Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo de João Melo,
professor
‘De cavaleiro destemido a
humilde peregrino. A jornada de Inácio é um testemunho poderoso de conversão e
dedicação à fé. No dia 31 de julho, celebramos a festa de Santo Inácio de
Loyola, um homem cuja vida foi marcada por uma notável transformação
espiritual.
Depois que se recuperou de um ferimento de batalha,
Inácio iniciou uma peregrinação que o levou a um encontro com Nossa Senhora de
Montserrat em um mosteiro. Durante sua peregrinação de Loyola até Montserrat,
ele refletia sobre as grandes obras que desejava realizar por amor a Deus.
O que muita gente não sabe é que a imagem de Nossa
Senhora de Montserrat é carinhosamente chamada de La Moreneta, em
português A Moreninha. Ela recebe esse nome devido à cor negra da imagem,
resultante da fumaça das velas, caso parecido com a imagem de Nossa Senhora
Aparecida, no Brasil, que também é negra.
Mulheres negras são quase 28% da população
brasileira, o maior grupo populacional do país, porém, mulheres e meninas negras
são as pessoas que mais vivem em vulnerabilidade social; especialmente as
moradoras de periferias, morros e favelas, enfrentam barreiras significativas
no acesso a todos os tipos de direitos e serviços púbicos, inclusive aos meios
adequados para questões de saúde. Por isso, a Comissão de Defesa dos Direitos
Humanos Dom Paulo Evaristo Arns alerta que em nossos tempos é preciso cuidar
para que decisões de governo precipitadas não deixem de considerar
adequadamente os direitos das mulheres e não as criminalizem em casos em que
tenham sofrido alguma violência, especialmente aquelas mulheres em situação de
vulnerabilidade.
Nossa Senhora de Montserrat tem uma história
milagrosa. Segundo antigos escritos sua imagem foi encontrada por uns pobres
pastorinhos em 880, em uma distante caverna na montanha de Montserrat, após
seguirem uma luz misteriosa. Quando tentaram mover a imagem para o centro da
cidade de Manresa, ela se tornou tão pesada que foi impossível movê-la,
evidenciando o desejo da Virgem de permanecer no local onde fora encontrada, na
periferia da montanha sagrada. ‘A Moreninha’ queria permanecer com os
pobres.
A Companhia de Jesus, congregação fundada por Santo
Inácio de Loyola, tem como uma das suas prioridades de missão no tempo presente
caminhar com os empobrecidos, os descartados do mundo, os vulneráveis em sua
dignidade, em uma missão de reconciliação e justiça.
Para marcar sua nova vida, Inácio realizou uma
vigília, vestido como cavaleiro, na noite anterior à Festa da Anunciação, em 24
de março de 1522. Doou suas roupas finas a um mendigo e vestiu-se com um hábito
feito de pano de saco. Passou a noite ora em pé, ora de joelhos, diante do
altar de Nossa Senhora de Montserrat, em oração fervorosa. Aos pés do altar,
pendurou sua espada e seu punhal, simbolizando a renúncia às suas antigas
aspirações de cavaleiro e a dedicação ao serviço de Cristo.
Após uma noite de oração, Inácio partiu de
Montserrat ao amanhecer, desejando evitar qualquer reconhecimento e honra de
nobre cavaleiro. Vestido humildemente, iniciou sua vida como peregrino,
carregando apenas um caderno onde anotava suas descobertas espirituais. Esse
caderno se tornaria os Exercícios espirituais. Assim, Inácio
abraçava uma vida de quem caminha com os pobres, a exemplo do desejo de sua ‘Senhora
Moreninha’.
A verdadeira
transformação espiritual requer coragem, humildade e um profundo compromisso
com a fé. Sua jornada de cavaleiro a peregrino nos convida a refletir sobre
nossas próprias vidas e ambições. Quais são os nossos desejos profundos? Como queremos contribuir para o
Reino de Deus? Nossa caminhada de vida também passa por caminhar ao lado dos
mais empobrecidos e ajudá-los em seus direitos e necessidades? Assim como
Inácio somos chamados a discernir a ação de Deus em nossas vidas e a responder
com generosidade.’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://revistaavemaria.com.br/inacio-de-loyola-de-cavaleiro-a-peregrino.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário