Ave Maria, cheia de graça!
Botticelli, Metropolitan Museum of Art, New York, USA
Este artigo foi gentilmente cedido por Dom João Evangelista Kovas, OSB, monge beneditino do Mosteiro de São Bento de São Paulo.
Por isso, a Epístola de
São Paulo aos Filipenses proclama:
Jesus Cristo, sendo Deus, não se valeu de seu direito
divino, mas se despojou a si mesmo, tomando a forma de escravo, assemelhando-se
aos homens; reconhecendo-se homem, abaixou-se, tornando-se obediente até a
morte e morte sobre a cruz. Por isso, Deus o elevou sobremaneira e lhe conferiu
o nome que está sobre todo nome, a fim de que ao nome de Jesus todo joelho se
dobre, nos céus, sobre a terra e sob a terra, e que toda a língua proclame que
Jesus é o Senhor, para a glória de Deus Pai. (Fl 2,5-11).
Esse é o motivo pelo
qual celebramos no último domingo do ano litúrgico a Solenidade de Jesus Cristo
Rei do Universo. Jesus é restabelecido à direita do Pai, com toda soberania que
tinha desde a criação do mundo. Humilhou-se, é verdade, para nossa salvação,
agora o Pai o sobreleva acima de toda criatura.
No domingo seguinte à
solenidade do Cristo Rei, inicia-se o novo ano litúrgico com o Tempo do
Advento, ou seja, o tempo de preparação para o Natal do Senhor, quando um novo
começo é anunciado para toda humanidade pelo nascimento do pequenino de Belém.
A palavra “advento”
significa vinda. É um tempo para refletir sobre a vinda de Jesus. Diz-se de
três adventos, três vindas. O primeiro é o advento de Jesus em sua encarnação
no seio da Virgem Maria. O anunciado de todos os profetas, o messias que
deveria vir ao mundo por meio de Israel, nasceu em Belém, cumprindo a profecia.
Por isso, ao longo desse tempo fazemos a leitura na liturgia das antigas
profecias que falam do messias.
O segundo advento é a sua
vinda prometida por Jesus para o fim da história. No fim dos tempos, Jesus
voltará em sua glória, para manifestar a todas as nações, sem sombra de dúvida,
sua soberania. Esse é o momento final da história humana, quando todos
ressuscitarão: uns para a glória de Deus, outros para a ignomínia eterna,
porque não se acharam dignos de estarem na presença de Deus por causa de seus
atos malsãos.
A terceira vinda diz
respeito à própria vida de fé. Em todos os momentos que invocamos o nosso Deus,
temos comunhão com Cristo. Jesus vem até nós para nos conceder a sua graça,
para nos animar no caminho certo. É ele quem nos promete isso, dizendo que
estará conosco até o fim dos tempos (cf. Mt 28,16-20). Felizes aqueles que se
alegram com essa terceira vinda, a vinda cotidiana de Cristo até nós, porque
não têm nada para temer a respeito da segunda vinda e é especialmente convidado
a compreender com amor e profundidade o mistério da primeira vinda.
Assim, a liturgia nos
prepara sabiamente a celebrarmos dignamente o Natal do Senhor. Feliz os fiéis
que participarem da liturgia nesse tempo, com muita fé e devoção, porque será
contemplado com muitas graças. Será purificado pela esperança feliz que é Jesus
para nós. Ele veio, vem e virá para nos abençoar a todos.'
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