*Artigo
de Tom Hoopes,
escritor
‘Eu estava conversando com uma estudante assustada
outro dia. Olhando para o mundo, ela não via nada além de escândalos e oposição
à fé católica.
Ela estava preocupada. ‘A Igreja tem futuro?’,
perguntou-me. ‘Você está brincando?’, eu respondi. ‘O futuro da Igreja
nunca me pareceu mais brilhante! A Igreja tem respostas sólidas para cada um
dos males do mundo de hoje’, eu disse.
‘Não devemos ter medo do mundo, devemos ter
misericórdia e sair em seu auxílio!’ Não a convenci. Mas ela ficou
pensando.
A Igreja Católica sempre esteve à beira da morte. E
à beira de uma grande vitória. Os cardeais dizem que escolheram o Papa
Francisco porque ele entende isso. ‘Não tenha medo de ir e trazer Cristo
para todas as áreas da vida’, disse depois de se tornar Papa.
Instituições católicas nos EUA e no mundo estão
fazendo exatamente isso. O Benedictine College, no Kansas, onde eu trabalho,
tem reunido pessoas para falar sobre como transformar a cultura. Líderes da
indústria, líderes de opinião e especialistas no assunto estão nos ajudando a
planejar um futuro melhor.
O que precisa mudar? Muito. As comunidades estão se
desgastando porque os vizinhos não se conhecem, o discurso político tóxico
transforma discordância em ódio, e as tecnologias de smartphone e games
conectam estranhos de maneira superficial, deixando os membros da família se
sentindo isolados uns dos outros. A fé está desaparecendo em muitas
comunidades, e o crime e o suicídio estão aumentando.
‘Quando você suprime o desejo por Deus, isso é
muito perigoso psicologicamente. Eu vejo isso o tempo todo na forma de vícios e
depressões profundas’, disse o bispo de Los Angeles, Robert Barron. ‘É
perigoso fechar as portas para Deus.’
Mas a Igreja insiste que os católicos ainda são
capazes de transformar o mundo – e até explica como.
‘O propósito do Evangelho, na verdade, é
transformar a humanidade a partir de dentro e torná-la nova’, explicou São
João Paulo II, em O Evangelho da Vida.
Como o fermento que fermenta toda a massa, o
Evangelho pretende permear as culturas e dar-lhes vida a partir de dentro. O
truque é parar de pensar do modo que São Pedro fez depois da crucificação, e
começar a pensar da maneira como ele fez depois de Pentecostes.
Após a crucificação, tudo parecia perdido. Jesus
havia sido morto. O império e o establishment religioso estavam trabalhando em
conjunto para se opor aos cristãos, e ninguém parecia se importar com o que
eles tinham a dizer.
Depois de Pentecostes, todos esses fatos
permaneceram os mesmos, mas agora eles sabiam que Cristo havia ressuscitado dos
mortos e que o Espírito Santo – o próprio Deus – estava com eles.
Daquele dia em diante, o cristianismo nunca parou de
crescer. Cresceu das ruínas do templo depois que foi destruído e cresceu das
ruínas do império romano depois que desmoronou.
Como a cultura da Europa foi transformada? O Papa
Bento XVI recebeu seu nome do grande santo a quem ele atribuiu a renovação da ‘civilização
e cultura’ do Ocidente.
Hoje, para buscar um
progresso verdadeiro – ele disse – ouça a Regra de São Bento como uma luz para guiar nosso
caminho. O grande monge ainda é um verdadeiro mestre.
Quando São Bento escreveu sua Regra, a cultura de
seu tempo estava em colapso em muitos dos mesmos aspectos que o nosso mundo de
hoje.
As comunidades foram se desgastando quando as
estradas romanas, em decomposição, se tornaram perigosas, e o comércio
diminuiu. A fé rachou quando várias comunidades seguiram seu próprio caminho,
inconscientes ou desinteressadas pelo que a Igreja ensinava.
As taxas de alfabetização decaíram para irrisórias,
e grandes obras da civilização foram perdidas ou ignoradas. Os mosteiros de São
Bento e Santa Escolástica acenderam pequenas luzes na escuridão. E bastou isso
para reacender as luzes. As abadias tornaram-se os centros de comunidade, fé e
erudição.
Dos mosteiros vieram gigantes espirituais como São
Gregório Magno, São Bonifácio, Agostinho de Cantuária e Santa Hildegarda, que
espalharam a luz de Bento aos reinos pagãos da Europa e a alastraram como fogo.
A mesma coisa pode acontecer em nossos países hoje.
Quando o cardeal de Nova York, Timothy Dolan, visitou o Kansas, ele disse : ‘O sonho e o desafio dos beneditinos de renovar a cultura
através do ensino superior católico é tão revolucionário hoje quanto era no
século VI’.
As mesmas três ferramentas – comunidade, fé e
erudição – podem transformar a cultura de hoje. Então não tenha medo do mundo.
Pense nisso como um gigante desafio que precisa desesperadamente de nós.’
Fonte
:
* Artigo na íntegra https://pt.aleteia.org/2019/04/09/olhe-para-o-mundo-hoje-e-amanha-nao-ha-razao-para-ter-medo/
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