Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
Crucifixo destruído
(imagem de arquivo da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre)
Cristãos atingidos pela instabilidade no Oriente Médio
O
Papa fez um apelo à comunidade internacional para que ajude a encontrar uma
solução política para o conflito sírio, e manifestou sua gratidão ‘à Jordânia e ao Líbano, que acolheram, com
espírito fraterno e não poucos sacrifícios, numerosos grupos de pessoas’ e
evidenciou que ‘entre as pessoas afetadas
pela instabilidade que, há tantos anos, envolve o Oriente Médio estão
especialmente os cristãos, que habitam aquelas terras desde o tempo dos
Apóstolos, tendo contribuído ao longo dos séculos para edificar e forjar a sua
identidade’.
Fazer todo o possível para a volta dos cristãos
Por
este motivo o Papa encorajou os que buscaram refúgio em outros lugares ‘a fazer o possível para retornar às suas
casas e, em todo o caso, a conservar e fortalecer os laços com as comunidades
de origem’. Enfim o Pontífice falou do conflito e múltiplos interesses
contrapostos que aconteceu no decorrer destes anos e da tentativa de interpor
inimizade entre muçulmanos e cristãos.
Síria entre esperanças e incógnitas
As
palavras do Papa, que chama à responsabilidade tanto os governos regionais como
toda a comunidade internacional, chegam enquanto na Síria, várias regiões
lentamente tentam voltar à normalidade depois da derrota do Estado Islâmico e o
anúncio da retirada das tropas estadunidenses feito pelo presidente Trump antes
do Natal. Porém, o futuro ainda é incerto e cheio de incógnitas, a guerra
continua em algumas províncias controladas pelos rebeldes e em muitas cidades
ainda não começou a reconstrução.
Mais de 5 milhões de refugiados na região
O
conflito que começou em 2011 levou ao deslocamento de cerca da metade dos 23
milhões de sírios : 5,6 milhões de refugiados, hoje moram em outros países,
muitos desses nos países vizinhos (Turquia, Líbano, Jordânia, Egito e Iraque).
Pode-se dizer que há sinais de esperança, segundo o exército russo cerca de 114
mil refugiados sírios foram repatriados em 2018, e segundo a ONU estima-se que
em 2019 poderão voltar às suas casas 250 mil sírios, número que poderia subir
dependendo das futuras condições.
Diminui a presença cristã
Segundo
o último relatório da Fundação Pontifícia ‘Ajuda
à Igreja que Sofre’, as comunidades cristãs tiveram um grande
redimensionamento por causa das guerras e das perseguições dos últimos 20 anos.
No Iraque, antes da guerra de 2003 havia mais de um milhão de cristãos,
atualmente conta-se entre 200 e 250 mil. Em Gaza a presença cristã foi reduzida
a 100 fiéis com relação aos 4.500 dos anos 90. Os dados da Catholic
Near East Welfare Associationindicam que na Síria a população cristã entre
2010 e 2017 diminuiu pela metade, passando de 2,2 milhões a 1,1 milhão.
O esforço do Líbano
Um
dos países que mais receberam refugiados foi o Líbano, onde se encontra a maior
comunidade cristã do Oriente Médio. Padre Gregório Sasseen, pároco
de Miehwmieh, no Líbano explica aos Vatican News que seu país
pagou um preço muito alto por ter acolhido 2 milhões de refugiados e que a
comunidade internacional deve ajudar estas pessoas a voltarem para suas terras.
Padre Gregório : as religiões devem ensinar a convivência
Padre
Gregório ficou muito entusiasmado com o discurso do Papa particularmente quando
o Pontífice pede para ‘dar voz aos que
não tem voz’. A nossa voz como cristãos do Oriente Médio é a que diz não
apenas ‘ajudem-nos’ materialmente,
mas como homens que querem viver nas suas terras ‘com dignidade’. Padre Gregório faz um apelo aos expoentes de outras
religiões para viverem em paz compartilhando o amor, mas também os recursos
econômicos. Por isso pede que os ensinamentos religiosos dados aos fiéis das
várias religiões ensinem a valorizar a convivência em nome da fraternidade. ‘Se isso não muda as minorias continuarão...
a partir daqui’.’
Fonte
:
* Artigo na íntegra https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2019-01/papa-francisco-oriente-medio-cristaos.html
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