Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo
do Padre Geovani Saraiva,
Pároco
de Santo Afonso de Fortaleza, CE,
e
vice-presidente da Previdência Sacerdotal
‘Novembro chega e, saudosos e ao mesmo tempo
confortados pela fé, somos chamados a pensar na morte como nossa inimiga comum,
quando todos são colocados em pé de igualdade na celebração do Dia de Finados.
Mas, de acordo com o Livro Sagrado, na parábola do rico e do pobre Lázaro, no
capítulo 16 de São Lucas, o futuro ou a sorte das pessoas são antagônicos : o
rico passa por tormentos e Lázaro experimenta a plenitude e é recompensado no
seio do Pai Abraão. São incontáveis os Lázaros, a partir da utopia do Reino,
que se revelam na Escritura, manifestação nítida do mistério da graça de Deus,
na caminhada dos seguidores de Jesus de Nazaré, esplendor a iluminar o mundo e
na História.
O
rico da referida parábola representa o poder do demônio, fechado num sistema
excludente, gerador de uma enorme massa de miseráveis : mendigos, desempregados
e ladrões, que saqueiam para não morrer de fome, sem esquecer dos milhões de
refugiados e migrantes espalhados pelo mundo inteiro.
O
Lázaro nessa parábola deixa claro que Deus se associa à vida infra-humana do
povo excluído, dando a entender, aos cristãos de todos os tempos, o compromisso
com seu projeto de amor solidário, compreendido na manifestação da vontade
divina, em assumir a vida humana, pessoal e coletiva, na busca da dignidade,
num mundo novo e transfigurado.
Somos
chamados a pensar na graça de Deus, convencidos de que o mesmo Senhor, afável e
terno, nos ama e toma a iniciativa, por seu filho Jesus Cristo, através da
Igreja, sacramento de salvação. Já faz 34 anos e ainda me recordo um pouco do
estudo da teologia sobre o Tratado da Graça, na Universidade Católica (PUC-RS),
com o Pe. Olavo Moesche. Sempre muito cristalino, ele deixou na minha mente que
Deus nos ama; também no que há de mais belo e maravilhoso no mistério do amor :
o dom e a graça. E que somos filhos de Deus e que nos é permitido chamar de
Pai! É Ele quem nos torna novas criaturas, inserindo-nos em sua vida e no
mistério trinitário : Pai, Filho e Espírito Santo.
É
claro que Deus espera, da parte da criatura humana, uma resposta livre, a
partir da existência do seu ser, mas numa vida exemplar, com as marcas da fé,
esperança e caridade, num amor comprometido e gerador de comunhão, no serviço aos
irmãos. Que nossa resposta nos faça livres, ao experimentar a graça de Deus,
mistério de amor. Assim, somos convidados, no dom e na graça, à luz da
esperança cristã, a pensar na transitoriedade da vida, a partir do Dia de
Finados, que nos permite reorganizar a vida, unidos aos nossos irmãos e amigos
falecidos. Amém!’
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