‘O Departamento de Catequese, do Secretariado
Nacional da Educação Cristã (SNEC), está a promover uma reestruturação nos
cursos de formação de catequistas e espera implementar alguns módulos novos
ainda durante este ano.
Em
declarações enviadas à Agência ECCLESIA, no âmbito das Jornadas Nacionais de
Catequese que decorreram entre 26 e 28 de outubro em Fátima, Cristina Sá
Carvalho adiantou que a ideia é ‘passar
estes primeiros módulos já para os secretariados diocesanos’, a fim de
abranger ‘os cursos de iniciação que ainda vão ter lugar até ao fim do ano’.
Sobre
o que vai mudar na formação de catequistas, Cristina Sá Carvalho realça que o
que está em causa é sobretudo uma forma ‘diferente’
de encarar a missão do educador cristão, tendo como base ‘a catequese de adultos’.
‘Atualmente valorizamos muito a dimensão
espiritual, o aprofundamento da fé, naquilo que é o catequista, que não é um
professor, é uma testemunha da fé que acompanha alguém que está num estádio
diferente de crescimento, mas que ele próprio tem que crescer’, salientou
Cristina Sá Carvalho.
O
Departamento de Catequese, do SNEC, está a preparar neste momento o curso de
iniciação ‘Ser Catequista’, que
poderá ter a sua primeira edição por altura da próxima Primavera.
‘A ideia, que ainda não está completamente
definida, é a de termos uma primeira edição um pouco mais pequena para também
ainda ouvirmos mais catequistas e mais formadores, para limarmos arestas’,
indica Cristina Sá Carvalho.
As
Jornadas Nacionais de Catequese tiveram lugar no Centro Pastoral Paulo VI, em
Fátima, entre 26 e 28 de junho, com a participação de mais de 600 catequistas
de todo o país, e subordinado ao tema ‘Ser
catequista hoje : As dimensões da formação’.
Cristina
Sá Carvalho, do Departamento de Catequese, realça a ‘riqueza’ destes encontros, que permitem ‘recolher frutos’ para melhor lidar com os desafios que chegam das
várias comunidades cristãs.
‘É extremamente enriquecedor nós percebermos
que em cada paróquia aquilo que nós vamos dizendo também faz sentido’,
salientou Cristina Sá Carvalho, que relevou vários projetos que também estão em
curso, dentro do que se pretende que seja a ação dos educadores cristãos.
Desde
os próprios país, com a ‘reformulação da
escola paroquial de pais’, até ao trabalho na preparação de jovens e
adolescentes catequistas.
‘Quem melhor nos ajuda e nos desafia a pensar
globalmente e localmente ao mesmo tempo são certamente os adolescentes porque é
a idade charneira’, frisou Cristina Sá Carvalho, que destaca a mensagem que
a Igreja Católica está a dar com este Sínodo dos Bispo dedicado aos mais novos.
‘Esta ideia de que os adolescentes não
conseguem encontrar um sentido para a sua vida, que é uma coisa de que não se
fala, e na Igreja temos que falar. Não é compreensível que os jovens hoje se
suicidem em massa, em todo o lado, ou que desistam da escola, que não queiram
trabalhar, que não tenham condições para formar uma família’, apontou
Cristina Sá Carvalho.
As
Jornadas Nacionais de Catequese contaram com a participação de Dom António
Moiteiro, bispo de Aveiro e presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã
e Doutrina da Fé, que salientou a importância de uma catequese cada vez mais
como um ‘momento orgânico da fé’ e enalteceu o papel dos catequistas no país.
Dom
António Moiteiro defendeu mesmo que a instituição do ‘ministério de catequista’, por parte da Igreja Católica, a exemplo
do que já acontece com ‘o ministério de
ministro extraordinário da comunhão’, de ‘leitor’ ou de ‘acólito’.
Uma
das caraterísticas do novo modelo de catequese que a Igreja Católica em
Portugal pretende implentar é a de abandonar um modelo mais escolar para passar
a um modelo mais testemunhal, de acompanhamento por parte dos catequistas aos
catequizandos, de vivência e transmissão da fé.
O
diácono Paulo Campino, diretor do Secretariado de Catequese de Infância e
Adolescência da Diocese de Santarém, que também marcou presença nas Jornadas
Nacionais de Catequese em Fátima, realçou que ‘mais do que ensinar doutrinas em que acreditam’, os catequistas
devem ‘ajudar que estas doutrinas passem
à vida e ajudem a transformar a vida dos outros’.
‘E se nós queremos mudar o esquema da
catequese, não é só a dimensão pessoal que tem que mudar, é a própria dimensão
física’, sustentou o diácono Paulo Campino, referindo-se por exemplo ao
número de catequizandos por sala, e às próprias condições dos espaços de
catequese.
‘Nós temos que ter condições boas,
agradáveis, alegres, com luz, com cor, onde haja vida’, considerou o
diácono Paulo Campino.
Ter
um grupo mais pequeno de catequese, ou ter um com 31 crianças ou jovens, ‘não é a mesma coisa’, admitiu Maria
Luísa Boléo, do Patriarcado de Lisboa.
‘A participação e a capacidade de ir
conhecendo e acompanhando mesmo é muito diferente’, disse a catequista,
para quem o novo modelo de catequese pode ajudar a construir ‘algo indispensável’ aos educadores
cristãos, ‘que é a flexibilidade, a
adaptabilidade às situações’.
‘A criança que chega e que traz uma realidade
que é daquele momento e que tem que ser atendida. Pode até virar de pernas para
o ar a catequese toda que o catequista tinha preparado, não é que a gente faça
isso no dia a dia, mas pode ter-se a capacidade de improvisar naquela altura, e
para isso é preciso uma preparação muito grande’, completou.
Atualmente
existem cerca de 50 mil catequistas em Portugal, distribuídos pelo continente e
pelos arquipélagos dos Açores e da Madeira.’
Fonte
:
* Artigo na íntegra http://domtotal.com/noticia/1305652/2018/10/igreja-catolica-pretende-criar-novo-modelo-de-catequese-em-portugal/
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