Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo de Rosa Maria Dilelli Cruvinel
‘Na Quarta-feira de
Cinzas, inicia-se o Ciclo Pascal, o centro vital de todo o Ano Litúrgico. Essa
celebração abre as portas para a Quaresma, um tempo de grandes oportunidades de
graças de conversão e profundas transformações na alma humana, especialmente através
da meditação dos mistérios da criação e da Redenção em Jesus Cristo, pois eles
respondem a questões relativas ao sentido da vida.
Os
gestos e as palavras presentes na Liturgia dessa celebração oferecem luzes que
orientam para uma participação frutuosa. Na imposição do austero símbolo das
Cinzas, cuja função é descrita no artigo 125 do Diretório sobre a Piedade
Popular e a Liturgia : ‘O gesto de cobrir-se com cinza tem o sentido de
reconhecer a própria fragilidade e mortalidade, que precisa ser redimida pela
misericórdia de Deus’.
A
primeira fórmula da Palavra na imposição das cinzas : ‘Recorda-te que tu és pó,
e ao pó voltarás’ (Gn 3,19), também recorda ao homem sua origem e alerta sobre
a brevidade de sua existência. Vais morrer! Tal pensamento angustia os corações
endurecidos pelas vaidades deste mundo e serve como um alerta para que não
percam a graça da salvação, pois ‘o tempo está abreviado’ e que ‘a figura deste
mundo passa’ (cf. 1 Cor 7,29-31).
Eis
uma verdade inevitável : a existência terrestre desde o princípio está
destinada à morte. O nosso corpo é mortal! É justamente essa perspectiva
desafiadora que leva o homem a tomar consciência de seu pecado. Essa condição o
impulsiona a elevar um brado de esperança ao céu, pois no sacrário de sua
consciência, sabe que lhe é reservado o dom da vida eterna. Ele não é apenas um
corpo condenado à morte, mas é beneficiado com uma alma imortal, afirma o Papa
Peregrino (João Paulo II, homilia da Quarta-feira de Cinzas, 08 de março de
2000).
Percebe-se,
com isso, que meditar sobre a criação, lembrar de sua origem e de sua finitude,
são atitudes decisivas que dão sentido e orientam a vida e o agir humano (cf.
Catecismo da Igreja Católica, 282).
‘O
Deus da criação revela-se como Deus da redenção, como Deus (…) fiel ao seu amor
para com o homem e para com o mundo’, atesta o Papa João Paulo II (Redemptor
Hominis, 9). A fidelidade de Deus perpassa toda a história da salvação.
Deus ofereceu ao homem por diversas vezes seu perdão, sua Aliança. Na plenitude
dos tempos, o amor de Deus chega ao extremo, no sacrifício redentor de Cristo.
É no mistério pascal de Cristo que se realiza, enfim, a Nova e Eterna Aliança.
O
apelo de Jesus proposto na fórmula opcional no gesto da imposição das cinzas : ‘Convertei-vos
e crede no Evangelho’ (Mc 1,15), é um convite a que o homem experimente o amor
do Senhor e se aproxime de Cristo com todas as suas inquietudes e incertezas,
fraquezas e pecaminosidade, com sua vida e sua morte, incentiva o Papa João
Paulo II. Este acrescenta que é preciso ter fé na Redenção, pois ela restitui
definitivamente ao homem sua dignidade e o sentido de sua existência no mundo,
sentido perdido em certa medida por causa do pecado. A ‘Redenção realizou-se no
mistério pascal, que, através da cruz e da morte, conduz à ressurreição’,
conclui o Papa Polaco (Redemptor Hominis, 10).
Essa
estupenda obra de conversão e adesão a Cristo pela fé não é somente obra
humana, é obra do Espírito Santo que produz um coração contrito, para responder
ao amor misericordioso de Deus, que sempre ama primeiro.
Que
o Espírito que continuamente assiste a Igreja possa suscitar sempre no coração
dos homens e das mulheres aquela profunda estupefação a respeito do valor e
dignidade do homem chamada Evangelho, isto é a Boa Nova de Jesus Cristo, a fim
de produzir frutos de verdadeira conversão.’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://revistaavemaria.com.br/nao-somos-eternos.html
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