Por Eliana Maria
(Ir. Gabriela, Obl. OSB)
‘Existem inúmeros títulos marianos sobre os quais
poderíamos discorrer ou muitos temas bíblicos à nossa disposição para refletir
sobre eles, porém, fico pensando em como se poderia estabelecer uma aproximação
ao tema do Mês Bíblico deste ano, que é o Livro de Ezequiel, e o lema ‘Porei em
vós meu Espírito e vivereis’ (Ez 37,14).
Algumas verdades e escritos de Ezequiel nos
direcionam a Maria no sentido da profecia à realização. Se da parte de Ezequiel
os oráculos proféticos anunciam uma realidade de salvação, em Maria a salvação
se torna realidade; se os gestos proféticos querem mostrar a verdade e a
presença de Deus no meio de povo, chamando-o à conversão, em Maria, na pessoa
de um ser frágil e inocente, o Jesus Menino se torna presença viva de Deus,
profeta verdadeiro e definitivo entre nós (cf. Jo 6,14); em relação às
parábolas e alegorias proferidas por Ezequiel, como a do povo de Israel que se
torna videira estéril, podemos dizer que Maria é videira que dá o fruto
verdadeiro e definitivo, Jesus. Se a parábola da esposa infiel é uma forma de
chamar o povo à fidelidade ao seu Senhor, em Maria vemos a fidelidade mais
extremada e absoluta : ‘Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a
tua Palavra’ (Lc 1,38); as visões e êxtases do profeta nos remetem ao realismo
do Magnificat proclamado por Maria : ‘Desde agora me
proclamarão bem-aventurada todas as gerações, porque realizou em mim maravilhas
aquele que é poderoso e cujo nome é santo’ (Lc 1,46-55). Assim, em Maria as
profecias se tornam realidade e os anúncios proféticos se cumprem
plenamente.
No campo social, o profeta acusa de infidelidade as
lideranças políticas, religiosas e o próprio povo, enquanto Maria proclama que
a presença de Jesus, o Deus feito carne, vai promover a solidariedade, saciando
de bens os indigentes (cf. Lc 1,53), que os abastados, os que só confiam em sua
riqueza e em sua presunção, os que só confiam na riqueza e na sua prepotência,
vão sentir sua mão pesada e serão dispersados (cf. Lc 1,53). Se o livro do
profeta Ezequiel é marcado pela esperança da restauração, em Maria a profecia
se torna realidade : a esperança se chama agora Jesus de Nazaré, o Deus
encarnado entre nós.
Que o Senhor derrame seu Espírito sobre nós, a fim
de que tenhamos verdadeira vida e discernimento; que possamos ver a presença
profética de Maria na vida da Igreja e sua intercessão nos torne fiéis ao
Espírito que plenifica e dá vida; que venha sobre nós o dom da profecia e da
disponibilidade total, como em Maria.’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://revistaavemaria.com.br/maria-mae-do-verbo.html
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