quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Para onde foi ela?

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

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*Artigo do Padre Fernando Domingues,
Missionário Comboniano


‘Uma colega de trabalho no escritório voltou ao serviço depois de alguns dias de ausência pela morte da sua mãe. Já durante a missa do funeral me surpreendera pela coragem com que convidou os presentes a louvar a Deus pelo modo como a mãe guiara a sua família e pelo tipo de relacionamento que conseguia estabelecer com todos.
No dia do regresso, partilhando algo sobre a experiência que estava ainda a viver e a tentar começar a compreender, contou que o seu filho mais pequeno, quando regressaram a casa, se abraçou a ela a chorar e a perguntar : «Mas para onde é que a avó foi? Já tenho tantas saudades dela!». «E eu disse-lhe – continuou a contar – que a avó tinha ido viver com os anjos, e que lá, já não tinha a doença que lhe causara tanto sofrimento, que estava contente porque de lá podia continuar a ver-nos todos, mesmo se nós não a podemos ver.» Parou um momento, como para conter a emoção, olhou-me direito nos olhos e perguntou : «É mesmo verdade, não é?» «Claro que sim», respondi para dar força à jovem mãe que precisava de reforçar a fé do filho e também para consolar aquela filha que acabava de perder a sua mãe.
Mais tarde, pensei : que bom que é, quando podemos falar destas experiências dolorosas usando a linguagem da fé que partilhamos e ajudando também os mais novos a enfrentar, pouco a pouco, os aspectos mais difíceis da nossa vida humana.
Na religiosidade tradicional de boa parte dos povos africanos, o mistério do que as pessoas humanas vivem depois dessa passagem misteriosa que é a morte é de uma grande riqueza.
Encontra-se frequentemente a convicção de que, depois da morte, o que fica conosco são simples restos mortais que tratamos com respeito, mas a pessoa inicia uma viagem em direção ao mundo espiritual onde encontrará Deus (seja qual for o Seu nome) em companhia de todas as pessoas que partiram antes e que já conseguiram lá chegar. A ‘duração da viagem’ depende da vida que a pessoa viveu. Um dia, um senhor que tinha perdido a sua esposa cerca de um mês antes, veio pedir-me que celebrasse uma missa com toda a sua família para agradecer porque ela já tinha chegado à casa de Deus. Era uma pessoa tão boa, que não precisava de uma viagem longa para se purificar : na sua opinião, quando partiu já estava quase pronta para entrar no mundo espiritual. Se a família e os amigos a lembrassem com frequência e rezassem por ela, a viagem fazia-se ainda mais curta... E quando lá chegam? Então começa uma vida verdadeiramente feliz, e quanto melhor tiver sido a vida que viveram aqui conosco, mais feliz é a vida que agora vivem no mundo espiritual. Aqueles e aquelas que foram verdadeiramente pessoas de grande qualidade e que conseguiram transmitir o dom da vida a muitos outros, na eternidade tornam-se estreitos colaboradores de Deus para ‘canalizar’ todo o tipo de bênçãos para quem ainda continua a viagem da vida ‘cá deste lado’.
No fundo, estas crenças não estão longe do que acreditamos também nós, cristãos, sobre a vida que nos espera do outro lado da morte. Como diz uma oração de que gosto muito : «Para os que acreditam em Deus, a vida não acaba, apenas se transforma.»
A minha colega estava a ajudar o seu filho mais pequeno a começar a entender este mistério que é doloroso e bonito ao mesmo tempo.’

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