
passa pelo aspecto religioso o que, consequentemente, nos leva a afirmar a
presença das religiões no mundo futuro.
A resposta à segunda pergunta nos
parece mais clara, embora de maior dificuldade de execução. No mundo plural em
que vivemos não há espaço para uma religião que se feche em si mesma e que se
considere como dona da verdade última a respeito de tudo. Mesmo que seja uma
grande tentação para todas elas, fugir disso se mostra como tarefa
imprescindível para que qualquer religião sobreviva no mundo globalizado. Isto,
por sua vez, não tem a ver com a negociação da própria identidade, antes,
implica a ter o diálogo, em sua maneira honesta, como ponto de partida, de
maneira que podemos dizer que o futuro das grandes religiões passa,
necessariamente, pelo aspecto dialógico que estas serão capazes de desenvolver.
Que esta seja uma tarefa difícil, não
podemos negar, uma vez que a religião que se coloca como disposta ao diálogo é
uma religião que se permite ser questionada e depurada a partir da experiência
e dos conceitos que as outras possuem o que, necessariamente, implica humildade
e o abrir mão de toda tentativa de poder hegemônico no mundo. Ao mesmo tempo,
pressupõe-se que esta religião aberta entendeu que a verdade pode ser percebida
em perspectivas sem com isso se tornar relativística, ou seja, é uma religião
para a qual o perguntar pela verdade ainda permanece como questão importante.
Pensar o futuro das religiões hoje é
pensar em meios para que estas convivam em harmonia dialogando entre si para encontrar
soluções para os problemas que afetam a sociedade como um todo, o que é chamado
de diálogo inter-religioso indireto. Isto, por sua vez, não exclui o diálogo
inter-religioso direto, no qual a preocupação se encontra no nível conceitual,
preocupando-se em analisar e estudar os pontos convergentes e divergentes
existentes nas diversas religiões que se colocam para dialogar.
Nos dois casos, o diálogo se mostra
fundamental, de maneira que é impossível pensarmos uma convivência pacífica
entre as religiões, se esta não tiver como premissa o diálogo honesto entre si.’
Fonte :
* Artigo na íntegra http://domtotal.com/noticia/1288727/2018/08/o-dialogo-como-futuro-das-religioes/
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