Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
Ano B
– Domingo 20.5.2018
Atos 2,1-11
Salmo 103
Gálatas 5,16-25
João 15,26-27; 16,12-25
Reflexões
‘O Pentecostes
cristão celebra o dom do Espírito, «que é
Senhor e dá a vida». Inicialmente, a festa hebraica de Pentecostes – sete
semanas, ou seja 50 dias depois da Páscoa – era a festa da ceifa do trigo (cf.
Ex 23,16; 34,22). Mais tarde, associou-se a ela a recordação da celebração da
Lei no Sinai. De festa agrícola, o Pentecostes passou progressivamente a uma
festa histórica : um memorial das grandes alianças de Deus com o seu povo
(veja-se Noé, Abraão, Moisés e os profetas Jeremias 31,31-34 e Ezequiel
36,24-27…). É de sublinhar a nova perspectiva acerca da Lei e o modo de entender
e viver a aliança. A Lei era um dom do qual Israel se sentia orgulhoso, mas era
uma etapa transitória, insuficiente.
Era necessário
avançar num caminho de interiorização da Lei, caminho que atinge o seu cume no
dom do Espírito Santo, que nos é dado, como nova fonte normativa, como
verdadeiro e definitivo princípio de vida nova. À volta da Lei, Israel
constituiu-se como povo. Na nova família de Deus, a coesão não vem já de um
mandamento exterior, por muito importante que seja, mas vem do interior, do
coração, em força do amor que o Espírito nos concede «porque o amor de Deus foi
derramado nos nossos corações por meio do Espírito Santo» (Rm 5,5). Graças a
Ele «somos filhos de Deus» e
imploramos : «Abbá, Pai!». Somos o
povo da nova aliança, chamados a viver uma vida nova, em força do Espírito que
faz de nós família de Deus, com a dignidade de filhos e herdeiros (Rm 8,15-17).
A uma tal
dignidade deve corresponder um estilo de vida coerente. Paulo (II leitura)
descreve com palavras concretas dois estilos de vida diferentes e opostos,
consoante a escolha de cada um: as obras da carne (v. 19-21) ou os frutos do
Espírito (v. 22). Para os que são de Cristo Jesus e vivem do Espírito, o
programa é só um : «caminhamos segundo o
Espírito» (v. 25).
O Espírito faz
caminhar as pessoas e os grupos humanos e cristãos, renovando-os e
transformando-os a partir de dentro. O Espírito abre os corações, cura-os,
reconcilia-os, fá-los ultrapassar fronteiras, conduz à comunhão. É Espírito de
unidade (de fé e de amor) na pluralidade de carismas e de culturas, como se vê
no acontecimento do Pentecostes (I leitura), no qual se conjugam bem a unidade
e a pluralidade, ambos dons do mesmo Espírito. A grande efusão do Espírito
consagra os discípulos para serem missionários do Evangelho em todos os lugares
da terra. Povos diferentes entendem uma única linguagem comum a todos (v.
9-11). São Paulo atribui ao Espírito a capacidade de tornar a Igreja una e
multíplice na pluralidade de carismas, ministérios e modos de agir (cf. 1Cor
12,4-6). A Igreja tem sempre diante de si o desafio de ser católica e
missionária; de passar de Babel a Pentecostes. Cf. Bento XVI.
O Espírito Santo é
certamente o fruto mais extraordinário da Páscoa na morte e ressurreição de
Jesus : Ele sopra-o sobre os seus discípulos (Jo 20,22-23). É o Espírito do
perdão dos pecados e o Espírito da missão universal. Melhor, é o protagonista
da missão (cf. RM cap. III; EN 75s), confiada por Jesus aos apóstolos e aos
seus sucessores. O Espírito está sempre em ação: na obra missionária simples e
escondida de cada dia, como também nos momentos mais solenes, a fim de «renovar o acontecimento do Pentecostes nas
Igrejas particulares», em ordem a um empenho mais firme na nova
evangelização e na missão ad gentes.
Para essa missão o
Espírito é-nos dado como guia «para a
verdade completa» e como Consolador (Evangelho). Estreitamente ligada à ação
criativa e purificadora do Espírito, está também a Sua capacidade de sanar e
curar. Trata-se de um poder real e eficaz, à volta do qual existe uma
sensibilidade particular no mundo missionário, ainda que nem sempre seja fácil
de discernir bem. A ação sanadora atinge por vezes também o corpo, mas muito
mais frequentemente toca o espírito humano, sanando as feridas interiores e
infundindo o bálsamo da reconciliação e da paz.’
Fonte :
* Artigo na íntegra http://www.alem-mar.org/cgi-bin/quickregister/scripts/redirect.cgi?redirect=EVkyyFApZFKoqdmdBS
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