Tratamentos paliativos como direito
Os
tratamentos paliativos ‘representam um
direito humano’, reagem à ‘cultura do
descarte’ que promove a normalidade da eutanásia e o desinteresse pelos
outros. São palavras de Dom Vincenzo que recordou cronologicamente todos os
passos históricos para a aplicação dos tratamentos paliativos a partir da
metade do século passado. O prefeito do dicastério reiterou também a
importância de ser um tema ‘dentro e fora
da medicina’, principalmente nos dias de hoje nos quais ‘é evidente a marginalização, a
discriminação, a eliminação dos seres humanos mais frágeis como os que sofrem
de uma doença grave, incurável ou incapacitante’. Portanto devemos reagir à
‘cultura do descarte’ promovendo uma ‘cultura de tratamentos paliativos’. Para
realizar isso – disse Dom Paglia – ‘considero
urgente intensificar a reflexão para enfrentar de maneira completa as grandes
questões antropológicas e os enormes desafios éticos que temos diante das
questões que se referem ao fim da vida. Por esta razão, os trabalhos destes
dois dias serão direcionados na exploração da contribuição dada pelos
tratamentos paliativos em relação às necessidades da pessoa que nascem das
dinâmicas do espírito humano’.
A contribuição única das religiões
Ao
falar sobre o tema da contribuição das religiões ‘em dar impulso concreto a esta forma de acompanhamento da pessoa doente
ou doente terminal’, Dom Vincenzo evidenciou ‘a capacidade das próprias religiões de chegar às periferias da
humanidade’, mas também a própria essência das religiões definidas como uma
das ‘forças verdadeiras dos tratamentos
paliativos’. ‘O reconhecimento da
constitutiva abertura à transcendência da pessoa’, explicou, ‘consente de afirmar que a vida humana, mesmo
quando é frágil e aparentemente derrotada pela doença, há uma preciosidade
inviolável’. ‘Os tratamentos
paliativos – disse ainda Dom Vincenzo – encarnam
uma visão do homem do qual as grandes tradições religiosas são guardiãs e
promotoras : é essa a contribuição mais profunda e incisiva que podem receber,
em termos de motivação e de inspiração’.
Também ‘representam uma proposta
concreta que se coloca num contexto de pobreza de amor pelo ser humano e de
crise das relações sociais que de um desinteresse geral está chegando a uma
verdadeira desintegração social que envolve todas as formas comunitárias a
partir da família’.
Uma nova fraternidade
‘Reinventar uma nova fraternidade é o desafio
antropológico e social dos nossos dias e o mandato específico que o Papa
Francisco entregou à Pontifícia Academia para a Vida por ocasião do 25º
aniversário da sua instituição. Também por este lado – disse Dom Vincenzo
Paglia no seu discurso em Doha – as
religiões têm uma palavra muito especial a ser dita. A tarefa de ‘custodiar’ o
outro e a criação é bem diferente das atitudes prevaricadoras, predatórias e
destruidoras que são frequentes nos homens (não somente contra a natureza e a
terra, mas também contra o irmão, principalmente quando é visto como um
obstáculo ou sem utilidade para seus próprios objetivos). A comunidade dos
tratamentos paliativos testemunha um novo modo de conviver que coloca no centro
a pessoa e o seu bem estar ao qual não apenas o indivíduo, mas tende toda a
comunidade, na reciprocidade. Nesta comunidade o bem de cada um é perseguido
como o bem de todos. Os tratamentos paliativos representam um direito humano e
vários programas internacionais estão se organizando para colocá-los em ação.
Mas o verdadeiro direito humano é continuar a ser reconhecido e acolhidos como
membros da sociedade, como parte de uma comunidade’.’
Fonte
:
* Artigo na íntegra https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2019-01/tratamento-paliativo-paglia-doha.html
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