Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo
de Fabrício Veliq,
teólogo
protestante
Nas
relações interpessoais também é possível perceber o mesmo fenômeno. Não é
difícil ouvir relatos de pessoas que dizem demandar do companheiro ou
companheira mudanças rápidas e de um dia para o outro, sem levar em conta todo
um processo que, muitas vezes, determinadas pessoas necessitam para
readaptações e adequações a um novo modo de viver.
As
empresas, formadas por pessoas, seguem na mesma toada e, assim, já querem que
seus funcionários e funcionárias cheguem prontas para a função que farão.
Treinamentos, quando existem, devem ser feitos de maneira ‘rápida e eficiente’, uma vez que ‘tempo é dinheiro’ e, portanto, manter um funcionário ou funcionária
em treinamento por mais de um dia, em alguns lugares, chega a ser um desatino
para a boa gestão.
Quando se move para a esfera religiosa, é possível perceber
também esse tipo de comportamento. Muitas pessoas, quando pensam na relação com
Deus e com o sagrado, fazem-no de acordo com os parâmetros da sociedade e
urgente na qual se vive. Assim, não é difícil encontrar pessoas que desejam uma intimidade com
Deus e com a comunidade, mas sem estarem dispostas a passar tempo com ela, nos
círculos de convivência da Igreja ou nos grupos de estudos bíblicos e orações.
Diante das inúmeras coisas que precisam ser feitas nesse mundo sempre correndo,
a própria construção dos relacionamentos duradouros também são vistos sob essa
perspectiva.
Dessa
forma, deixa-se de lado um dos princípios básicos para conhecimento de qualquer
coisa ou pessoa – a dedicação do tempo. Não se criam amigos e amigas sem
dedicação, sem esforço e sem perseverança. De maneira análoga, caso se queira
ser amigo ou amiga de Deus, é necessário estar disposto a passar tempo com ele
e se interessar pelas questões as quais ele também se interessa. Como toda
amizade, a amizade com Deus também demanda um caminhar continuo em direção a
Ele.
Os
próprios Evangelhos, em suas narrativas, mostram como Jesus exorta seus
discípulos para o princípio de que aqueles e aquelas que perseverarem até o fim
serão salvos/as, o que pressupõe que o Reino de Deus não é alcançado com
pressa, mas com constância. Diversas parábolas de Jesus, ao falar a respeito do
Reino de Deus, também trazem essa perspectiva. Esse Reino, entre outras
metáforas, é comparado tanto à semente de mostarda quanto ao fermento que
leveda toda massa. Nos dois casos, é possível perceber tanto a estreita ligação
que Jesus faz com os fenômenos naturais do dia a dia das pessoas com quem ele
falava quanto a perspectiva da espera necessária para alcançar esse Reino.
Tanto
na agricultura quanto nos processos de cozinhar alimentos, a categoria da
paciência se torna imprescindível. Não há nada (aqui, considerando de maneira
natural), que se possa fazer para que uma planta cresça mais rápido, ou para
que determinado alimento chegue ao ponto desejado, a não ser esperar pelo tempo
necessário para alcançar o seu termo. Tentar apressá-los pode ser danoso para a
comida e danoso para a nova planta que deseja florescer.
Diante
de um mundo tão apressado, torna-se importante atentar para os processos que
ocorrem no mundo natural e que revelam grande lição para a humanidade : é necessária a perseverança e paciência para
se alcançar certas coisas, tais como intimidade e conhecimento.
A
perseverança é algo a ser aprendida. Aqueles e aquelas que a aprendem, mesmo em
momentos difíceis, conseguem se lembrar de que não chegam ao final de uma
corrida longa as que saem em disparada, mas sim as que mantêm a constância de
suas passadas.’
Fonte
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