*Artigo
de Franca Giansoldati,
jornalista e escritora
‘A fuga é
silenciosa, constante, implacável. A queda numérica não oferece trégua e, ano
após ano, obriga a Congregação dos Religiosos – uma espécie de ministério
responsável pelas ordens no mundo – a compilar estatísticas negativas,
sintetizando um declínio imparável.
As irmãs são
aquelas que, em uma década, experimentaram a queda mais consistente, passando
de 800 mil no ano 2000 para 693 mil em 2013. O Papa Francisco, na manhã do dia
28/01, ao receber um grupo de religiosos, definiu o fenômeno como uma
verdadeira ‘hemorragia’. É difícil
dizer que ele está errado.
Os sinais do
crepúsculo do mundo religioso, masculino e feminino, são facilmente
identificáveis até mesmo nas notícias. Na Bélgica, assim como na Holanda ou na
França, muitos institutos religiosos, por falta de vocações, são forçados a
fechar casas, vender propriedades, fundir-se com outras comunidades, a fim de
sobreviver. Muitas vezes, no passado, quem esteve em busca de estratégias
alternativas foram até institutos religiosos que, para não morrer, dada a queda
das vocações e a elevada idade das freiras restantes, facilitavam a entrada de
jovens estrangeiras, indo recrutá-las em vilarejos remotos nas Filipinas ou em
diversos países africanos.
O problema
enfrentado pelo mundo religioso não é brincadeira. Ao declínio fisiológico,
deve-se acrescentar também o fenômeno daqueles que, sendo monges ou freiras,
abandonam os votos perpétuos para fazer outras experiências de vida, talvez
para se casar, ou simplesmente para se afastar de um ambiente incapaz de
satisfazer plenamente as expectativas.
De fato, no ano
passado, mais de 3.000 deixaram a vida consagrada. Um balanço muito pesado e
alarmante. Dom José Rodríguez Carballo, secretário da Congregação para os
Religiosos, em cinco anos, autorizou 11.805 dispensas : certificados de
indultos para deixar o instituto, decretos de demissão, secularizações ad
experimentum, secularizações para serem incardinados em uma diocese. Com uma
média anual de 2.361 dispensas.
A essa hemorragia,
soma-se outra, desta vez contabilizada pela Congregação para o Clero (da qual
dependem os sacerdotes diocesanos). Foram autorizadas por ela 1.188 dispensas.
Somando os dados,
deixaram a vida religiosa 13.123 religiosos homens e mulheres, com uma média
anual de 2.626. ‘Os números não são tudo,
mas seria ingênuo não levá-los em conta.’ As razões dessa derrota são
múltiplas.
Carballo,
franciscano, tenta dar uma resposta : ‘Vivemos
o tempo do zapping : isso significa não assumir compromissos de longo prazo,
passar de uma experiência para outra, sem fazer nenhuma experiência de vida. Em
um mundo onde tudo é facilitado, não há lugar para o sacrifício, nem para a
renúncia, nem para outros valores. Ao contrário, a escolha vocacional exige ir
contra a corrente’.’
Fonte :
* Artigo na íntegra http://www.domtotal.com/noticia/1123179/2017/02/a-grande-fuga-dos-mosteiros-e-conventos-cai-o-numero-de-religiosos-e-religiosas/
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