sexta-feira, 25 de março de 2022

Uma vocação com propósito: a nova realidade das religiosas

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

Religiosas rezam durante a Missa de abertura da Vigília Nacional de Oração pela Vida na Basílica do Santuário Nacional da Imaculada Conceição, em Washington, em 23 de janeiro de 2020

*Artigo da Irmã Laura Teresa Downing,

das Servas do Imaculado Coração de Maria, Pensilvania (USA)

Tradução  : Ramón Lara


‘Quando paro um momento para pensar realmente sobre o fato de ser uma irmã religiosa, sou atingida por uma sensação de admiração. Como uma católica de berço nascida no início dos anos 1980 nos subúrbios de Washington, D.C., que tinha um casamento dos sonhos planejado aos 8 anos de idade, se tornou uma irmã do Imaculado Coração de Maria?

Minha jornada começou em uma família católica irlandesa. Meus irmãos e eu passávamos os dias alternando entre aulas de catecismo, reuniões de escoteiros, aulas de dança irlandesa e treinos de futebol. Além de nossa tia Peg, uma Irmã de Misericórdia, nossas infâncias foram em grande parte desprovidas de ‘freiras’. Ainda assim, os filmes ‘Mudança de Hábito’ eram um marco em nossas noites de cinema em família, e às vezes me pergunto se esse foi um sinal que inicialmente perdi.

Meu primeiro indício de uma vocação religiosa ocorreu quando estava na quinta série, o único ano em que frequentei a escola católica. Estava caminhando para o recreio e vi minha diretora – uma irmã que tentei evitar por causa de minhas muitas transgressões às regras do uniforme – vindo em minha direção, e de repente tive a sensação de que seria ‘como ela’ um dia.

Meu discernimento vocacional começou a sério quando me matriculei no Colégio da Imaculada (agora Universidade Imaculada) na Pensilvânia. Naquela época, havia cerca de 50 irmãs do Imaculado Coração de Maria na faculdade, e fui cativada por sua alegria e pelo que passei a chamar de ‘santa normalidade’. Essas mulheres obviamente em oração torciam nos jogos de basquete, riam ruidosamente no refeitório e chamavam os bois pelos nomes. Descobri que meu fascínio pelas irmãs deu lugar a sonhar acordado em se tornar uma.

Mas foi uma viagem missionária a Callao, Peru, que selou o acordo vocacional. Durante meu tempo trabalhando em uma escola para meninas e fazendo evangelismo na comunidade vizinha, estava com irmãs que muitas vezes falavam de sua vocação dentro de uma comunidade. Na época, eu me perguntava se algum dia teria um senso tão específico de propósito e missão. Mas agora eu tenho isso, e isso me ajuda a me encaixar em uma comunidade que é predominantemente composta por irmãs da idade dos meus pais ou mais velhas.

Atualmente, moro com 27 irmãs, e temos entre 40 e 80 anos. Às vezes, a diferença de idade pode ser difícil, e não apenas porque todo mundo me pede para resolver seus problemas de tecnologia. Mas pode ser mais difícil para as irmãs mais velhas : que tem que ouvir músicas diferentes soando através das paredes do meu quarto e o fato de eu dizer ‘doce’ com mais frequência do que elas gostariam, mas o fato de que minha experiência vocacional agora é tão rara representa um achado para a comunidade.

As irmãs mais velhas pensam nas coisas vivificantes que eu não experimento, mas que faziam parte da comunidade quando eram jovens : os grandes grupos com os quais se formaram, uma camaradagem nascida de muitas irmãs amigas da mesma idade. Às vezes eu gostaria de ter essas coisas também, mas nunca esperei. Esses momentos são facilitados por uma rápida chamada de vídeo ou mensagem de texto com alguém da minha geração.

A verdade é que nossa realidade como religiosas mudou e continua mudando. Não podemos tentar recriar a vida religiosa das décadas de 1950 e 1960 para preencher nossas fileiras e equipar nossas instituições. A vida religiosa de uma pessoa é agora permeada pela intencionalidade : a escolha de entrar, a decisão de permanecer, o discernimento de ministérios e missões. Nada pode ser dado como garantido, então há uma profunda gratidão pelo que está acontecendo e um entusiasmo pelo que está por vir. É importante lembrar disso porque podemos facilmente e com muita frequência nos distrairmos com histórias sobre o envelhecimento de nossas comunidades religiosas.

A verdade é que coisas maravilhosas estão acontecendo em nossas comunidades religiosas, porque Deus não terminou conosco. No meu dia a dia como religiosa, continuo sendo inspirada pela alegria e santa normalidade das irmãs com quem vivo, mesmo que sempre me peçam para consertar a televisão.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://domtotal.com/noticia/1570613/2022/03/uma-vocacao-com-proposito-a-nova-realidade-das-religiosas/

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