Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo de Emiliano Magistri
‘No mundo 250 milhões de meninas e meninos são
excluídos da escola. Este é um dos dados contidos em The price of
inaction: The global private, fiscal and social costs of children and youth not
learning, o relatório da Unesco que faz um resumo da situação geral, até
hoje, em termos de evasão escolar e falta de instrução.
Trata-se de um fenômeno extremamente preocupante que tem também um
impacto social considerável do ponto de vista económico, uma vez que o custo
estimado é de 10.000 bilhões de dólares por ano até 2030 : para entender melhor
as dimensões do que poderíamos definir como um verdadeiro flagelo, basta pensar
que o valor é maior do que o Pib anual da França e do Japão juntos. Portanto, é
um apelo à responsabilidade geral.
Direito humano universal. Assim foi declarada a educação em 1948, um
título reafirmado em 2015 pelas Nações Unidas, que incluiu o acesso à educação
de qualidade para todos entre os Objetivos de desenvolvimento sustentável. No
entanto, apesar das boas intenções, os eventos atuais dizem que ainda há um
longo e sinuoso caminho a percorrer. Com efeito, aos números mencionados acima,
que já são impiedosos por si só, devemos acrescentar que 70% das crianças de 10
anos de idade que vivem em países de baixa e média renda são hoje incapazes de
entender qualquer simples texto escrito.
Fazer com que as pessoas entendam que a educação é um investimento
estratégico, não apenas para os indivíduos, mas inclusive para todos os países,
é o objetivo deste relatório com o qual a Unesco procura falar uma linguagem
clara, mas eficaz : reduzir em apenas 10 pontos a percentagem de evasão escolar
ou de pessoas que não adquiriram habilidades básicas permitiria que o Pib anual
crescesse de 1 a 2 pontos percentuais.
Deixando de lado as questões financeiras, o que deve enfocado é o
enorme dano social que estas carências formativas geram. Procurar preencher
estas enormes lacunas na aprendizagem implica um maior foco mundial no
desenvolvimento integral das meninas, ajudando a reduzir as possibilidades de
casamento precoce (ou até forçado) e gestações prematuras. Portanto, agir nesta
direção torna-se uma prioridade.
Significativo neste sentido foi o que ocorreu durante uma reunião de
ministros da educação realizada recentemente na sede da Unesco em Paris :
Audrey Azoulay, diretora-geral, convidou os 194 Estados-membros da organização
a cumprir o seu compromisso de «transformar a educação de um privilégio numa
prerrogativa para cada ser humano no mundo», enfatizando como a própria
educação representa um recurso fundamental para enfrentar os desafios atuais,
desde a redução da pobreza até ao combate contra as mudanças climáticas.
Para garantir que a educação de qualidade para todos seja transformada
de Objetivo de desenvolvimento sustentável num resultado concreto, o relatório
da Unesco sugere dez recomendações para os governos de todo o mundo : garantir
percursos educacionais gratuitos e com financiamento público por um período
mínimo de 12 anos para todas as meninas e meninos, destinando pelo menos 4-6%
do Pib para a educação; criar ambientes de aprendizagem inclusivos que desafiem
as desigualdades, os preconceitos e os estereótipos de género; investir na
educação infantil para abordar as desigualdades de género e as normas
prejudiciais de género desde a mais tenra idade; oferecer apoio académico e
opções de segunda oportunidade para meninas e meninos que não tiveram acesso à
educação ou que a interromperam; melhorar a infraestrutura escolar, com
estruturas hídricas e de saneamento e garantir distâncias mais curtas para as
alcançar; assumir professores qualificados e motivados e apoiar o seu
desenvolvimento profissional; conscientizar as comunidades locais e as famílias
sobre a importância de que meninas e meninos concluam um ciclo completo de
educação básica; abordar a saúde mental e o bem-estar mental de meninas e
meninos, a educação sexual abrangente e o desenvolvimento de habilidades
socioemocionais; ligar os alunos ao mundo do emprego, incluindo educação e
treinamento vocacional que atenda às necessidades do mercado de trabalho;
realizar pesquisas sobre o que funciona para reter ou trazer meninas e meninos
de volta à escola, especialmente aqueles com alto risco de pobreza de
aprendizagem e evasão escolar.
Foi em 2014 que, durante uma reunião com o mundo escolar, o Papa
Francisco disse : «Ir à escola significa abrir a mente e o coração para a
realidade, na riqueza dos seus aspetos, das suas dimensões. E não temos o
direito de recear a realidade». É hora de o demonstrar.’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://www.osservatoreromano.va/pt/news/2024-07/por-029/o-preco-da-exclusao.html
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